Público de Londres surpreende BaianaSystem com roda: 'Assustador'

Vocalista Russo Passapusso revela bastidores da turnê na Europa antes do show que o grupo fará no Othon, dia 24

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  • Laura Fernades

Publicado em 14 de agosto de 2019 às 06:00

- Atualizado há um ano

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Depois de esgotar os ingressos em Barcelona, o BaianaSystem foi recebido em Londres por um público que sabia direitinho o que fazer durante o show: abrir a roda. A cena que é uma marca forte das apresentações do grupo se repetiu sem ele precisar pedir. “Chegar em outro canto do mundo e ter isso foi assustador”, conta o vocalista Russo Passapusso, 37 anos, sem esconder o entusiasmo pela recepção durante a turnê Sulamericano Show.

Russo perde o fôlego ao contar detalhes da recente temporada na Europa, dos bastidores do show com Manu Chao, da música que será lançada com Elza Soares sexta-feira, e do show no Othon, dia 24, além das indicações ao Prêmio Multishow 2019 - melhor show e melhor grupo. “Tô tentando entender o que está acontecendo com o Baiana depois desse disco”, ri, enquanto pensa nas conquistas do grupo depois do elogiado disco O Futuro Não Demora, lançado em fevereiro.

“Quando a gente chega em um lugar desse, toca nossa música e é reconhecido pela intenção sonora - porque muitas vezes não entendem nossa língua -, a gente tem uma confiança maior no som”, agradece o cantor, sobre a turnê europeia batizada intencionalmente com o nome “Sulamericano”. Afinal, a ideia é navegar “na contramão do complexo de vira-lata”, tendo como mote o “entendimento do Brasil como país sul-americano”. Manu Chao, Seko Bass e João Meirelles durante turnê na Europa (Foto: Divulgação) Brazuca Esse é o recado que a banda quer passar para a Bahia, nessa volta para casa. Que “quando chega lá fora, as pessoas querem ver o que você tem e não o que você imita de quem tem”, reforça Russo, sobre a identidade do grupo que é um dos mais importantes da cena nacional. “Quando a gente olha pra nosso Brasil, nosso continente, a gente percebe que isso é o que fortifica e faz a gente ter identidade. As pessoas gostam disso. Autoconhecimento foi um ponto forte dessa turnê. Dá orgulho, lembra da nossa terra, dá saudade”, confessa.

Essa relação com a raiz, que marcou a turnê, aparece mais forte no último disco e também está nos shows e nas parcerias recentes. Foi isso, por exemplo, que fez o grupo ser convidado para o novo álbum de Elza Soares. Depois de gravar com a conterrânea Pitty, chegou a ligação do mesmo produtor: “Russo, vi você no estúdio e sei que o Baiana tem muito de música brasileira. Tem alguma canção aí? Porque Elza está gravando o disco novo dela”.

Assim surgiu Libertação, composição de Russo, batizada por Elza e escolhida por ela como primeiro single do álbum Planeta Fome, que será lançado no dia 13 de setembro. Com participação da Orkestra Rumpilezz e da cantora Virgínia Rodrigues, ambos baianos, Libertação é “uma faixa brazuca incrível, que quebra essa ideia que o Baiana faz somente músicas com estereótipo de música baiana”, ressalta Russo. “A música é um mundo”, garante. Junix, João Meirelles, Roberto Barreto e Ubiratan Marques (Foto: Divulgação) Aldeia global Sempre bem acompanhada, a BaianaSystem é conhecida por suas intensas parcerias. A teia musical inclui o onipresente BNegão e o cantor franco-espanhol Manu Chao, que de repente apareceu na passagem de som de Barcelona “com uma violinha, de sandália e tranquilão”. O grupo Ministereo Público e o rapper Rincon Sapiência, convidados do Baile Arapuca no dia 24, também estão na lista.

Sem falar em Ubiratan Marques, maestro da Orquestra Afrosinfônica que esteve na turnê e no disco. Tem também o já fixo João Meirelles, que está produzindo o disco de Jadsa Castro, e Junix, que produziu o álbum de Joasyara. “O Baiana está traçando uma árvore genealógica artística interessante”, afirma o vocalista do grupo, que reconhece a importância da grande indústria, mas reforça que “não fez nada pra ser hit e acontecer de um dia pra o outro”.

A banda prefere valorizar o trabalho coletivo e autoral que tem feito com o selo Máquina de Louco e é até criticada por contestar os padrões. “O Baiana é colocado como uma banda com esse sentido de agir com temas de revolução basicamente por ser um grupo que trabalha o instinto de coletividade”, acredita. E logo acrescenta que o caminho, na verdade, é uma “aldeia global”: “Esse entendimento do mundo sem fronteiras que é pra onde a gente tem que ir”.

Serviço O quê: Baile Arapuca com BaianaSystem, Rincon Sapiência e Ministereo Público Quando: Sábado (24), às 18h Onde: Área Verde do Othon (Ondina) Ingresso: R$ 120 | R$ 60. Vendas: site Eventim