Protesto anti-Bolsonaro tem veto da PM, gritos por democracia e contra racismo

Manifestantes se aglomeraram em Brasília neste domingo (7); também houve atos a favor do presidente

Publicado em 7 de junho de 2020 às 14:04

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Reprodução/TV Globo

Grupos de manifestantes contrários ao presidente Jair Bolsonaro realizam na manhã deste domingo (7) uma marcha na Esplanada dos Ministérios, em Brasília. Os principais gritos e faixas são em defesa da democracia, contra o racismo e o fascismo e pedindo o "fora Bolsonaro".

Em meio a um forte esquema de segurança na Esplanada e nos arredores, os manifestantes foram impedidos de ir à Praça dos Três Poderes, como é permitido aos atos a favor de Bolsonaro.

Também há diversos cartazes e gritos referentes ao "vida negras importam" -movimento que começou nos Estados Unidos, o black lives matter, após a morte de George Floyd por um policial branco.

Em uma performance perto do Congresso, militantes negros deitaram no chão e diziam que não conseguiam respirar, frase dita por Floyd quando estava algemado e com o joelho do policial sobre seu pescoço.

A Polícia Militar do Distrito Federal não faz mais estimativas de público.

Estavam reunidos participantes de diferentes grupos, como os autodenominados antifascistas, profissionais de saúde em defesa do Sistema Único de Saúde e torcedores de futebol -uma caravana de torcedores do Corinthians foi de São Paulo para a capital federal.

A grande maioria dos manifestantes usava máscaras, item obrigatório no Distrito Federal devido à pandemia do novo coronavírus. No entanto, havia aglomeração, prática que é desaconselhada pelos sanitaristas pelo óbvio risco de contaminação.

​As exceções eram os profissionais de saúde, que formavam filas durante a marcha, respeitando um certo distanciamento.

A chamada "marcha antifascista", começou às 9h, em frente à Biblioteca Nacional. O grupo de milhares de pessoas seguiu pelo lado esquerdo da Esplanada dos Ministérios, em direção ao Congresso Nacional e depois retornou à biblioteca. ​

O estudante Rafael Natanael dos Santos, de 19 anos, carregava um cartaz com os dizeres "sou um negro vivo, não quero virar estatística". Ele conta que veio ao ato com os amigos, após ver a convocação na internet.

"O Bolsonaro estimula essa divisão do país. Aqui do lado de cá tem máscara, tem defesa da democracia. Do lado de lá, defendem a volta da ditadura e falam que a Covid não é de verdade", disse.

Do outro lado da Esplanada, apoiadores de Bolsonaro também faziam um protesto, como vem acontecendo nos fins de semana, nos últimos dois meses.

Em menor número, os manifestantes pró-governo puderam chegar à Praça dos Três Poderes. Eles se colocaram em frente ao Palácio do Planalto e portavam faixas como "intervenção cívico-militar para restaurar o poder".

Às 11:41, 68 pessoas estavam na grade em frente ao Planalto.

O ministro do Gabinete de Segurança Institucional, Augusto Heleno, foi ao local. Em suas redes sociais, ele disse que não foi participar de protesto, mas apenas cumprimentar as forças de segurança pelo trabalho feito.

Um grande cordão formado por policiais militares isolava os bolsonaristas do protesto contra o presidente, que era em número bem maior.

Até as 11h, não houve confrontos entre os grupos ou mesmo com as forças de segurança.

Logo no início do ato, um bolsonarista e um militante fantasiado de Batman tentaram chegar ao grupo adversário, mas foram impedidos pela Polícia Militar.

A tropa de choque da Polícia Militar esteve presente -ao contrário dos atos anteriores pró-Bolsonaro– em todo o trajeto, protegendo os prédios dos ministérios.

O prédio do Ministério da Defesa, como acontece normalmente, era defendido por militares.

O grupo armado de extrema direita 300 do Brasil teve seu acampamento, ao lado do Ministério da Justiça, retirado para não ficar no caminho da marcha.

Grupos bolsonaristas mantêm acampamentos na Esplanada dos Ministérios. O chamado "QG Rural", por exemplo, foi montado em frente ao Ministério da Agricultura.

Apesar da ameaça de enfrentamento entre os dois grupos, o governo do Distrito Federal descartou pedir o emprego da Força Nacional nos atos deste domingo. O emprego da força nas ruas chegou a ser sugerido pelo presidente Jair Bolsonaro ao secretário de Segurança Pública do DF, Anderson Torres.

Na sexta-feira (5), no entanto, a gestão do governador Ibaneis Rocha (MDB) descartou solicitar o reforço.

Em nota no mesmo dia, o governo do Distrito Federal informou que as forças de segurança do Distrito Federal estariam nos locais dos eventos com "efetivo necessário" para garantir a livre manifestação e a ordem. Há cordões da PM desde o início da Esplanada.

​Embora a maior parte dos integrantes se declare não partidário, há umas poucas bandeiras de partidos, como do PT e do PCO.

Os protestos se dispersaram por volta do meio-dia, horário em que Bolsonaro cumprimentou apoiadores na porta do Palácio da Alvorada, distante 4 km da Praça dos Três Poderes. O presidente voltou depois para dentro do Alvorada.

Apoio a Bolsonaro no Rio Em Copacabana, zona sul do Rio de Janeiro, um grupo se reuniu no posto 5 da orla com bandeiras do Brasil e faixas de apoio a Bolsonaro. Eles estavam aglomerados no calçadão e na ciclovia.

Uma manifestante chegou solitária com um cartaz escrito "Artigo 142 já", em referência a um dispositivo constitucional que bolsonaristas interpretam como um gatilho para um possível golpe militar. Ela recolheu a faixa a pedido do grupo que já estava no local.

Alguns autodenominados lutadores de artes marciais se juntaram ao grupo gritando "Brasil". Afirmaram que estavam ali para proteger os manifestantes, inicialmente em sua maioria idosos, contra o possível confronto com antifascistas, como ocorreu na semana passada.

Havia também um forte aparato policial no local e em todo o bairro, com a expectativa de confrontos.

Os atos contra o presidente, porém, estão marcados para a tarde no centro. Pela manhã, já houve confronto entre policiais e antifascistas no centro.