Quantas ‘Brumadinho’ existem na Bahia?

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Publicado em 14 de abril de 2019 às 05:04

- Atualizado há um ano

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O rompimento das barragens de Mariana (MG), em novembro de 2015, e de Brumadinho (MG), em janeiro deste ano, inauguraram um novo medo em nossas vidas. Sobretudo as imagens amplamente divulgadas da grande onda marrom, engolindo construções, carros, animais e pessoas, nos apresentaram, de maneira dolorosa, às consequências de problemas antes distantes e tratados com termos técnicos como “erosões”, “infiltrações” e “fissuras”. Ao nos aproximar dessa realidade, aquelas imagens disseram a todos nós que cidades submersas em lixo tóxico ou água, rios contaminados para sempre, pessoas e animais mortos, tudo isso é um cenário aterrorizante, mas perfeitamente possível para milhares de pessoas neste país. 

Principalmente na Bahia. O nosso estado tem 426 barragens cadastradas. Dez delas estão com estrutura comprometida e oferecem risco de ruptura, de acordo com dados do relatório da Agência Nacional de Águas (ANA). Ao todo, são 45 barragens vulneráveis no Brasil, sendo que somos o estado com o maior número, seguido por Alagoas (6) e Minas Gerais (5). Por aqui, as estruturas - oficialmente - em risco são: Afligidos (em São Gonçalo dos Campos), Apertado (Mucugê), Araci (na cidade de mesmo nome), Cipó (Mirante), Luiz Vieira (Rio de Contas), RS1 e RS2, em Camaçari, Tabua II (Ibiassucê), Zabumbão (Paramirim) e Pinhões (Juazeiro/Curaçá). Todas elas, de acordo com o Instituto de Meio Ambiente e Recursos Hídricos do Estado da Bahia (Inema), têm algum comprometimento estrutural importante. 

Surpreendentemente, no entanto, na terça-feira passada, a barragem de rejeitos da mineração Grafite do Brasil, que fica em Maiquinique, Sudoeste da Bahia, foi interditada pela Seção de Inspeção do Trabalho da Superintendência Regional do Trabalho na Bahia (STR/BA). Segundo o órgão, a estrutura, que não estava entre as dez mais vulneráveis do estado, corre risco iminente de rompimento e inundação por lama de rejeito nas instalações da empresa e no entorno da barragem nº 1. Para os auditores fiscais que estiveram no local, essa barragem oferece maior risco à população do que a de Brumadinho. A barragem também foi classificada como categoria de risco alto pela Agência Nacional de Mineração e, por isso, não poderá mais receber rejeitos. Agora, a estrutura em Maiquinique está entre as três barragens de mineração com maior risco de rompimento no Brasil. Vale lembrar que Brumadinho e Mariana eram classificadas como “baixo risco”.

Neste tema, há muitas perguntas que precisam ser respondidas. Qual é a situação real de todas as barragens brasileiras? Onde estão as falhas? O que causou esses problemas? Temos como reparar cada equipamento em risco? Quais são, de fato, os perigos aos quais as comunidades vizinhas às barragens estão submetidas? A falta de informação dá margem a pânico e às mais diversas especulações. No Recôncavo, por exemplo, há quem questione a segurança da barragem de Pedra do Cavalo, importante estrutura que represa o Rio Paraguaçu. Um eventual rompimento inundaria, em segundos, as cidades de Cachoeira e São Félix, com prejuízos incalculáveis para toda a região. É sobre vidas que falamos. É sobre ondas gigantes cobrindo casas, destroçando famílias. É uma realidade próxima, são tragédias anunciadíssimas. Precisamos entender tudo isso, trazer luz à questão e, sobretudo, descobrir quantas “Brumadinho” existem na Bahia.