Professor e ex-diretor do Colégio Módulo Jaime Barros morre em Salvador aos 82 anos

Educador dedicou a vida ao ensino na Bahia. Professor de língua portuguesa e membro do Conselho Estadual de Educação, Jaime foi proprietário do Módulo

Publicado em 28 de junho de 2021 às 19:41

- Atualizado há um ano

. Crédito: Reprodução

O professor e ex-diretor do Colégio Módulo Jaime Barros morreu nesta segunda-feira (21) em Salvador. Nascido em 5 de julho de 1938, Jayme faria 83 anos na próxima segunda-feira. O educador morreu vítima de problemas renais. A cerimônia de cremação de Jayme será nesta terça-feira (29), às 11h30, no Cemitério Jardim da Saudade. O velório acontece a partir das 7h30. Por conta das regras sanitárias de prevenção contra o coronavírus a cerimônia de cremação será restrita a 25 pessoas.

"Jaime Barros foi meu professor e depois fomos colegas em um projeto revolucionário de educação na Escola Nobre da Bahia. Em nossos anos inicias de escolaridade, Jaime Barros, com sua voz rouca, grave e ao mesmo tempo delicada, nos tirava das brincadeiras para mergulharmos no mundo da língua e da literatura. Ele abriu as portas para pensarmos o mundo. Um figura humana ímpar. Com um grande domínio da língua e da literatura nos fez mergulhar nos clássicos e na literatura contemporânea, trazendo para nós nada ais, nada menos, do que uma enorme vontade de ler. Deixará saudades em todos os seus inúmeros alunos", disse ao CORREIO, o professor Nelson Pretto, educador, ex-diretor da Faculdade de Educação da UFBA e ex-titular do Conselho de Cultura do Estado da Bahia.

Ex-prefeito de Salvador e presidente nacional do Democratas, ACM Neto lamentou a morte do professor. “Tive o privilégio de ser aluno do professor Jaime, um dos maiores educadores da Bahia. Muito culto e com enorme capacidade para ensinar, ele contribuiu para a formação de diversas gerações de estudantes. Os alunos tinham prazer em acompanhar suas aulas porque sabiam que Jaime Barros tinha muita criatividade e inovava sempre. Que Deus dê muita força aos amigos e familiares do professor neste momento de profunda tristeza”, disse.    Jaime Costa Barros era professor de língua portuguesa. Ele era irmão de outro educador famoso na Bahia, Carlos Barros. Formado na ainda Faculdade Católica, atual Universidade da Bahia, Jaime estudou seis anos no Seminário, em seguida fez Letras. Também estudou Filosofia.    Ele começou a lecionar em 1958 em Alagoinhas, no interior do estado. Em seguida, em 1959, iniciou os trabalhos em Salvador, quando começou a lecionar em um Colégio em Periperi, no Subúrbio Ferroviário. Em seguida passou pelos colégios São José, Bom Jesus e Santa Bernadete, colégios tradicionais de Salvador no começo dos anos 60, onde ensinou língua francesa.    Ele ainda ensinou Latim, antes de se dedicar ao ensino de Língua Portuguesa e Redação. Jaime ainda passou por outros colégios tradicionais de Salvador como o Antônio Vieira, Marista e São Paulo. Ele também é membro do Conselho Estadual de Educação. Ao lado dos professores Nelson Pretto, José Carlos Souza, Madalena Santos e outros educadores baianos criou um projeto experimental na Escola Nobre da Bahia, no final da década de 70.   Jaime Barros foi proprietário e diretor do Colégio Módulo, onde levou a experiência da Escola Nobre. Também foi responsável pela implantação do Curso Pré-Vestibular da escola, que se tornou um dos principais da cidade. O Módulo divulgou nota onde lamenta a morte do professor e ex-diretor.  "Hoje recebemos a notícia da partida de um grande educador que tivemos o privilégio de conviver: Professor Jaime Barros. Seu legado e seus ensinamentos estarão para sempre marcados em todos aqueles que tiveram a honra de conhecê-lo. O Colégio Módulo está de luto. Mas manterá acesa a chama e a arte de educar tão propagada pelo nosso querido Jaime Barros. Nosso abraço carinhoso e sinceros sentimentos a toda família e amigos.

"Jaime Barros foi um extraordinário professor em sala de aula e um educador diferenciado, quando esteve à frente de iniciativas inovadoras, como a Escola Nobre e o Colégio Módulo. Eu fui seu aluno de 1971 a 1973 e devo grande parte de minha formação a ele, especialmente minha formação literária. Nos apresentou autores que nunca tínhamos ouvido falar na adolescência, como Autran Dourado, Lima Barreto, José Reggio, mesmo Fernando Pessoa, que ele trouxe muita coisa para sala de aula, Fernando Sabino. Ele costuma dizer que preferia recomendar para adolescentes era melhor ler Jorge Amado do que Machado de Assis, porque Machado é muito pessimista, realista demais, trata o ser humano com muito egoísmo, enquanto Jorte era a vida pulsante, que ele transmitia", relembrou ao CORREIO o poeta e editor José Enrique Barreiro. Também nas redes sociais, ex-alunos do professor lamentaram a morte do professor. "Uma honra e privilégio ter passado pelo colégio numa gestão que não via educação como lucro, que não via estudante como uma nota. Realmente um educador! Meus sentimentos à familia e conhecidos proximos", escreveu o internauta Pedro Gouveia.   Já Ingrid Steinhagen escreveu: "Um verdadeiro mestre amante das artes, que felicidade ter convivido com ele tantos anos!!" Em dezembro de 2017, Jaime participou do projeto  Memória em vídeo da Educação na Bahia, do professor Nelson Pretto. Clique aqui para ver o depoimento do Professor Jaime Barros gravado na Faculdade de Educação da UFBA, em 20/12/2017.