Quatro homens são presos suspeitos de matar PM na Boca do Rio

Eles estavam fazendo um arrastão antes de tentarem assaltar o policial

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  • Gil Santos

Publicado em 1 de dezembro de 2016 às 20:14

- Atualizado há um ano

Quatro homens foram presos suspeitos de envolvimento no homicídio do policial militar Jorge Januário da Silva Filho, 32 anos. As prisões aconteceram na madrugada desta quinta-feira (1º). O PM estava em um bar, na Boca do Rio, quando foi surpreendido pelos bandidos no dia 30 de setembro deste ano. Além dos quatro homens, a polícia prendeu outras quatro pessoas também suspeitas de envolvimento em assaltos na mesma região onde houve o crime.

Segundo a Polícia Civil, na noite do dia 30 de setembro o PM Januário estava em um bar na Boca do Rio quando quatro homens chegaram em um carro Voyage, preto. Desceram do veículo Igor da Silva Santos, 20 anos, Maurício Gomes dos Santos, 20, e Rafael de Jesus dos Santos. O quarto homem, Matheus Atta Magalhães da Silva, 19, era o motorista e permaneceu no carro. Igor, Matheus, Rafael e Maurício (os primeiros da esquerda) são suspeitos do crime(Foto: Polícia Civil/ Divulgação)"Eles anunciaram o assalto e mandaram todas as pessoas que estavam no bar colocarem as mãos na cabeça. Quando o policial levantou o braço eles perceberam o volume da arma na cintura dele. O PM fez a menção de pegar a arma e Rafael atirou. A bala acertou o lado direito do tórax e, em seguida, os bandidos fugiram", contou o delegado Odair Carneiro, da Força Tarefa da Secretaria de Segurança Pública que investiga crimes envolvendo policiais.

Ainda segundo o delegado, câmeras de segurança registraram toda a ação e o carro usado no assalto foi identificado através de dois detalhes: um farol queimado e uma mancha branca sobre o teto. A polícia não revelou a quem pertencia o veículo, mas informou que ele foi recuperado na Ribeira. Os suspeitos confessaram o crime em depoimento, mas preferiram esconder o rosto entre as mãos e a camisa diante da imprensa. Rafael disse apenas que lamentou ter atirado no policial. "Estou arrependido e agora tenho que pagar pelo que eu fiz", disse.Segundo a polícia, os suspeitos compravam carros para praticar assaltos na orla de Salvador e depois vendiam os veículos. Com o dinheiro compravam novos carros para praticar outros assaltos. O grupo estava agindo há cerca de dois anos e fazia arrastões em diversos bairros da cidade. As mesas do bar que o policial estava ficam espalhadas embaixo do toldo, na Rua Heitor Dias(Foto: Bruno Wendel/ CORREIO)PrisõesMatheus é apontado pela polícia como o líder do grupo. Ele e os outros três suspeitos moram nas regiões do Engenho Velho da Federação e no Vale da Muriçoca. As prisões foram realizadas pelo Batalhão de Choque da PM, instituição da qual Januário fazia parte há sete anos, desde que entrou para a Corporação. O coordenador de operações da unidade, major Ricardo Silva, comentou sobre o colega de trabalho.

"No Batalhão nós temos um centro de formação de soldados, então, acompanhamos a formação de Januário desde o início. Conhecia ele há sete anos. Ele era uma excelente profissional, muito dedicado e um bom amigo. Essa foi uma perda muito grande para a nossa Corporação. As prisões que aconteceram hoje servem para lembrar que o crime não compensa", afirmou. A polícia fez o pedido de prisão temporária de Matheus, Rafael, Igor e Maurício. Os quatro serão indiciados por latrocínio (roubo seguido de morte) e encaminhados para o sistema prisional. Antes de fugir, os assaltantes levaram a arma do policial, uma pistola 380. Ela não foi recuperada nem a arma usada para balear Januário. Os suspeitos disseram para a polícia que elas foram vendidas. No total, 12 pessoas foram conduzidas para prestar depoimento e oito foram presas.Comandante Adilson da 41ª CIPM, delegado Odair Carneiro e major Ricardo do Batalhão de Choque(Foto: Gil Santos/ CORREIO)Outros presosAlém dos envolvidos na morte do PM Januário foram presos Raimundo Nonato Conceição da Silva, 36, Rafael Souza Santos, 18, e os irmãos Mateus Roberto Costa Souza, 21, Tiago Costa Souza, 18. Eles são suspeitos de integrar a mesma quadrilha dos quatro envolvidos na morte do policial e foram presos por estarem com armas e drogas. 

Com Raimundo os policiais encontraram uma pistola 380 e com os irmãos dois revólveres calibre 38. O grupo tinha um tablete de cocaína e balas de crack. Segundo a polícia, todos os oito presos têm envolvimento com o tráfico de drogas, mas não informou se o grupo tem passagem policial. Rafael Souza foi o único que contou sobre o próprio histórico. Ele começou a se envolver com o crime quando tinha 13 anos. Foi apreendido diversas vezes quando era adolescente e deixou a cadeia há cinco dias. Ele tem um mandado de prisão em aberto desde 2015 por envolvimento com o tráfico de drogas e, agora, terá mais um pelo mesmo motivo e pelos crimes de roubo e formação de quadrilha. Ele também é investigado por homicídios na região do Garcia.Armas e drogas apreendidas com outros suspeitos de integrar a quadrilha(Foto: Gil Santos/ CORREIO)A ação da polícia foi batizada de Operação Xisto porque a maioria dos suspeitos estava na Rua Xisto, no Engenho Velho da Federação, quando foi presa. Houve também prisões nos bairros de Itapuã, Cajazeiras e Boca do Rio, onde familiares do envolvidos moravam.  Os suspeitos foram localizados depois de um trabalho conjunto da Força Tarefa da SSP com o serviço de investigação da 41ª Companhia Independente da Polícia Militar (Federação) e da Coordenação de Operações da Polícia Civil (COE/PC).