Presos ostentam bandeiras de facções em nova rebelião em Alcaçuz; número de mortos pode subir

No fim de semana, pelo menos 26 detentos foram mortos durante um confronto entre presos do PCC e do Sindicato do Crime

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  • Da Redação

Publicado em 16 de janeiro de 2017 às 13:30

- Atualizado há um ano

Uma nova rebelião tomou conta da Penitenciária Estadual de Alcaçuz, na Região Metropolitana de Natal (RN), na manhã desta segunda-feira (16). No fim de semana, pelo menos 26 detentos foram mortos durante um confronto entre presos. O sistema carcerário do Rio Grande do Norte é dividido entre duas facções: o Primeiro Comando da Capital (PCC) e o Sindicato do Crime. As informações foram concedidas pelo advogado Gabriel Bulhões, da Comissão de Advogados Criminalistas da OAB do Rio Grande do Norte ao jornal "Folha de S. Paulo". Detentos ostentam bandeiras de facção em telhado de pavilhão do presídio de Alcaçuz, em Natal(Foto: Andressa Anholete/AFP)Segundo o vice-diretor do presídio de Alcaçuz, Juciélio Barbosa, os detentos que se rebelaram estão no telhado da penitenciária e ostentam, inclusive, as bandeiras de suas respectivas facções. "A cadeia está virada. Tem PCC de um lado e Sindicato do Crime do outro. Estão usando tudo: paus, pedras e com bandeiras das facções", relata Barbosa. As vítimas da rebelião deste fim de semana era do Sindicato do Crime, uma dissidência do PCC que surgiu por volta de 2012. A Polícia Militar foi acionada e está no local, acompanhando a rebelião. Imagens divulgadas pela imprensa exibem homens sobre os telhados dos pavilhões empunhando paus, pedras e barras de ferro. Vestindo calções azuis, alguns homens enrolaram camisetas brancas na cabeça para esconder o rosto. Alguns portam bandeiras improvisadas com lençóis enquanto gritam palavras de ordem como “a vitória é nossa”, em aparente provocação a integrantes de facções rivais.Mais vítimasA suspeita de que mais de 26 presos podem ter sido mortos na Penitenciária Estadual de Alcaçuz motivou a Secretaria da Justiça e da Cidadania do Rio Grande do Norte (Sejuc) a pedir à Companhia de Águas e Esgotos do estado (Caern) que inspecione as fossas existentes no interior da unidade.Um caminhão e equipes da empresa chegaram à penitenciária, no bairro Potengi, na manhã de hoje (16). Segundo a assessoria da Seju, o trabalho está atrasado devido a um novo tumulto na unidade. As autoridades estaduais de segurança pública negam tratar-se de mais uma rebelião, mas admitem que, devido ao “clima tenso”, adiaram também o início da revista nas celas e a recontagem de presos.FrigoríficoOntem mesmo, o Itep já tinha sido autorizado a alugar um contêiner frigorífico para armazenar os corpos encontrados em Alcaçuz. Embora o instituto disponha de duas câmaras frias com capacidade para abrigar entre 20 e 30 corpos em cada uma delas e receba, em média, cinco corpos diariamente, a diretoria do Itep decidiu agir preventivamente para garantir que não falte espaço, caso o total de detentos mortos seja maior que as primeiras informações divulgadas. O valor do aluguel do contêiner não foi informado.

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Outra rebeliãoDetentos do Presídio Provisório Professor Raimundo Nonato Fernandes, em Natal, também fizeram uma rebelião na manhã desta segunda-feira. A rebelião começou por volta das 3h e não há informações sobre o número de mortos.

De acordo com o diretor Alexandro Coutinho, cinco agentes carcerários faziam a guarda quando o motim teve início. Os detentos ameaçavam invadir o pavilhão dois, onde ficam encarcerados os presos com bom comportamento e que ajudam nos serviços gerais. A rebelião, porém foi controlada ainda na manhã de hoje pelo Grupo de Operações Especiais.