Preso PM que matou jogador de basquete no Rio Vermelho

Ele confessou ter atirado em Edinei e alega legítima defesa

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  • Da Redação

Publicado em 9 de novembro de 2017 às 18:43

- Atualizado há um ano

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O policial militar Frederico Santos Costa, 38 anos, foi preso na tarde desta quinta-feira (9), depois de se apresentar no Departamento de Homicídios e Proteção a Pessoa (DHPP), na Pituba, acompanhado de dois advogados.

Ele tinha um mandado de prisão temporária em aberto pelo homicídio do jogador de basquete amador Ednei Moreira Bahia, 30, durante uma confusão no Largo de Santana, no Rio Vermelho, na madrugada de domingo (5).

Outras duas pessoas foram baleadas no mesmo crime, ocorrido após uma discussão envolvendo um balde de cerveja. Segundo a polícia, um segundo atirador, não identificado, ainda é procurado. Edinei deixou mulher e filho (Foto: Acervo Pessoal) Testemunhas ouvidas pela polícia dão conta que Frederico e a vítima discutiram por causa das cervejas, por volta das 3h30. Depois de sair do bar, o policial seguiu a vítima e atirou em Ednei usando uma pistola ponto 380. Socorrido ao Hospital Geral do Estado (HGE), ele não resistiu ao ferimento. 

O policial, que começou a prestar depoimento no final da tarde desta quinta, disse que agiu em legítima defesa. “Frederico diz que foi ameaçado por Ednei e seus amigos, por isso acabou atirando no jogador”, explica o delegado José Bezerra Junior, diretor do DHPP, que conduz o interrogatório. Frederico ficará preso no Complexo da Mata Escura (Foto: Almiro Lopes/CORREIO) Na manhã desta quinta, policiais foram até a casa do suspeito para cumprir um mandado de busca e apreensão a fim de tentar localizar elementos que ajudem na investigação. Pertences do policial foram apreendidos na ocasião.

Parentes do atirador disseram que não o viam desde sábado. “Os testemunhos, juntamente com uma fotografia feita instantes antes dos disparos, ajudaram a elucidar o caso. Na noite de segunda-feira já havíamos pedido à Justiça a prisão temporária dele”, conta o delegado.

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Ao CORREIO, a família de Ednei contou, um dia depois do crime, que já havia identificado Frederico através de uma selfie tirada na boate onde a confusão começou. Durante o enterro da vítima, na terça (7), no Cemitério Quinta dos Lázaros, a viúva de Ednei, Janecleide Santos, 27, condenou a atitude do policial e pediu que o crime não fique impune.

"Ele matou meu marido por causa de uma cerveja. Que tipo de monstro é esse? Quero justiça", declarou."Vinte mil caixas de cerveja eu te dava, seu desgraçado. Você não tem mãe, você não tem pai, você não tem filho não, seu idiota, seu desgraçado. Vou até o fim", continuou a viúva, revoltada.A mãe de Edinei, Vanda Moreira, 50, que chegou a desmaiar durante o sepultamento, também pediu justiça. "Quero saber cadê os deputados, porque se fosse um filho deles, o que eles fariam? Hoje foi meu filho, amanhã pode ser o deles. Eu quero que tenha justiça, é só isso que eu quero: justiça para meu filho", desabafou, ao lado da nora e do neto de 4 anos.

Nesta quinta, após ser informado sobre a prisão de Frederico, um dos amigos de infância de Edinei contou que a família dele ainda não retornou para o Rio de Janeiro, onde moravam com a vitima. A mãe e a esposa dele ainda estão sob efeito de remédio."A irmã fala dele o tempo todo. A gente fica feliz em saber da prisão dele. Como a repercussão do caso foi grande na imprensa, tivemos a esperança de que ele não ficaria impune, mas a família ainda está sofrendo bastante", disse ao CORREIO.O soldado é lotado na 15ª Companhia Independente de Polícia Militar (CIPM/Itapuã). Ele ficará detido no Complexo Penitenciário da Mata Escura. A arma dele foi apreendida e passará por perícia no Departamento de Polícia Técnica (DPT). 

'O primeiro (tiro) é o seu' No momento do crime, uma câmera instalada em um bar, no Largo de Santana, registrou o desespero e correria de frequentadores durante os disparos que acabaram com uma morte e mais dois feridos.

Ao CORREIO, o motorista Josualdo Cardoso, 26, amigo de Ednei, contou que estava com a vítima e outros três amigos, quando decidiram entrar na boate, por volta de 1h30. O grupo pediu alguns baldes de cerveja e o jogador aproveitou o momento para fazer algumas selfies - uma delas registrando seu futuro algoz. Os amigos seguiram se divertindo até notarem que um dos baldes havia desaparecido.

"Ele (o atirador) reclamou que um balde de cerveja dele havia sumido, e um dos nossos também sumiu. Na hora, Edinei falou com ele que a gente também tinha sido roubado, e reclamou que isso era um absurdo. Ele até chamou o garçom para reclamar", relatou Cardoso."Na saída da boate, depois que o show já tinha terminado, o cara veio para cima da gente com a arma em punho e disse: 'Eu quero minha cerveja. O primeiro é seu', e deu um tiro no peito de meu amigo. Foi tudo muito rápido", complementou Cardoso.O amigo da vítima contou ainda que depois de atirar em Edinei, o homem virou para outro amigo do jogador de basquete e disparou. O rapaz conseguiu correr, mas os tiros acertaram José Raimundo de Jesus, que passava no momento. O assassino fez mais alguns disparos, o que provocou a correria e empurra-empurra no largo, que estava cheio.