Presidente da Federação Francesa é contra paralisação de jogos em casos de homofobia

Técnico da seleção francesa, Didier Deschamps apoia o mandatário; ministério dos esportes local discorda

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  • Da Redação

Publicado em 12 de setembro de 2019 às 17:42

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Damien Meyer/AFP

Enquanto no Brasil o Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) passou a recomendar que árbitros paralisem as partidas se casos de homofobia e transfobia forem registrados nos estádios, a França está em direção contrária. O presidente da Federação Francesa de Futebol (FFF), Noël Le Graët, pediu aos árbitros para que não interrompam os jogos por causa de cantos ou bandeiras homofóbicas nas arquibancadas e abriu uma grande polêmica no país atual campeão do mundo."Parar as partidas não me interessa. É um erro. Pararia um jogo por causa de gritos racistas, pararia uma partida por causa de uma briga ou por causa de incidentes se houver perigo nas arquibancadas, mas não é o mesmo", disse Le Graët.O dirigente defendeu ainda que funcionários do clubes devem retirar bandeiras homofóbicas das arquibancadas, mas o jogo não deve ser paralisado. Para Le Graët, racismo e homofobia "não são a mesma coisa". O dirigente alega que a homofobia é um problema nacional e, por isso, não aceita que apenas o futebol seja afetado. Le Graët recebeu o apoio do técnico da seleção francesa, Didier Deschamps, o que aumentou ainda mais a polêmica.

Ex-campeã de natação e atual ministra dos Esportes, Roxana Maracineanu qualificou de "erro" o ponto de vista do dirigente, que a rebateu prontamente.

"Ela não tem o hábito de ir aos estádios e é verdade que nas piscinas não se ouve o que se grita", retrucou o dirigente.

O debate se intensificou na França porque desde o início da temporada várias partidas foram interrompidas na primeira e na segunda divisões para deter cantos homofóbicos vindos das arquibancadas ou para remover bandeiras, uma atitude que o governo francês defende. 

Um dos casos ocorreu na vitória do Paris Saint-Germain sobre o Metz, no Stade Saint-Symphorien, em Metz, no dia 30 de agosto. Dois dias antes, os torcedores de Nice exibiram uma faixa com a inscrição "OM: apoie uma equipe LGBT para lutar contra a homofobia" durante partida contra o Olympique de Marselha.

Dirigentes do futebol e políticos do país têm trocado farpas sobre como agir contra a homofobia nos estádios. Chegou a ser agendada uma reunião da Liga de Futebol Profissional (LFP, na sigla em francês) com representantes dos torcedores e associações antidiscriminação.

Com o objetivo de reduzir a tensão, a ministra do Esporte e o presidente da Federação Francesa de Futebol publicaram uma declaração conjunta para mostrar que estão de acordo em "agir de maneira decisiva, adaptada e pragmática". O presidente da federação, no entanto, não tem autoridade para instruir os árbitros a ignorarem as novas regras.

A partir da próxima rodada do Campeonato Francês, que começa nesta sexta-feira (13) com a partida entre Lille e Angers, ficou definido que quando forem ouvidos gritos discriminatórios nas arquibancadas os delegados da Liga vão alertar o árbitro, que tomará a decisão de interromper ou não a partida.