Programa Dignidade aos Ídolos mostra a grandeza do Esporte Clube Bahia

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  • Miro Palma

Publicado em 15 de agosto de 2018 às 05:00

- Atualizado há um ano

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Foi na década de 1990 que eu comecei a me apaixonar pelo futebol. Foi quando fui pela primeira vez ao estádio, na antiga Fonte Nova, quando conheci os jogadores que até hoje passeiam pelas minhas memórias. Foram as jogadas, os dribles e gols dessa época que transformaram o futebol nesse universo impressionante que até hoje é para mim.

Foi aí, também, que eu descobri o que era um ídolo. Porque eu já conhecia bons jogadores das partidas transmitidas pela TV ou dos babas que meu pai participava. Mas, ídolo, ídolo mesmo, eu conheci a partir dos anos 90. Foi com o olhar do menino de 7, 8 anos, em meio aquelas arquibancadas lotadas, com aquele barulho ensurdecedor, que eu registrei momentos que até os dias atuais consigo descrever com a mais perfeita exatidão.

Se eu fechar os olhos, consigo me ver na arquibancada especial da Fonte Nova, com meu pai do lado, assistindo à final do Campeonato Baiano de 1994. O Bahia perdia por 1x0 para o Vitória e a torcida rubro-negra tripudiava cantando “Bi, Bi, Bi, Bahia é bicha”. Foi nesse momento que aprendi uma das maiores lições de um torcedor. Depois de pedir a meu pai inúmeras vezes para ir embora, ele disparou: “O jogo só acaba quando o juiz apita”. Minutos depois, Raudinei fez o gol de empate, aos 46 minutos do segundo tempo, que garantiu o título tricolor. O menino de 8 anos conheceu o que era um ídolo.

Assim como Raudinei, fui acumulando inúmeros outros ídolos ao longo da vida, seja conhecendo suas histórias ou acompanhando-os nos gramados. E foi através das façanhas que eles alcançavam que fui alimentando a minha paixão pelo futebol. Nem se eu tentasse, conseguiria retribuir a todos tamanhas alegrias. Provavelmente, porque sequer conseguiria lembrar de todos aqueles que com a bola nos pés me fizeram vibrar.

Infelizmente, é comum que muitos deles caiam no esquecimento quando saem de campo. E aquele atleta, antes adorado, se torna somente o pedaço da memória de alguém. Mais triste ainda é saber que a realidade de muitos desses ídolos já não é a mesma dos tempos áureos da bola. A aposentadoria veio acompanhada da dificuldade financeira, problemas de saúde e tantos outros males que o tempo costuma carregar.

Que eu lembre é a primeira vez que um time brasileiro lança luz a essa questão. E eu fico ainda mais feliz por ter sido justamente o time que me apresentou o significado da idolatria por um atleta. O Bahia criou o programa Dignidade aos Ídolos para ajudar craques tricolores que atualmente vivem uma extrema dificuldade financeira, com um auxílio de até três salários mínimos. Cinco ex-atletas já foram contemplados: o ex-lateral- direito e tricampeão baiano em 1986, 1987 e 1988, Zanata; o ex-ponta-direita que ajudou o clube a conquistar cinco dos seus títulos estaduais, Jorge Campos; o meio-campista e pentacampeão estadual de 1973 a 1977, Alberto Leguelé; o ex-ponta-direita e tricampeão baiano em 1991, 1993 e 1994, Naldinho, um baixinho ousado que muito vi jogar; e o ex-lateral-direito que defendeu o time de 1988 a 1995, Maílson, que inspirou o projeto.

Perfeito seria se todos os outros times adotassem a mesma iniciativa. Porque um grande clube não é feito somente de títulos e triunfos a cada rodada. É feito de ídolos e, principalmente, de atitudes nobres como essa. Afinal, quem esquece o passado, não pode esperar muito do futuro.

*Miro Palma é subeditor do Esporte e escreve às quartas-feiras