Produtores do Oeste baiano monitoram diariamente focos de calor

Região está entre as que registram o maior número de focos de incêndio

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  • Mario Bitencourt

Publicado em 13 de setembro de 2018 às 10:25

- Atualizado há um ano

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A realização de queimadas por parte de agricultores, mesmo que realizadas de forma consciente, com declaração ao órgão ambiental – no caso da Bahia, o Inema – não é recomendável por quem trabalha para o desenvolvimento do setor agrícola.

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“Hoje, é muito difícil um grande produtor realizar queimadas, há muitas tecnologias que as substituem. Elas são feitas mesmo por pequenos agricultores que ainda não tem recursos suficientes para investir em técnicas mais eficazes e em tecnologia”, disse o pesquisador Evaristo de Miranda, doutor em Ecologia e chefe da Embrapa Territorial.

Ele explica que a queimada é uma técnica agrícola antiga. Na pecuária, logo depois da queima, ela faz o capim ficar verde quando cresce de novo, mas produz menos. Não deixa, contudo, de ajudar na alimentação dos animais.

“Na limpeza de área, ela serve para tirar a matéria orgânica, o pequeno produtor faz isso. Há queima ainda para combater carrapato que fica no mato. O pequeno agricultor que faz uma queimada, tem hora para começar e terminar, é diferente do incêndio, que muito difícil de controlar”, completou.

Para o pesquisador, uma política agrícola poderia ajudar os produtores a não fazer as queimadas. “Falta levar ao homem do campo as tecnologias, tem de compreender a situação dos pequenos para diminuir os focos de incêndio. O ideal é não ter mais queimadas”, disse.

Atuante no Oeste da Bahia, Evaristo de Miranda destaca que os produtores da região têm trabalhado para preservar áreas de floresta, com base em dados do Cadastro Ambiental Rural (CAR), que aponta 415 mil imóveis rurais cadastrados em toda Bahia – no Oeste, são 55.026.

Os dados dos imóveis da região Oeste mostram que do total de 7,8 milhões de hectares da área agrícola estão preservados 4,1 milhões para reserva nativa para preservação.“Isso corresponde a 52% da área dos imóveis rurais. No Oeste, os produtores só exploram 48% da propriedade, o resto está preservado. A lei só exige 20% da área preservada, está mais que o dobro”, comentou.Diretora de Meio Ambiente da Associação de Agricultores e Irrigantes da Bahia (Aiba), que representa a classe dos agricultores da região Oeste da Bahia, Alexandra Chaves informou que monitora diariamente possíveis focos de calor em 790 mil hectares.

“Quando detectamos alto, informamos ao produtor rural e ele acaba agindo rápido. Isso que fazemos é um trabalho preventivo para algo que pode ser um problema maior, até porque se tiver incêndio em área de proteção tem sanções de órgãos ambientais”, observou.

Para os demais produtores rurais, não filiados à Aiba, são feitos informes sobre uso irregular do fogo e as punições previstas.