Primeiro clássico com torcida única causa estranheza na arquibancada

Torcedores rubro-negros sentem falta dos tricolores no Barradão em clássico que o Leão venceu por 2x1, com torcida única

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  • Vitor Villar

Publicado em 28 de abril de 2017 às 00:27

- Atualizado há um ano

A maioria das canções das torcidas de Bahia e Vitória tem refrões de provocação ao rival. Como é que elas teriam sentido, então, se no momento máximo da rivalidade não há ninguém na arquibancada ao lado para ser provocado? O Ba-Vi conheceu a novidade da torcida única na noite chuvosa desta quinta-feira (27), no Barradão. Assim que a bola rolou, a galera rubro-negra engatou uma famosa música – aquela de que já teria virado brincadeira ser vice do Leão. Fim da canção e não havia ninguém para rebater do outro lado. Nada de evocação às duas estrelas do tricolor ou à falta de títulos nacionais do rival. Nada.Espaço que seria destinado à torcida do Bahia ficou vazio no Barradão (Foto: Betto Jr./CORREIO)“Está muito sem graça. Parece até jogo do Campeonato Baiano contra algum time que não tem torcida na capital”, reclamou o rubro-negro Luís Carlos Oliveira, 24 anos. De fato, parecia que a torcida visitante não teve vontade de ir à partida. O espaço reservado para ela, demarcado de forma permanente no Barradão, continuava ali, mas sem nenhum torcedor. O tempo todo no campo de visão do jogo, aquele vazio não deixava ninguém esquecer da decisão controversa da CBF.“Para a gente, que é acostumado a Ba-Vi desde cedo, é muito estranho. A gente já viu desde a chegada que o clima foi diferente. Sempre tem aquela provocação, aquela energia de entrar no estádio. Hoje não tem nada disso”, pontuou Carlos Alberto Macedo, 36.VITÓRIA VENCE O BAHIA POR 2x1 E TERÁ VANTAGEM NA FONTE NOVAQuanto ao público, presença bem abaixo do esperado para o primeiro Ba-Vi do atual formato da Copa do Nordeste: 13.337 pagantes. Entre os torcedores, foram apontadas como razões a chuva e o jogo numa quinta-feira à noite. Mas também chamou a atenção o argumento do medo de alguma represália da torcida organizada do Bahia após a morte de um torcedor dela no primeiro clássico do ano.“Mesmo com a ideia da torcida única tem gente que fica ainda com aquele medo, porque não sabe o que vai acontecer do lado de fora, né?”, comentou o rubro-negro Ricardo Barbosa, 31 anos. “Meu irmão não quis vir, minha mulher também, não pude trazer meu sobrinho. Vim sozinho, infelizmente”, completou.Com o apito final, ficou um desejo por parte da torcida rubro-negra: que pelo menos os duelos da final do Campeonato Baiano, dias 3 e 7 de maio, sejam com as duas torcidas. “Não conheço duas torcidas de uma cidade grande que tenham uma história tão bacana de paz dentro dos estádios. Nunca teve confusão dentro de um Ba-Vi”, argumenta Luís Carlos Oliveira. “Por que separar a gente aqui dentro se o problema sempre acontece do lado de fora?”.“Faz parte da diversão ter o rival. Eu queria ir para o jogo da Fonte Nova, domingo. Torço para que mudem de ideia.”, deseja Ricardo Barbosa.

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