Procissão de São Lázaro arrasta fieis pelas ruas do bairro da Federação

Cerca de 200 fieis fizeram o trajeto que saía da paróquia em direção ao Alto das Pombas e retornava

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  • Da Redação

Publicado em 28 de janeiro de 2018 às 20:56

- Atualizado há um ano

O dia de São Lázaro, que é considerado um dos maiores milagres de Jesus Cristo, foi celebrado neste domingo (28) no Santuário de São Lázaro e São Roque, na Federação, durante todo o dia. As comemorações iniciaram com uma alvorada de fogos às 6h, seguida de quatro missas realizadas às 7h, 9h, 11h e 15h e findando com uma procissão às 16h, que saiu da igreja, dando a volta no Alto das Pombas e encerrando na paróquia.

Ao longo de todo o dia, o Largo de São Lázaro ficou repleto de fieis, que se revezavam entre a oração na igreja e o banho de pipoca dado por baianas em frente à paróquia. O sincretismo esteve presente em todos os momentos na festa. Os fieis se revezavam entre o banho de água benta e o de pipoca. No sincretismo, ele é Obaluaê, orixá da cura, da saúde e da transformação. Este ano, o tema da festa foi Como São Lázaro, sejamos Sal da Terra e Luz do mundo. A procissão arrastou fieis pela rua do bairro da Federação. Com cânticos em ritmo animado, cerca de 200 fieis fizeram o trajeto que saía da paróquia em direção ao Alto das Pombas e retornava.

A enfermeira Selma Lima, de 65 anos, oferecia pipoca para os fieis. Ela explicava, ao entregar: “você pode passar pelo corpo ou comer”. Selma conta que vai nas festas desde pequena. “Ah, minha filha, já tem uns 60 anos, viu? Eu venho todo ano duas vezes: tanto na festa de São Lázaro, como na de São Roque”, disse.

Até mesmo dona Valmira Passos, de 84 anos, que ficou com o joelho machucado após um acidente, estava animada atrás da procissão. Ela conta que desde bem pequena ela ia para a procissão com a mãe e que repete o ato há pelo menos 80 anos. “Eu tive um acidente e pedi a ele que recuperasse o meu joelho. Mesmo mancando um pouco ainda, eu vim pedir a minha cura”, disse enquanto caminhava atrás da imagem de São Lázaro, que foi carregada por uma dezena de fieis.

As pessoas se revezavam para carregar o andor, que carregava a imagem, que aparentava estar bem pesada. Questionada pela reportagem, uma das pessoas que carregavam afirmou que “a fé movia tudo”.

Missas Há 35 anos a carioca Mirian Mattos Andrade, 62 anos, repete o mesmo ritual no último final de semana do mês de janeiro: vir a Salvador para participar da festa de São Lázaro. "Sou devota há 35 anos e só tenho a agradecer pela minha saúde e pela minha família. Sempre fui atendida em tudo que pedi", conta a turista.

Pela manhã, missas são celebradas na paróquia e à tarde uma procissão foi realizada. Miriam contou que participou de todo a programação, até mesmo para a procissão, e que de quebra, ainda vai ficar para o Dia de Iemanjá. "É quando vou completar 63 anos. Todo ano faço a mesma coisa, venho para São Lázaro e fico para Iemanjá. Só não fico para o Carnaval porque o marido não vai gostar nada", diz, aos risos. 

Já o contador Otávio Castelhano, 58 anos, é devoto de São Lázaro há nove anos. Ele chegou a Salvador no começo de janeiro e já participou da Lavagem do Bonfim. "Sou umbandista e devoto de São Lázaro no sincretismo religioso. É o santo da cura, da proteção, da bênção", diz ele. 

A dona de casa Maria das Graças Santos, 57, veio de Irará, no interior da Bahia, para a celebração. Há dez anos, ela, que é diabética, teve um ferimento na perna. "Todos os médicos diziam que ia precisar amputar. Fiz uma promessa para São Lázaro e me curei", conta ela, que virou devota desde então. "Tudo que eu peço ele me dá. Por isso venho todo ano agradecer", afirma.

A baiana Janete Souza, 63 anos, participa há 30 da celebração e se autointitula a primeira baiana da festa de São Lázaro. "Tudo começou com uma promessa que fiz para que minha filha pudesse andar. Ela tinha um problema nas pernas. Ela se recuperou e me tornei devota", revela.