Projetos devem prever construções aliadas da sustentabilidade, diz especialista

O conceito de casa passiva, que produz toda energia que consome, possibilita menor impacto ao meio ambiente

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  • Thais Borges

Publicado em 16 de novembro de 2014 às 14:40

- Atualizado há um ano

Você consegue imaginar como seria a sua vida se sua casa produzisse toda a energia que consome? É, toda a eletricidade viria da própria casa, bem como do material com os quais ela foi construída... Não é conversa fiada, não. Esse tipo de construção já existe e tem até um nome próprio: ‘casa passiva’ (em inglês, ‘passive house’). O conceito, que surgiu na Alemanha, na década de 1990, foi apresentado pela gerente de eficiência energética do grupo Neoenergia, Ana Christina Mascarenhas, no Fórum Agenda Bahia.

“Eles usam uma série de conceitos de edifícios com alta performance energética, além de alto conforto térmico”, explicou Ana Christina. Na Europa, é comum que essas casas tenham painéis solares na fachada. Mas, se fosse para funcionar aqui no Brasil, o ideal é que os painéis ficassem na cobertura. “Se nós usássemos na fachada, aqui, acabaríamos perdendo metade da energia gerada”, explica Ana Christina.Ana Mascarenhas citou exemplos de eficiência energética (Foto: Arisson Marinho/CORREIO)A especialista acredita que a maioria dos prédios construídos na Bahia não pensa na arquitetura sustentável. “Não planejam um sistema passivo, em que se valorize a iluminação e a ventilação natural”.

O gerente da Innovation Academy in Freiburg, Steffen Ries, defende a ideia de que um edifício que produza sua própria energia seja adaptado para a realidade de Salvador. “Vocês precisam de um conceito que ajude a resfriar o local. Uma boa ideia pode ser construir a casa de forma que se produza sombra, por exemplo. Assim, os moradores não precisariam usar tanta energia com ar-condicionado, por exemplo”, comentou.

O ar-condicionado, como lembra Ana Christina Mascarenha, é o maior vilão por consumir muita energia. “E usamos cada vez mais esse aparelho porque nossos prédios são todos fechados e envidraçados”, lembra.Educação

Em Freiburg, no sudoeste da Alemanha, todas as casas que são construídas devem seguir o conceito de ‘passive houses’, citado pela gerente da Coelba. “Na verdade, não só as casas, mas também prédios, como escolas de educação infantil, também”, garante.Casa passiva de Freiburg, na Alemanha, onde conceito foi criado (Foto: Divulgação)Uma das principais fontes de energia nos edifícios de Freiburg é a luz do sol. “A casa não precisa de outros combustíveis. Ela fica aquecida pelo sol, mas recebe o calor das pessoas que vivem nela, já que as pessoas também produzem calor”, disse Ries. Na Suécia, a tecnologia também é usada na construção de residênciais, segundo Jessica Magnusson: “Nós construímos casas para que possam produzir energia renovável que supra necessidades da própria casa”.

Eficiência energética

Consumo consciente para evitar desperdício de energia. Ana Christina Mascarenhas chamou atenção em sua palestra sobre a necessidade da eficiência energética. A previsão é que em 2035 o consumo mundial aumente cerca de 30%. “O alto consumo de energia é preocupante. No mundo, há 1,4 bilhão de pessoas sem acesso à eletricidade”, alerta.

Na Bahia, segundo Ana Christina Mascarenhas, são 200 mil habitações sem energia, número que foi reduzido com o programa Luz para Todos. “Se o Nordeste crescer como previsto, e assim esperamos, cerca de 30%, podemos ter problemas. Não precisamos de racionamento, mas consumir menos energia”, avisa.

Por isso, a Coelba tem desenvolvido programas para conscientizar e ajudar a população no consumo consciente de energia. Já substituiu 239 mil geladeiras velhas por novas desde 2005. A economia, segundo Ana Christina Mascarenhas, daria para abastecer uma cidade como Barreiras por 10 meses.

Outro programa da Coelba é o de auxiliar moradores na certificação de selo de eficiência energética, uma espécie de etiqueta para prédios residenciais, como já acontece com alguns aparelhos, como televisão.[[saiba_mais]]