Preto Casagrande: cria da casa, missão de gente grande

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  • Elton Serra

Publicado em 3 de setembro de 2017 às 02:32

- Atualizado há um ano

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Preto Casagrande foi efetivado como treinador do Bahia, e as primeiras reações à notícia foram bem divididas. Alguns defendiam a permanência do agora ex-auxiliar técnico no comando do time; outros o achavam inexperiente para um cargo de tamanha responsabilidade, e que o melhor a se fazer era buscar um novo nome no mercado. Está de volta a velha discussão: professor ou boleiro?

Parte da torcida do Bahia ainda vê Preto Casagrande como ex-atleta. Aquele cara que tinha técnica inegável, mas um temperamento explosivo. Por ser um bon vivant, passava a impressão de não se importar muito com aspectos técnicos e táticos do jogo. Uma imagem que não condiz com o cargo que agora exerce, e que precisa ser esquecida a partir do momento em que as responsabilidades são bem maiores.

Para ser um treinador de futebol, sobretudo nos dias atuais, é preciso entender muito mais do que campo e bola. Além das tradicionais funções, é fundamental que o profissional seja um verdadeiro administrador: lidar com um grupo de 30 pessoas, com personalidades, egos e anseios diferentes, é quase uma arte. Preto, por ter vivido o outro lado durante muitos anos, sabe muito bem disso. Porém, a vantagem de conhecer o elenco do Bahia e ter a simpatia de muitos, não lhe faz um técnico de sucesso. A partir de agora, a balança da sua carreira precisará ser equilibrada.

Muitos torcedores, também, associam a boa relação de Preto e seus comandados a uma espécie de “boleiragem”. O técnico só foi escolhido porque o grupo quis, é o que pensam. O episódio da cerveja no Fazendão, quando o meia Gustavo Ferrareis postou uma foto numa rede social, na qual jogadores participavam de um churrasco no CT do Bahia, elevou ainda mais esta teoria. O fato é que qualquer treinador que chegasse ao tricolor seria questionado. Hoje, no futebol, nenhum comandante está ileso a críticas.

Por isso, mais do que tirar a impressão de que é um treinador camarada, Preto Casagrande precisa mostrar o lado do futebol que mais importa: o técnico e o tático. O Bahia ainda possui muitos defeitos, e agora é missão de seu novo gestor corrigi-los. Não se pode atribuir esses problemas exclusivamente a Preto, pois nenhum técnico teria tempo hábil de mudar o que está errado em apenas um mês, sobretudo após uma devastadora passagem de Jorginho pelo clube. Casagrande, também, não participou da montagem de um elenco que mostra desequilíbrio técnico em diversos setores. No entanto, a partir do momento em que assume a responsabilidade de ser o treinador do tricolor, ele torna-se responsável por tudo o que acontecer daqui para frente.

O Bahia tem um time que precisa resgatar sua “memória tática” e ter um estilo de jogo compatível com grupo montado pela diretoria – e esse estilo está diretamente associado ao trabalho de Guto Ferreira, um dos líderes na construção do tricolor para 2017. Um time sólido defensivamente, que tinha na compactação de suas linhas uma virtude invejável; e rápido com a bola nos pés, aproveitando transições ofensivas inteligentes e explorando a capacidade de seus jogadores de frente, sobretudo no último passe. O Bahia havia perdido a memória nos últimos meses.

Boa sorte, Preto. Sua responsabilidade é a mesma de qualquer técnico que chegasse ao Fazendão. Porém, provar que está responsável, lhe traz uma missão que só te engrandecerá na sua profissão.

*Elton Serra é jornalista e escreve aos domingos