Primeiro dia da Flipelô homenageou 105 anos de Jorge Amado

Festa Literária Internacional do Pelourinho segue até domingo com eventos gratuitos; hoje tem a escritora Thalita Rebouças

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  • Laura Fernades

Publicado em 10 de agosto de 2017 às 21:41

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Arisson Marinho
Marilene dançou com dois desconhecidos na festa por Foto: Arisson Marinho

Como se fosse Dona Flor e seus dois maridos, a moradora de rua Marilene, 33 anos, dançava com dois desconhecidos no Largo do Pelourinho enquanto a animada Orquestra ComPassos se apresentava no primeiro dia de programação da Festa Literária Internacional do Pelourinho (Flipelô). Gratuito, o concerto homenageou o escritor baiano Jorge Amado (1912-2001) que completaria 105 anos de vida nesta quinta (10).

“Nasci no Centro Histórico, tenho problema de saúde, mas minha médica disse que estou bem. É tudo o que posso te dizer”, disse a sorridente Marilene sobre sua biografia, ao ser abordada pelo CORREIO e logo escapar para dançar e cantar Tieta. Inspirada num dos clássicos de Jorge, a música de Caetano Veloso foi uma das escolhidas pela orquestra que se dedicou a interpretar canções de coautoria de Jorge e inspiradas na sua obra.

Sentada na calçada após sair de uma aula de gastronomia no Senac, a assistente social aposentada Silvia Vieira, 61, observava o movimento e cantava Suíte do Pescador, a “jangada” de Dorival Caymmi (1914-2008), eterno amigo do escritor. “Jorge Amado, mais do que ninguém, fez o mundo saber que a Bahia existe. Ele tinha que ser homenageado!”, elogiou Silvia, que tem Capitães da Areia como sua obra favorita de Jorge.

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Outra homenagem foi feita pelo artista visual Denissena, 40, que criou 22 telas ao vivo entre ontem e anteontem, quando a Flipelô foi aberta para convidados com show de Maria Bethânia. Com técnicas como grafite e acrílica sobre tela, o artista criou cenas inspiradas em livros de Jorge, como Gabriela, Cravo e Canela e Dona Flor e Seus Dois Maridos, e em fatos de sua vida, como seu amor por Zélia Gattai (1916-2008).

“Ele é um ícone. Tentei usar o lúdico para fazer um resgate e preservar a memória, usar a plástica para despertar a leitura visual e fazer as pessoas saberem da importância dele”, destacou Denissena, que tem a  exposição Vida e Histórias de Jorge Amado disponível para visitação até domingo, das 9h às 12h e das 13h30 às 18h. Jorge também ganhou destaque no Centro Cultural Solar Ferrão, com a mostra 100×100 Carybé Ilustra Jorge Amado.

A Flipelô segue até domingo e na programação desta sexta (11) estão destaques como a mesa Com a Palavra o Escritor, às 14h, que tem participação de Antonella Rita Roscilli e Josélia Aguiar; bate-papo com a escritora carioca Thalita Rebouças, às 15h30; e lançamento do livro de crônicas do secretário de cultura Jorge Portugal, às 16h.