Protesto de rodoviários atrasou atendimento do Samu em até duas horas

Congestionamento afetou até atendimento de parada cardiorrespiratória

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  • Thais Borges

Publicado em 26 de março de 2018 às 17:18

- Atualizado há um ano

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Para uma emergência médica, cada minuto é importante. Cada segundo pode ser crucial. Imagine, então, demorar oito vezes mais do que o normal para atender alguém em uma situação difícil. Pois, enquanto a cidade estava travada pelo protesto dos rodoviários, nesta segunda-feira (26), essa foi a realidade do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) em Salvador. 

Segundo a Secretaria Municipal da Saúde (SMS), o tempo máximo de atendimento é de 15 minutos. Ninguém deixou de ser socorrido, mas hoje, ps atendimentos demoraram em torno de uma hora. Teve um caso, especificamente, cujos profissionais levaram mais de duas horas para chegar. 

Era um motociclista que aguardava atendimento. Ele sofreu um acidente bem próximo à região onde os micro-ônibus foram estacionados.“A gente não conseguia ter acesso. Ele estava no meio da confusão, com possível fratura e a gente com muita dificuldade para chegar ao local”, contou o chefe de plantão do Samu, Fernando Gouveia. Embora o motociclista tivesse um quadro estável – não corria risco de morte –, precisava de atendimento especializado. Precisava ser acompanhado por um especialista. Quando o Samu finalmente conseguiu chegar ao local, o paciente foi socorrido e encaminhado à Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Brotas. 

Nem todos os atendimentos demoraram tanto, mas cada atraso pode ser decisivo. “De forma geral, tivemos uma dificuldade muito grande, inclusive um paciente que teve uma parada cardiorrespiratória na Pituba e a gente demorou bastante”, disse Gouveia. 

Em uma ocorrência como essa, o tempo de atendimento é de oito a nove minutos. No entanto, dessa vez, chegou a quase 40.“A gente trabalha basicamente com tempo de resposta, então, o tempo para a gente é sério. Quando atrasa dois, três, quatro minutos, faz diferença entre a vida e a morte. A gente vê o desespero dos pacientes no telefone. Eles não têm como sair e a gente não tem como chegar”. Até o fim da tarde, os atendimentos ainda sofriam reflexos do congestionamento da manhã. "Estamos conseguindo regularizar agora", afirmou o chefe de plantão. 

Trânsito foi liberado após sete horas Os rodoviários liberaram o fluxo de veículos na Avenida ACM às 12h55. A manifestação começou às 6h quando rodoviários do Subsistema de Transporte Especial Complementar (Stec) ocuparam quatro, das cinco faixas, no sentido Paralela.

A categoria reivindicava a integração com o sistema de metrô e ônibus. Da frota de 291, pelo menos 250 micro-ônibus estão fora de circulação, segundo informações da Cooperativa dos Permissionários do Transporte Alternativo de Salvador, que promoveu o ato.

Os rodoviários do micro-ônibus 'amarelinho', como é conhecido o subsistema Stec, seguraram faixas alertando sobre o risco de desemprego fora do sistema de integração. Os manifestantes espalharam objetos na pista e queimaram pneus.Por conta da manifestação, o trânsito ficou lento na região do Iguatemi, na chegada da BR-324, no Acesso Norte e na Avenida Paralela. A Superintendência de Trânsito e Transporte de Salvador (Transalvador) e a Polícia Militar monitoram a região.

Representantes dos sindicatos afirmaram que, apesar da desobstrução da via, eles retornarão para as garagens e só retornarão às ruas após reunião com o prefeito ACM Neto, que está agendada para esta terça-feira (27).