Prefeitura diz que já busca eventos para novo Centro de Convenções

Equipamento na área do antigo Aeroclube só deve ser entregue em 2019

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  • Da Redação

Publicado em 24 de outubro de 2017 às 02:01

- Atualizado há um ano

. Crédito: Imagem: Divulgação/PMS

Para garantir que o Centro de Convenções municipal, anunciado oficialmente nesta segunda-feira (23), seja inaugurado com uma agenda de eventos pronta, a Secretaria Municipal de Cultura e Turismo de Salvador (Secult) vai começar a divulgar o equipamento desde já, apesar da distância para a inauguração do equipamento, que só deve ser entregue em cerca de dois anos.

“O que vamos começar é comunicar com diversas agências que, a partir de 2019, a gente já vai poder atrair eventos internacionais. Saímos do terceiro destino do Brasil em 2011, com 23 eventos internacionais no ano e caímos para apenas cinco eventos internacionais em 2016. Está aí o nosso objetivo”, explicou Claudio Tinoco.

A Prefeitura vai enviar comunicação aos órgãos internacionais sobre a possibilidade de receber eventos ainda esta semana, segundo Tinoco.

O titular da Secretaria de Desenvolvimento Urbano (Sedur), Guilherme Bellintani, explicou que a expectativa é de que o local comece a operar com 25% de sua capacidade em 2019: “A gente prevê uma gradação de 25% de capacidade a cada ano. O Centro de Convenções é um equipamento que vai ser ocupado gradativamente. A gente espera que em quatro anos ele alcance sua maturidade”.

A capacidade para receber shows também animou a Associação Brasileira do Entretenimento – Bahia (Abre-BA). De acordo com o vice-presidente, Joaquim Nery, o segmento de produção na Bahia sempre demandou de espaços para shows. “Precisamos de uma estrutura digna do que produzimos ao longo de todos esses anos com relação à música da Bahia. Nós torcemos muito para que isso aconteça”.

Trade turístico aprova Mais de um ano depois de parte do Centro de Convenções da Bahia (CCB) desabar, em Armação, o trade turístico desconhecia o destino dos grandes eventos em Salvador.

“Eu acompanhei nos últimos quatro anos o drama do trade turístico e estava muito claro que tínhamos dois grandes problemas: a situação do Aeroporto, que agora está bem encaminhada, e a questão do Centro de Convenções. Precisávamos buscar o turismo de negócios e o caminho possível era a construção do Centro de Convenções”, afirmou o prefeito ACM Neto, durante a coletiva que anunciou o novo equipamento, na Boca do Rio.

Para o presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis (Abih-BA), Glicério Lemos, o momento é de alegria. “Salvador estava preparada para receber esse turismo de negócios, mas estava faltando um equipamento principal. A gente agradece à prefeitura por ter atendido uma reivindicação nossa”, disse.“A notícia trouxe enorme tranquilidade para o trade”, afirmou Paulo Gaudenzi, da Salvador Destination.Agora, o clima é de esperança. “Mudou absolutamente tudo. Ainda não caiu a ficha direito que vamos ter um Centro de Convenções de novo. Eu vim pra cá por causa dele”, contou Lígia Uchôa, dona do Salvador Mar Hotel, próximo ao CCB, em crise desde que o equipamento fechou.

Segundo a Federação Baiana de Hospedagem e Alimentação (FeBHA), turismo e serviços afins representam 20% do PIB de Salvador. O Conselho Baiano de Turismo (CBTur) aponta que congressos, convenções e eventos são 70% do mercado de turismo da cidade.

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Como será O Centro de Convenções municipal será construído, a partir de abril do ano que vem, na área do antigo Aeroclube, de mais de 100 mil², e capacidade para receber 14 mil pessoas em congressos ao mesmo tempo. O local é bem próximo do Centro de Convenções da Bahia (CCB), fechado desde 2015.

O novo projeto foi apresentado pelo prefeito ACM Neto e pelo secretário municipal de Desenvolvimento Urbano, Guilherme Bellintani. Além de ter capacidade para receber eventos como congressos e feiras de exposições, o local também poderá receber shows. Lá, haverá dois espaços para shows, em que a capacidade sobe para 20 mil pessoas em cada espaço - um na parte interna e outro na área externa.

A previsão é que a licitação para a obra e operação do equipamento aconteça ainda este ano, no mês de dezembro. Já o início das obras deve ocorrer em abril de 2018, com previsão de conclusão até janeiro de 2019, quando o novo espaço deve começar a operar.

Operador privado Segundo o secretário Guilherme Bellintani, o município vai abrir um edital de concessão para escolha do operador privado que vai gerir o novo Centro de Convenções por um período determinado. O tempo da concessão ainda não foi definido, mas a estimativa é de que seja de 20 anos.

Ainda de acordo com a Prefeitura, o investimento previsto é de R$ 93 milhões na construção. Além desse montante, a empresa que vai operar o espaço entrará com outros R$ 30 milhões para serem investidos em equipamentos. “É o que vai ajudar a equacionar os investimentos. A gente vai ter uma gestão inteiramente privada. Não há a menor hipótese de a prefeitura administrar isso”, explicou Neto.Os recursos municipais vão ser arrecadados a partir da licitação da folha de pagamento dos servidores públicos do Município. A estimativa é conseguir R$ 150 milhões com esse edital. Há cinco anos, o Bradesco ganhou a concorrência e o valor arrecadado foi de R$ 126 milhões.  Investimento previsto em novo equipamento, na orla, é de R$ 93 milhões (Imagem: Divulgação/PMS) Estrutura  O novo equipamento vai ser o terceiro maior entre os municipais, de acordo com o secretário Bellintani, e um dos dez maiores do Brasil. Outras capitais, como São Paulo e Rio de Janeiro, também têm centros de convenções municipais e foram alguns dos consultados pela Prefeitura de Salvador.

“Fizemos várias viagens, várias consultas e pesquisamos desde o tamanho do centro de convenções no todo, quantidade de vagas, tamanho das salas, até materiais de construção. Fizemos uma pesquisa muito ampla, o que nós entendemos aqui que não só é do tamanho que Salvador precisa, mas também tem a divisão como ela precisa”, disse o secretário.

Toda a estrutura do prédio será de concreto, sem nenhuma estrutura de aço aparente, para evitar os efeitos do salitre, além de um vidro autolimpante que pode ficar sem manutenção por até um ano.

Em formato de pomba, em homenagem à bandeira da cidade, o centro vai ter duas fachadas: uma de frente para o mar e a outra para a Avenida Octávio Mangabeira. Além disso, ele vai ser interligado com o Parque dos Ventos, cuja construção está em fase final.

O novo centro de convenções contará ainda com oito auditórios de 1.000m², 16 salões de 400m² e 30 salas de reuniões. Já o estacionamento será em área aberta, comportando mais de mil veículos.

Serão três pavimentos: no térreo ficam os auditórios, oito salões moduláveis de 400m² cada, uma praça de exposições de 2,5 mil m² e dois foyers independentes de 1.000 m² cada. O acesso ao Centro será através do pavimento intermediário, por meio de uma grande esplanada localizada de frente para a rua. Além de um trecho de piso compartilhado com velocidade máxima de 30 km/h. André Sá e Francisco Mota assinam o projeto arquitetônico (Imagem: Divulgação/PMS) Projeto arquitetônico Os arquitetos André Sá e Francisco Mota são os responsáveis pelo projeto arquitetônico do espaço. Ele foi concebido junto com a Secretaria de Desenvolvimento Urbano de Salvador (Sedur) e Fundação Mário Leal Ferreira (FMLF), responsável pelo Parque dos Ventos. O projeto está dentro do programa Salvador 360 e se encaixa em diversos eixos.

“Fizemos um estudo de modelos construtivos e modelos de operação de centros de convenções no mundo inteiro. Foi um trabalho feito em segredo, sem nenhuma divulgação, mas muito árduo, muito profundo de análise. Teremos um centro de convenções do tamanho que Salvador precisa, capaz de abrigar os grandes eventos que Salvador já teve”, adiantou Bellintani.

Já o secretário municipal de Cultura e Turismo, Claudio Tinoco, ponderou que, além de atrair turistas, o equipamento também será útil para a população de Salvador. “O turismo de negócios é fundamental, mas o equipamento tem outras funcionalidades, porque os próprios congressos trazem uma capacidade de intercâmbio para a população local”, afirmou.