Que Deus Sou Eu de João Falcão estreia neste sábado (11) na Casa do Comércio

Montagem é inspirada na obra filosófica Bhagavad Gita

Publicado em 6 de janeiro de 2020 às 19:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: Flora Negri / Divulgação

O diretor João Falcão escolheu Salvador para estrear nacionalmente Que Deus Sou Eu. Com texto também assinado por ele, o espetáculo, livremente inspirado no livro sagrado hindu Bhagavad Gita, conta o fabuloso encontro entre Krishna (Leandro Villa) e Arjuna (Daniel Farias) no campo de batalha. A peça entra em cartaz no Teatro Sesc Casa do Comércio, neste sábado (11), às 20h, e realiza apenas quatro apresentações, sempre aos sábados, até 01 de fevereiro.  

Que Deus Sou Eu é uma versão do espetáculo Dhrama, protagonizado por Alinne Moraes (Krishna) e Osvaldo Mil (Arjuna), há 13 anos, no Rio Janeiro. A segunda montagem do texto, traduzida em inglês, foi realizada em Nova York no circuito off Broadway pelo diretor Luca Bianchi, em 2014. A crítica do site New York Theatre Review afirmou que “a adaptação de João Falcão combina linguagem contemporânea com versos antigos para estabelecer elos humorísticos e importantes entre o passado e o presente”.  

Nessa nova versão, de acordo com Falcão, a peça foi reescrita e atualizada sob uma nova perspectiva e, por isso, o título foi alterado. Para dar vida ao príncipe guerreiro atormentado e à personificação do Criador supremo, o diretor convidou dois atores que integraram o elenco do Sonho de uma Noite de Verão na Bahia, musical de Falcão. São eles Leandro Villa, que interpreta Krishma, e Daniel Farias, que interpreta Arjuna.  

O espetáculo reflete sobre autoconhecimento, dilema moral e o medo de seguir em frente devido as incertezas impostas pela vida. Minutos antes de iniciar uma guerra, Arjuna contempla o front, vê o exército adversário formado por membros da sua família, amigos e conhecidos, e deseja não mais lutar. Diante da crise, o guerreiro é iluminado diretamente pelo seu mestre e amigo Krishna, que o questiona sobre os motivos do seu desânimo, reflete sobre as consequências da não ação e o lembra da sua missão no mundo. 

O impasse de Arjuna entre fugir ou ir à luta é o mesmo vivido pelo ser humano. De acordo com Falcão, a decisão de encenar Que Deus Sou Eu se deu pois, na percepção dele, o número de pessoas passando por esse momento de forma angustiante só faz aumentar e rapidamente. “O Bhagavad Gita tem funcionado por tanto tempo porque é capaz de devolver o ímpeto e a capacidade de acreditar que as coisas podem ser revertidas, apesar de muitas vezes parecer que tem um exército lutando contra”, afirma Falcão. Assim como a escritura mística, o espetáculo também reflete sobre como as pessoas aceitam as dádivas e as adversidades. “O livro diz que o sábio pleno é o mesmo na glória e no fracasso”, explica o diretor. 

Quase soteropolitano 

Com quase quatro décadas de carreiras, 46 peças e muitos prêmios, a cerca de um ano, João Falcão escolheu Salvador para viver. Sua relação com a cidade vem de longa data. No final da década de 1990, dirigiu a peça infanto-juvenil A Ver Estrelas, com elenco local na reinauguração do Espaço X (atual Xisto). É também dele a encenação da peça A Máquina, que projetou nacionalmente Wagner Moura, Vladimir Brichta e Lázaro Ramos. Também é dele o espetáculo Sonho de uma Noite de Verão na Bahia, exibido durante duas temporadas no Teatro Gregório de Mattos,  

Na Rede Globo, João trabalhou em A Comédia da Vida Privada, Sexo Frágil e Clandestinos. No cinema, em O Auto da Compadecida, O Coronel e o Lobisomem e A Dona da História. Já no teatro, João é ainda responsável pelos sucessos Ensina-me a Viver, Gonzagão – a Lenda e Gabriela – Um Musical.  

Serviço:  O quê: Que Deus Sou Eu, texto e direção de João Falcão.Onde: Teatro Sesc Casa do Comércio (Av. Tancredo Neves, 1109 - Caminho das Árvores).Quando: Neste sábado (11) até 01 de fevereiro (apenas quatro apresentações, sempre aos sábados), às 20h.Ingressos: R$ 50 (inteira); R$ 25 (meia). Vendas: www.ingressorapido.com.br e bilheteria do teatro.