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Da Redação
Publicado em 23 de março de 2019 às 07:57
- Atualizado há um ano
Ninguém fica para trás. Esse é o lema da campanha mundial do Dia Internacional da Síndrome de Down (21/3). Esse tema aguça o nosso pensamento e provoca as nossas atitudes. O que nós temos feito para que pessoas marcadas por uma condição genética, que é a trissomia do cromossomo 21, não fiquem para trás e tenham as suas vidas marcadas pela exclusão?
Há 25 anos, ingressei no universo do terceiro setor, deixei a vida corrida dos escritórios do mundo corporativo, para vivenciar uma nova experiência na Apae de Salvador, a maior organização social de atendimento às pessoas com deficiência intelectual. Aqui, pude exercitar a fé na vida, nas pessoas e no mundo. Nessas duas décadas, conheci lindas histórias de crianças, jovens, adultos e familiares de pessoas com Síndrome de Down e com elas tenho aprendido a compreender sobre as diferenças e a colaborar com a construção de um mundo melhor.
Há 50 anos, a Apae de Salvador cumpre a missão de colaborar para que milhares de histórias de pessoas com Síndrome de Down não fiquem para trás e tenham acesso a oportunidades que favoreçam o seu desenvolvimento. Cada ser é único e, portanto, necessita de atenção e cuidados para que o exercício da vida plena seja conquistado. Não deixar ninguém para trás é uma tarefa de todos nós: sociedade civil, empresas, governos. Somente com uma sociedade solidária, justa e atenta conseguiremos oportunizar uma vida melhor para todos.
Atualmente, a Apae Salvador contabiliza números transformadores. Em 50 anos, mais de 4 milhões de pessoas foram atendidas. As unidades na capital baiana atendem, hoje, cerca de mil pessoas por dia, além de serem responsáveis pelo teste do pezinho em todo o estado. Mais de 400 pessoas receberam qualificação profissional e em programas de autonomia para a vida, mais de 700 inseridas no mercado de trabalho. As pessoas com Down ganharam voz, começaram a socializar e a passar por um processo forte de inclusão. O aumento da expectativa de vida veio com o conhecimento maior da síndrome e suas comorbidades, que hoje são tratadas precocemente e melhoram a qualidade de vida.
Estamos em 2019 e ainda lutamos pelo reconhecimento da dignidade das pessoas com deficiência e a sua plena inclusão. São inegáveis os avanços de políticas públicas, tecnologia assistiva, medicina, mas percebemos que as atitudes demandam um período maior para se ajustar no espaço do tempo. O meu desejo é que no futuro próximo não deixar ninguém para trás seja uma atitude cidadã arraigada no comportamento de nossa sociedade. Que olhar para o outro e compreender que ser diferente não faz de ninguém uma pessoa com menor valor, que acreditar tem o poder de transformar!
Ângela Ventura é superintendente Executiva da Apae Salvador
Opiniões e conceitos expressos nos artigos são de responsabilidade dos autores