Projeto leva música clássica a escolas públicas de Salvador

Brasil de Tuhu conta a história do maestro Villa-Lobos por meio de concerto interativo

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  • Tailane Muniz

Publicado em 21 de agosto de 2017 às 17:22

- Atualizado há um ano

. Crédito: Marina Silva/CORREIO

A música clássica pode até não estar no imaginário da maioria das crianças do Brasil, mas o primeiro passo para que os brasileirinhos compreendam os componentes da música já foi dado. Ao menos, é o que propõe o programa Brasil de Tuhu, do Rio de Janeiro, ao oferecer concertos interativos sobre a história do maestro Villa-Lobos para alunos de escolas públicas de todo país, além de oficina de musicalização para educadores.

Cinco minutos de prosa com a pequena Renata Esther Conceição, 10 anos, foram suficientes para acreditar que a missão do Brasil de Tuhu não é um objetivo tão distante assim. Estudante do 4º ano da Escola Municipal Vila Vicentina, no Largo da Lapinha - onde o projeto se apresentou nos dois turnos desta segunda-feira (21) - a menina diz que a música é "remédio para tudo". 

Além da menina, outros 294 alunos da escola também assistiram à apresentação. Pode até parecer coisa de gente grande, mas Esther explica que a relação com a música, especialmente em sua versão clássica, mudou há cerca de um ano, quando entrou para o Programa de Núcleos Estaduais de Orquestras Juvenis e Infantis da Bahia (Neojiba), que é parceiro do Brasil de Tuhu. 

"Eu sinto muita alegria que os meus colegas da escola estão assistindo ao concerto. É muito sentimento junto, porque a música é um remédio para tudo. Se a gente está triste, ouvimos uma música, se estamos felizes, também", conta ela, que toca clarinete [instrumento de sopro].

E quando o assunto é o tipo de música, Esther nem pensa muito: "Clássica. É um ritmo que acalma, que tranquiliza. O violino, por exemplo, tem um som grave, mas ainda assim é tranquilizante", garante ela, que observava atentamente a apresentação dos músicos.

O Brasil de Tuhu, composto pelo Quarteto Radamés Gnattali e a atriz baiana Verônica Bonfim, está pela segunda vez em Salvador e apresenta ao público infanto-juvenil um concerto interativo, onde as crianças aprendem sobre os componentes da música, interagem com os instrumentos e conhecem um pouco mais a história de Villa-Lobos. O nome do projeto é uma homenagem ao maestro - Tuhu era seu apelido de infância. Villa-Lobos amava locomotivas e imitava o som delas quando era menino: “Tuhuuu!”.

Conforme a produtora Lívia Simas, integrante do grupo, a ideia é que alcançar as crianças e os professores. "O importante é fazer com que a música faça parte das escolas, que os alunos tenham esse contato e seus educadores, também, para que possam passar adiante", explica ela, acrescentando que os professores participam de três dias de oficinas musicais. 

Um dos mais animados na plateia, o pequeno Arthur Pereira, 9, não parava de rir com da encenação. "Ela é muito engraçada. Parece mesmo uma tia", diz ele, em referência à atuação de Verônica Bonfm - para ele, a melhor parte do concerto. 

E quando a pergunta era sobre seu ritmo favorito, ele não fugiu da raia: "Funk. Adoro funk. Eu gostei de ouvir as músicas [clássicas], mas não ouviria em casa", confessa, aos risos. E completa: "Na verdade, eu sinto vontade de dormir, porque dá uma calma", acrescenta o garoto.

Embora não tenha tanto conhecimento da sonoridade do violino e do violoncelo, de Heitor Villa-Lobos a estudante Eduarda Santos, 10, mostrou que entende bem. "Eu já conhecia a história de Tuhu. Assim como Tuhu, Villa-Lobos gostava de imitar sons de tudo. O preferido dele era o do trem", conta, empolgada.

Para Eduarda, é importante ter conhecimento sobre outros ritmos musiciais. "Se a gente começar a ouvir desde pequenos, vamos acabar gostando um dia. E é uma música boa de ouvir, que acalma", diz ela, que nunca havia tocado em um daqueles instrumentos. "Eu achei o violino muito bonito, mas parece difícil tocar", completa, aos risos.

Quem também se encantou com o violino foi Alessandro da Hora, 12. "E tô achando tudo legal. Não estou acostumado a ouvir música clássica, pra mim é uma novidade", afirma ele, que elogiou a interatividade do concerto. "O melhor de tudo foi poder participar cantando, batendo palma. Eu gostei". 

Para a vice-diretora da unidade, Alzira Ricarda Alves, a arte é essencial para a formação das crianças e jovens. "Aqui na nossa escola, exercitamos a arte de vários modos. Temos uma feira de cultura, um sarau literário e ainda aulas de dança", afirma. De acordo com a vice-diretora, os professores deram aulas específicas sobre o projeto. "Trabalhamos com eles um material sobre o maestro [Villa-Lobos] para que aproveitassem melhor hoje".

Na capital baiana até a próxima quinta-feira (24), o projeto se apresenta na Escola Municipal Abrigo Filhos do Povo, na Liberdade; Escola Municipal Alfredo Amorim, na Ribeira e pela Escola Municipal Nossa Senhora de Nazaré, também no bairro da Liberdade.