Prefeitura entrega terceira etapa do Rio Vermelho com homenagens a Mestre Bimba e ex-combatentes

Com homenagens à Mestre Bimba e ex-combatentes do Exército Brasileiro, foi entregue pela prefeitura, nesta quinta-feira (27), a terceira e última etapa de requalificação da orla do Rio Vermelho

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  • Hilza Cordeiro

Publicado em 27 de julho de 2017 às 23:08

- Atualizado há um ano

Medalhão em homenagem à Mestre Bimba (Foto: Betto Jr./CORREIO)Se o Rio Vermelho já era conhecido por ser o point de Iemanjá e da boemia, agora ele se estende para a valorização da capoeira e da memória militar. Com homenagens à Mestre Bimba e ex-combatentes do Exército Brasileiro, foi entregue pela prefeitura, nesta quinta-feira (27), a terceira e última etapa de requalificação da orla do lugar – que vai desde o Supermercado Bompreço até o Quartel de Amaralina, um perímetro de mais de 600 metros. Com investimento de cerca de R$3,7 milhões, a obra foi realizada em quatro meses numa parceria entre a Secretaria Municipal de Infrestrutura e Obras Públicas (Seinfra) e Fundação Mário Leal Ferreira. A requalificação começou em 2015 e custou, ao todo, R$65,3 milhões.

A obra contemplou a revitalização da Praça Mestre Bimba, ícone da capoeira mundial, incluindo no local um espaço para roda de capoeira com arquibancada para até 25 pessoas e piso intertravado de 250m² ao redor. Foi recuperado também o monumento desenhado pela artista Mercedes Kruchewsky em homenagem ao mestre: um medalhão de bronze acoplado à uma estrutura de 3,69m de altura em formato de berimbau. O capoeirista Manoel dos Reis Machado ficou conhecido por ajudar a descriminalizar a prática da capoeira por meio da obra “A capoeira regional”.

Na reinauguração, diversos grupos de capoeira se reuniram para saudar a memória e os ensinamentos de Bimba. O grupo de Mestre Itapuã, 70, que começou a ser aluno dele aos 16 anos, era um deles. “Eu fui educado dentro da academia de Bimba. Meu pai tinha morrido nessa época, então a figura forte que eu tinha era ele. Bimba era um exemplo. Ele sempre exigia as coisas certas e que a gente fosse alguém”, lembra.

Contente, Dona Bena, 86, uma das viúvas do capoeirista, falou de como aprendeu a jogar capoeira escondido com o companheiro por causa da repressão. “Naquele tempo, mulher não podia jogar porque não consentiam. Uma vez ele fez uma turma, mas desmanchou porque os maiorais não deixavam. Só era para homem”, relembra ela, que defende hoje a democratização e valorização dessa expressão cultural.Parquinho na Praça dos Ex-combatentes (Foto: Betto Jr./CORREIO)Lazer

Moradora de Amaralina, a enfermeira Cecília Maria Souza, 46, já levou a filha de três anos para brincar no local assim que a praça foi liberada. “Antes jogavam muito lixo aqui ao lado, era tudo de barro, até mesmo a escada. Então, quando a gente queria levar nossa filha para brincar, tínhamos que ir para o Parque da Cidade porque aqui era muito sujo. Agora ela já não quer sair daqui, foi ela que inaugurou antes de todo mundo”, brinca ela, que mora ao lado.

Em frente ao Quartel, onde existia um lava-jato, que foi desapropriado, foi construída uma nova escada com corrimão em aço inox. Logo ao lado, também foram colocados três conjuntos de mesa e cadeira em concreto. O monumento que homenageia os ex-combatentes será entregue posteriormente pelo Exército e contará com um busto, mastro para bandeiras e um muro revestido em granito.

Já no finalzinho, chegando na portaria do Quartel, foi implantada uma Academia da Saúde, onde as pessoas podem se exercitar com vista para o mar. O estudante William Trindade, 20, costuma correr na orla e já aproveitou para estrear o equipamento. “Aqui tinha um campinho de futebol, então já era um local de prática de esportes e acho que vai continuar servindo para isso”, acredita. O entorno da praça ganhou ainda 450 metros de ciclovia, 1,6km de meio fio e 5,9 mil m² de calçadas em concreto semi-polido. Ao lado dos equipamentos, também foi instalado um parquinho infantil todo cercado em madeira rústica e com pisos coloridos.

O caminho entre a Praça Mestre Bimba e o local onde ficará o monumento aos militares possui 90 metros de guarda-corpo em aço galvanizado para proteger os pedestres do trânsito intenso da rua. Toda a praça recebeu paisagismo com cerca de 5,4 mil m² de grama esmeralda em placas, 41 novas árvores e sistema de irrigação automática. Para melhorar a drenagem, foram abertas 28 novas bocas de lobo e toda a pista da região recebeu um novo asfalto. Além disso, a fiação elétrica passou a ser subterrânea.

Próximas obras na orla

Presente na cerimônia, o prefeito ACM Neto comentou a obra. “Isso aqui era um espaço impossível para convívio e nasce agora um novo espaço para os cidadãos, homenageando todos os capoeiristas e os combatentes que deram suas vidas pelas nossas”. Na ocasião, o pregeito determinou ainda a recuperação imediata do Farol de Itapuã e anunciou que a próxima obra será na orla de Ondina, entre a Praia da Paciência e a Praça Orungan. De acordo com a FMLF, a reforma deve ser iniciada daqui a três ou quatro meses. 

Em seguida, será a vez do trecho entre Stela Maris e a Praia de Pitanga, até o Kartódromo. Neto afirmou que está aguardando uma posição definitiva do Governo do Estado para saber se este se responsabilizará pela obra da orla de Amaralina até a Pituba. "Se eles não fizerem, a prefeitura assumirá e requalificará esse trecho também".