Por que os atletas desistem? Estudos apontam que isso pede atenção

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  • Da Redação

Publicado em 21 de janeiro de 2019 às 05:00

- Atualizado há um ano

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A imagem que se tem dos atletas é que são pessoas persistentes, vencedoras, que realizam sonhos e que nunca desistem de alcançar as suas metas. Na dura realidade, porém, as coisas não são bem assim. Quem de nós nunca se matriculou em uma academia de ginástica, pagou por um ano inteiro de exercícios e no terceiro mês não conseguiu mais frequentar as aulas? Ou então comprou uma esteira ergométrica para se exercitar em casa e em igual período o aparato virou cabide no canto do quarto? Esses exemplos ilustram o tema desse texto: a desistência.

Pessoas comuns têm dificuldade de aderir aos exercícios físicos quando não os incluem nas suas rotinas diárias e, nesse caso, o motivo principal alegado é a falta de tempo. As academias se apressam a oferecer horários alternativos, atividades variadas— sim, a rotina não anima ninguém— ou pacotes econômicos para quem dá a desculpa do dinheiro. Com a opção de caminhar perto de casa ou na praia, além dos grupos de corrida gratuitos que ocupam as novas áreas de lazer da cidade, o pretexto econômico não é mais levado em conta.

No caso de atletas, amadores ou profissionais, as razões para a desistência podem ser mais sérias. Estudos apontam para três questões que merecem atenção por estarem diretamente ligadas à saúde mental dos praticantes, tema em moda neste mês, durante a campanha do janeiro branco: o treinamento excessivo, a estafa e o “burnout”.

O treinamento excessivo se diferencia do treinamento regular por ser mais curto e durante o qual a carga é propositadamente aumentada a fim de atingir o limite máximo do atleta. É relativamente normal esse exagero como forma de melhorar o desempenho, que deve ocorrer após um período de repouso ou recuperação.

A dificuldade nesse processo está na dosagem da  sobrecarga, cujo limite é individual, ou seja, o que é sobrecarga para uns não é para outros. Dessa forma, se houver um aumento exorbitante de carga e o corpo não se adaptar a ela, ou se não houver descanso suficiente, o resultado será um desempenho insatisfatório que pode levar à estafa. Esta é definida como “um estado fisiológico de treinamento excessivo que se manifesta como prontidão esportiva deteriorada”. Em bom português, um atleta estafado é aquele que treina demais e não dá resultado. Devemos reconhecer que os fisioterapeutas têm ajudado bastante na prevenção da estafa, especialmente por atuarem na recuperação física. Da mesma forma, os psicólogos esportivos auxiliam muito no descanso mental e podem evitar o quadro seguinte, bem mais grave, que é o burnout.

O burnout se tornou uma preocupação no mundo dos esportes por ser capaz de abreviar muitas carreiras promissoras. Trata-se de um afastamento físico, emocional e social de uma atividade esportiva que antes era prazerosa. Ele ocorre quando há um desequilíbrio entre o que é esperado de um atleta e suas capacidades de atender a essa expectativa. 

Uma vez que a pessoa experimenta burnout, o abandono da prática esportiva costuma ser inevitável, e as queixas são de esgotamento físico e emocional, perda de energia, total desinteresse pela prática, sentimentos de baixa autoestima, fracasso e depressão. Além disso, é comum perder o interesse também pelas pessoas envolvidas na prática, em uma total falta de empatia, o que leva a um quadro difícil de lidar, geralmente vivido com sofrimento.

Sendo assim, é importante que todos estejam atentos aos primeiros sinais, que entendam melhor os sintomas e as causas do burnout , além de buscar o amparo de profissionais capacitados para indicar as mais eficazes estratégias de prevenção e de tratamento.

Verena Freire é especialista em Psicologia do Esporte e mestre em Psicologia Social e do Trabalho.

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