Quatro ministros se demitem após acordo para o Brexit

Premiê Theresa May apresentou acordo sobre saída da UE

Publicado em 15 de novembro de 2018 às 11:22

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: AFP

Quatro ministros britânicos pediram demissão nesta quinta-feira (15) por discordar do projeto de acordo com a União Europeia sobre o Brexit que a premiê Theresa May apresentou.

Deixaram os cargos o secretário do Brexit, Dominic Raab; a ministra do Trabalho, Esther McVey; o secretário de Estado para a Irlanda do Norte, Shailesh Vara; e a secretária de Estado britânica do Brexit, Suella Braverman.

As secretárias parlamentares privadas Anne-Marie Trevelyan e Ranil Jaywardena também pediram para deixar a administração. 

A saída abala o governo de May, que está dividido em relação a questões sobre o Brexit. Raab é o segundo secretário para o Brexit a renunciar por conta dos planos de May para a desfiliação da União Europeia. David Davis deixou o cargo em julho. 

"Não posso, em boa consciência, apoiar os termos propostos para o nosso acordo com a União Europeia", publicou Raab em seu Twitter. Ele declarou ainda que não pode "conciliar os termos do acordo proposto com as promessas que fizemos ao país".

A ministra Esther McVey também foi às redes sociais criticar May. "O acordo que você colocou ontem diante do gabinete não honra o resultado do referendo". Em 2016, 52% dos britânicos votaram para sair da UE. O secretário de Estado britânico para a Irlanda do Norte, o conservador Shailesh Vara, também tornou pública sua carta de renúncia. “Não posso apoiar o acordo de retirada concluído com a União Europeia”.

A secretária de Estado britânica do Brexit, Suella Braverman, foi a última. Ela publicou a carta de demissão no Twitter. "Chegou a um ponto, no qual sinto que essas concessões não respeitam a vontade do povo". 

Acordo May anunciou na quarta que seu gabinete aprovou um acordo sobre a saída da UE, depois de um "debate longo e apaixonado" que durou cinco horas. Nesta quinta, ela fez um pronunciamento no Parlamento buscando apoio para aprovar o texto, que tem 585 páginas. É preciso que pelo menos 320 dos 650 parlamentares aprovem o projeto.

“A escolha é clara: podemos escolher sair sem um acordo, podemos correr o risco de não ter nenhum Brexit ou podemos escolher nos unir e apoiar o melhor acordo que pode ser negociado”, disse a premiê.

O presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, confirmou que acontecerá no dia 25 de novembro a reunião extraordinária que deverá validar o compromisso de acordo sobre o Brexit.

É preciso que o Conselho da União Europeia autorize a assinatura no Acordo de Retirada para enviar depois para aprovação do Parlamento Europeu.

Os negociadores chegaram a acordo sobre a questão da fronteira entre Irlanda do Norte, que faz parte da Grã-Bretanha, e a República da Irlanda, que continua na União Europeia. Esse tema era o último obstáculo relevante para a continuação das negociações. 

O afastamento da UE foi aprovado em plebiscito em junho de 2016 e está marcado para 29 de março de 2019. May ajudou a conduzir um acordo para continuar com estreita relação comercial com a UE depois do Brexit, o que encontrou críticas fora e dentro do governo.