Prefeitura lança edital para ideias criativas sobre economia circular

Salvador foi escolhida para fazer parte das 100 Cidades Resilientes do planeta

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  • Da Redação

Publicado em 26 de março de 2019 às 05:30

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Arisson Marinho/ CORREIO

É sabido que na hora do aperto, o baiano é um povo criativo. E que essa invencionice é percebida também nos momentos de alegria, como na realização de um dos maiores carnavais de rua do mundo. E é justamente dessa criatividade, que a Prefeitura e a iniciativa privada estão atrás, com o lançamento, ontem, do edital Desafio de Impacto Salvador Resiliente – Economia Circular.

O nome é pomposo e pode parecer difícil de entender, mas os conceitos sãos fáceis de assimilar. Na prática, a Secretaria da Cidade Sustentável e Inovação (Secis), junto com a Fundação Avina, o Laboratório de Inovação do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID Lab) e o Programa 100 Cidades Resilientes (100RC), estão em busca de novos projetos para melhorar o desenvolvimento da capital baiana. 

A oportunidade é para quem já tem um projeto que pode ser empregado nos setores da cadeia alimentar, resíduos e tratamento de água e esgoto. O edital será lançado hoje e os interessados terão até o dia 25 de abril para se inscrever no site salvadorresiliente.salvador.ba.gov.br, de forma gratuita. Uma banca avaliadora, composta por representantes do município, universidades, empresas privadas e sociedade civil vão selecionar os três projetos vencedores. 

Um exemplo citado pelos organizadores foi o de uma empresa no Rio de Janeiro que criou isopores feitos com fibras de mandioca. A ideia é que depois de gasto, ao invés de descartar o objeto no meio ambiente, ele seja usado na plantação. Para a diretora de Resiliência da Secis, Adriana Campelo, as inciativas partem, sobretudo, das startups – empresas de pequeno porte e base tecnológica que têm dominado o mercado local. 

“Acreditamos muito no poder das pequenas empresas e das startups. Esse é um ecossistema que está crescendo muito na cidade a exemplo do que temos no Hub Salvador. A Fundação Avina topou fazer dois editais para apoiar startups e incubar produtos ou metodologias. É do que trata esse edital. O próximo será lançado no segundo semestre”, contou. 

Adriana destacou os conceitos do programa. Primeiro o de cidade resiliente, que consiste naqueles municípios que conseguem identificar as próprias debilidades, pensar e desenvolver soluções para resolver esses problemas. Ela explicou que essas alternativas estão atreladas ao mercado e ao conceito de economia circular. Daí a importância da participação da iniciativa privada no programa. 

“Uma produção linear de extração, transformação e descarte não é mais possível no mundo de hoje, por isso, vem a economia circular. A gente precisa ter o mínimo de descarte possível, mas precisa pensar no negócio antes, sobre como utilizar melhor os insumos. Usar a energia solar e reusarmos a água da chuva são alguns exemplos, por isso que se chama circular. A ideia é que tudo se transforme e possa virar insumo para outra indústria”, afirmou.  Adriana Campelo acredita que esse é um bom momento para as startups (Foto: Arisson Marinho/ CORREIO) Trabalho  Os vencedores vão começar a trabalhar a partir de junho e a ação vai durar cerca de 1 ano, sendo que os primeiros meses serão de desenvolvimento do projeto, trabalho que será feito em parceria com o Parque Social. Nos meses seguintes será a vez da implementação. O recurso para as duas fases será de US$ 26 mil. 

O titular da Secis, Adré Fraga, comemorou a iniciativa: “O lançamento desse edital vai ao encontro do que já está sendo feito em Salvador, que é estimular o grande potencial criativo e inovador que o cidadão empreendedor tem para incentivar e encontrar soluções que contribuam para fortalecer a resiliência na cidade, tendo como foco a economia circular. Isso gera renda, cria empregos, gera negócios e faz com que a cidade se movimente e atenda mais às necessidades de quem vive nela”, disse. 

Salvador foi escolhida para fazer parte das 100 Cidades Resilientes em abril de 2017. Antes, Porto Alegre (RS) e Rio de Janeiro (RJ) também já haviam sido contempladas. De lá para cá, foram montadas duas frentes de trabalho. Uma, alinhando as ações das diversas secretarias do município, e a outra cooptando a inciativa privada, tarefa que coube à Fundação Avina.  Pablo Vagliente destacou a importância da iniciativa privada participar da ação (Foto: Arisson Marinho/ CORREIO) Na prática, a instituição foi responsável por fazer acordos de compromissos com as empresas para que elas apoiem e acolham as startups. O objetivo é que os projetos sejam testados nos negócios delas antes de ir para o mercado. Mais do que uma ação de caridade, essas oportunidades podem ser muito lucrativas, segundo afirma o diretor da Avina, Pablo Vagliente. Ele detacou que essa mesma parceria é desenvolvida simultaneamente na Cidade do México (México), em Buenos Aires (Argentina), e em Quito (Equador). 

“Agora estamos  somando uma aliança com o município de Salvador  para promover o lançamento, primeiro de um Plano de Salvador Resiliente e depois do edital para os empreendedores que queiram promover inovações em resiliência, centrado na economia circular de Salvador e com temas específicos que são resídiuos, tratamento de água e esgoto e cadeia alimentar”, afirmou. 

O investimento total é de US$ 1 milhão  para as quatro cidades latinas. Em Salvador,  o percentual investido ficou em torno dos US$  250 mil. Cada projeto vai receber ainda cerca de US$ 26 mil em trabalho, aperfeiçoamento e tecnologias. 

O lançamento do edital faz parte ainda da programação da Semana de Resiliência, que começou ontem e segue até a próxima quinta-feira. Para os especialistas, esse é o momento dos baianos criativos colocarem ideias em prática, ou como diz o bom baianês: ‘colocar a cara no sol’.