Que saudade! Relembre 10 lugares que os soteropolitanos mais sentem falta

Tem de parque aquático a casa de shows

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  • Thais Borges

Publicado em 29 de março de 2018 às 06:27

- Atualizado há um ano

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O telefone fixo de casa toca. É a sua melhor amiga. “Vamos dar um rolé ali no Aeroclube?”, pergunta ela, numa época em que SMS era luxo e Whatsapp nem sonhava em ser inventado. Parece tentador – dá para ir ao cinema e depois, esticar no Rock in Rio ou no Café Cancun. Só que aquele dia já está cheio: já tinha combinado com sua mãe de passar o dia no Tamina Park e, à noite, toda a família vai para a formatura do primo Luizinho, no salão Iemanjá do Centro de Convenções. 

Antes de tudo, um aviso: isso não é uma viagem do tempo. No entanto, é uma passagem pelas memórias de muitos soteropolitanos. Esses lugares citados são só alguns dos que atravessaram gerações. Alguns foram rebatizados, vendidos e outros simplesmente deixaram de existir. Tem aqueles, inclusive, que não deixaram rastro nem mesmo no Google... 

Para saber quais são aqueles que mais despertam saudades, o CORREIO perguntou, no site e nas redes sociais, quais eram os preferidos dos leitores. Mais de 2,9 mil pessoas responderam a uma enquete cujos resultados podem ser conferidos na lista a seguir. 

Se você é das antigas – ou nem tanto das antigas assim, mas é daqueles que têm carinho pelo passado – provavelmente vai passar boa parte desse texto suspirando: ‘Ai, que saudade...’. E, se você é um forasteiro assim como a repórter aqui, não nos abandone ainda: quer conhecer esses points eternizados através das lembranças dos nativos? Aeroclube Plaza Show (Foto: Marcio Costa/CORREIO) 1.    Aeroclube Plaza Show

O Aeroclube foi, sem dúvidas, o mais lembrado pelos que participaram. Ou melhor – foi o mais inspirou saudades. Quase 60% dos participantes (ou 1.612 pessoas) disseram que sentem muita falta do shopping a céu aberto que ficava na Boca do Rio. Inaugurado em 1999, o Aeroclube tinha, além de lojas e cinema, kart, minigolfe, boliche e até casas noturnas.

O espaço embalou a infância, a adolescência e a juventude de muita gente, como a fotógrafa Tayse Argôlo, 26 anos. “Ia muito quando tinha entre 12 e 14 anos, principalmente, sempre no fim de semana com minhas amigas. Era como ir para o Salvador Shopping hoje e estar cheio de adolescentes. A gente ia no cinema, tomava sorvete, paquerava...”, lembra.

O fato de ser um shopping a céu aberto é uma das maiores saudades da fotógrafa. “Era comercial, mas eu não sentia assim. Via o céu, sentia o vento e a brisa do mar. Era muito bom”, diz. 

Tem gente que, como o estudante Luiz Henrique Cardoso, 18, ia ao Aeroclube para brincar. “Lembro que minha família sempre me levava quando criança para brincar. O que eu mais gostava era a piscina de bolinhas e a pista de kart”, diz. 

A estudante Lara Leal, 20, também passou boa parte da infância por lá. “Ia com meus pais praticamente todos os finais de semana. Foi no Aeroclube que conheci Sandy e Júnior, aprendi a patinar no gelo e a andar com carrinhos de brinquedo elétricos. Eu amava o yakisoba do Sukiyaki, o sorvete do Fredíssimo e a arquitetura do estúdio de tatuagem que tinha o dragão na frente”. 

Outros depoimentos:“Tivemos muitos bons momentos em família e com amigos no Aeroclube, local onde levávamos nosso filho ainda novo. Era uma opção de lazer segura e variada. Tenho boas recordações também da Okabeer, onde havia bons shows e uma cerveja diferenciada, pois era de fabricação própria, o que era uma novidade na época”. Helisson Silva Santos, 43 anos, fotógrafo"Sem dúvidas, o Aeroclube faz muita falta para toda a população soteropolitana. Era um lugar super agradável , com ótimas opções de lazer, com a brisa do mar, pessoas bonitas e ótimos locais de alimentação, sem falar na casa de shows Rock in Rio, local onde tive a oportunidade de ir a alguns shows de rock e até de outros estilos musicais. Tenho muitas lembranças felizes desse local, sobretudo de momentos inesquecíveis ao lado de meu esposo, com quem estou casada há 13 anos. O Aeroclube faz parte de nossa história! Sempre que passamos em frente, dá um apertozinho no coração...” Jaqueline Santos, 43 anos, assistente social“O Aeroclube marcou minha infância. Minha irmã mais velha, fruto do primeiro casamento do nosso pai, quase todos os finais de semana, levava minha irmã (por parte de pai e mãe) e eu para nos divertirmos. A programação era sempre assistir algum filme no cinema e, ao final, correr para o salão de jogos. Um maravilhoso sorvete na saída era sempre bem-vindo. Desse modo, podíamos estar mais perto de nossa irmã, aproveitando cada momento juntas”.  Ianaina Rechmann, 23 anos, enfermeira“Guardo boas lembranças do finado Aeroclube, principalmente do cinema de lá, que era UCI. Lembro do primeiro filme que assisti naquele espaço - Guerra nas Estrelas: A Ameaça Fantasma. Era uma época que só havia o cinema e, por ironia do destino, quando o shopping foi definhando a última coisa que ficou foi o cinema. Lembro que lá também fui sozinho pela primeira vez ao cinema - assisti O Diário de Bridget Jones. Já fase mais decrépita do shopping, assisti O Vencedor, filme que garantiu o Oscar de Melhor Ator Coadjuvante a Christian Bale, e na sala não havia mais ninguém além de mim. Lá também assisti de graça diversos curtas-metragens de um projeto da Petrobras (O Curta Petrobras). Foi lá no cinema do Aeroclube que dei o primeiro beijo na minha primeira namorada e, talvez a história mais marcante, lá soube do resultado do jogo entre Bahia x Fast, que garantiu a permanência do Bahia na série C do Brasileiro e em seguida o acesso à série B. Esse dia foi uma loucura. Lembro da gritaria das pessoas na fila das bilheterias. Berros de Bora Bahêa; Bora Bahêa Minhas Porra; e similares”.Saulo Miguez, 29 anos, estudante de Comunicação “Era um lugar muito badalado, principalmente nas noites de sexta a domingo. Lembro quando chegava a sexta, todos os caminhos levavam ao Aeroclube. O que eu mais gostava era o Kart. Perdia horas ali. Viajei no tempo agora”. Fabiana Rosa, 35 anos, assistente administrativa Tamina Park, em Salvador (Foto: Haroldo Abrantes/Arquivo Correio 2. Tamina Park 

O parque aquático que marcou a infância de muita gente, na verdade, nem ficava em Salvador. Só que o carinho de tantos soteropolitanos pelo local - que ficava às margens da BR-324, próximo à entrada da capital e nas imediações de Simões Filho - garantiu o segundo lugar na disputa, com 781 votos. Ou seja: não importa onde ele estava localizado - o Tamina foi praticamente anexado a Salvador. 

O empresário Pierre Cardoso, 31, lembra que não gostava muito de enfrentar a distância até o local, mas passou incontáveis domingos por lá. “Adorava os brinquedos do Tamina 1, Tamina 2 e do Parque Aquático. Lá, eu podia ser totalmente criança: apenas brincar e imaginar durante todo um dia”. 

As viagens escolares até o espaço eram comuns. Foi numa dessas que a agente de viagens Daniele Bittencourt, 27, quase se afogou. Hoje, ela lembra com carinho – e algumas risadas – da situação, mas, na época, o susto foi inevitável. Na ocasião, tinha saído com os colegas da 4ª série de uma escola em Marechal Rondon para passar o dia por lá.“Eu não sabia nadar e mesmo assim desci o tobogã. No final, quase me afoguei. Mas foi emocionante. Uma aventura louca que valeu a pena. Me marcou tanto que toda vez que passo por lá bate aquela saudade", relata Daniele. A administradora Lívia Lopes, 34, contou uma história curiosa – ela chegou a ir a um casamento realizado no Tamina Park. Embora tenha ido outras vezes no parque, foi essa a ocasião, quando ainda era adolescente, que considera ‘inesquecível’. 

“Estava me julgando a gata mais gata de todas as gatas. Quando fui descendo a escada, tomei uma queda que a sandália se esbagaçou. Não teve jeito de usar de novo. Entrei para a festa com tanta vergonha que sentei no colo da minha mãe e coloquei os pés embaixo da mesa e esperei a hora de ir embora. Vergonha daquele ano foi paga com sucesso”, brinca. 

3. Rock in Rio Café 

A história do Rock in Rio Café remonta à própria história do Aeroclube. A casa de shows era um dos principais points dos jovens nos anos 2000. O espaço recebeu ensaios de verão do Harmonia do Samba e shows de nomes como Cláudia Leitte, Otto e Psirico. Resultado? A briga por aqui foi acirrada - o segundo, o terceiro e o quarto lugares tiveram poucos votos de diferença. O Rock in Rio, na terceira posição, foi o eleito de 778 pessoas, somente três a menos que o Tamina Park. 

“Eram noites badaladas com atrações de peso. Enfim, boas lembranças”, diz o músico Marcos Mascarenhas, 36. Os shows também foram lembrados pela gestora em logística Renata Silva, 34, que ainda destacou os momentos que viveu com os amigos no local. 

O empresário Pierre Cardoso, 31, diz que era 'sócio de carteirinha' do Aeroclube e, por consequência, do Rock in Rio Café. "Fizeram parte do final da minha adolescência e do início da juventude. Muitos shows de rock lá". 

4. Lojas Mesbla 

Essa era uma gigante entre as lojas de departamento e não fez por menos: garantiu a quarta colocação entre os nostálgicos. As Lojas Mesbla tiveram 762 votos, entre os saudosos. Fundada em 1912, no Rio de Janeiro, por aqui, a Mesbla teve sua grandiosidade representada na unidade localizada na Avenida Sete de Setembro. Foi lá que foram construídas lembranças como as da assistente social Luciana Rodrigues, 29. “Minha família comprava muito nas Lojas Mesbla. Era uma das melhores de Salvador. Eu adorava”.  Lojas Mesbla no Largo dos Mares (Foto: Marcio Costa e Silva/Arquivo CORREIO) A atendente Mahiara Linard, 35, não esquece os momentos em que ia fazer compras com a mãe. “Tinha que olhar para ela dar sinal se estava nas condições de pagar o valor. A loja era grande e eu e minhas duas irmãs fazíamos muita bagunça. Tempo bom”. 

A memória mais forte da fisioterapeuta Juliana Martins, 41, é de logo que veio morar em Salvador, aos cinco anos de idade. Vinda de Alagoinhas, no Nordeste do estado, ela conta que, ao pisar na loja pela primeira vez, sentiu o coração disparar.“Eu lembrava dos comerciais da TV. Achava que a Mesbla representava uma fábrica de sonhos. Ainda me lembro do cheirinho da loja. Era maravilhoso passear por lá, principalmente na seção de brinquedos”, conta Juliana. Foi na Mesbla que gente como o comerciário Odemir Santana, 48, teve o primeiro emprego. Ele, que hoje mora em Fortaleza (CE), passou nove anos na empresa, na filial que ficava no Shopping Barra – de 1990 a 1999, quando a loja fechou por falência. 

“Aprendi o que é um ambiente organizacional, a importância da boa postura e apresentação no ambiente de trabalho, a importância do cliente, o valor de fazer o melhor que puder e ter a recompensa disso... Valeu a pena”, diz. Ele ainda espera, contudo, o pagamento dos direitos trabalhistas, 18 anos após o fim da empresa. Mesmo assim, diz que não perdeu as esperanças. 

5.    Paes Mendonça

Há grandes chances de você já ter ouvido seu avô ou aquela tia mais velha dizer que vai ali fazer feira no Paes Mendonça – ou, ainda, existe a possibilidade de você ser essa pessoa que diz que vai no mercado lá, referindo-se ao antigo Bompreço, atual Walmart.  Paes Mendonça em dezembro de 1989 (Foto: Francisco Galvão/Arquivo CORREIO) O repositor Cláudio Mateus, 31, lembra do tempo que sua tia trabalhava na empresa. Na época, quando ele ia até a unidade que ficava na Fazenda Grande 2, ainda criança, encontrava a tia no caixa.“Eu chegava e as colegas dela me abraçavam, pegavam no colo, brincavam. Fui crescendo e não deixava de andar lá”, afirma Cláudio. Já o militar reformado Henrique Cerqueira, 58, lembra dos momentos com o pai. Os dois sempre iam juntos fazem compras no mercado. “Ele sempre comprava um peixe vermelho para que, quando chegássemos em casa, fizéssemos aquela moqueca”.  Baianos fizeram fila na véspera do Natal de 1989 no Paes Mendonça do prédio Oceania (Foto: Francisco Galvão/Arquivo CORREIO) 6.    Centro de Convenções da Bahia

Inaugurado em 1979, o Centro de Convenções foi construído em uma área de 153 mil m² no bairro do Stiep. Lá, recebeu grandes feiras, congressos, as bienais do livro e inúmeras formaturas nos salões Iemanjá e Oxalá. Foi interditado pela definitivamente em 2015 e, chegou a fechar para reforma, mas em setembro de 2016, parte da fachada do imóvel desabou.  O Centro de Convenções foi interditado em 2015 (Foto: Arquivo CORREIO) No ano passado, cerca de três mil pessoas participaram de um ‘abraço’ simbólico no Centro de Convenções, em protesto contra o fechamento do espaço. Uma delas foi a bancária aposentada Rose Dórea, 55, que esteve no ato com o marido. Moradora do Stiep desde 1996, ela conta que o centro já fazia parte de sua vida antes. “Eu já frequentava pelas feirinhas de bijuteria, roupa, tudo. Morava na Caixa D’Água e vinha com minha mãe e minha filha. Quando vim morar aqui, era o paraíso. Ia mundo em formatura naquele salão Iemanjá e voltava andando”, diz ela, que defende a volta do Centro de Convenções para aquele mesmo lugar.Para o estudante de Farmácia Leonardo Ribeiro, 21, o Centro de Convenções era o lugar que tinha eventos que reuniam os amigos. “A gente ia sempre às feiras, à Bienal (do Livro) ou a formaturas e teatros. Lá, foi a festa de formatura de um dos meus irmãos, de amigos, de colegas... O centro fez e faz falta”. 

7.    Café Cancun 

Também no Aeroclube, ficava o local que foi o sexto mais lembrado pelos leitores do CORREIO. O Café Cancun era um restaurante temático que também virava balada. A entrada só era permitida para maiores de 21 anos – por isso, muita gente, como a biomédica Mariana Marinho, 32, escolhia o local para comemorar a idade. “Me lembro que fiquei ansiosa para fazer 21 anos. Me senti ‘a adulta’ no meu aniversário. Dancei e lá tinha uns tequileiros que faziam coreografias, em 2006”, conta Mariana. A primeira vez do designer gráfico Fábio Barreto, 37, no Café Cancun também foi marcante. Na época, foi com amigos da Universidade do Estado da Bahia (Uneb) e achou a boate “coisa de outro mundo”. 

Mas, na época, trabalhava como estagiário e o dinheiro era contado. Ao chegar, recebeu logo um cartão de consumo individual, que deveria durar até o fim de seus R$ 100. “Colei no balcão e pedi o sucesso da casa: a tequila. O garçom pega um copinho pequenininho, enche e viro de uma só vez. Pensei: ‘vixe, nem fez efeito’. Eu, muito gaiato, bebi cinco doses, uma atrás da outra”. Foi aí que a consciência bateu: quanto seria aquele copinho de bebida? Para desespero dele, cada um custava R$ 20. “Lá se foram meus R$ 100. Não sabia nem como ia voltar para casa. Morava no Cabula nessa época”, diz, aos risos. 

Tinha gente que gostava tanto de lá que decidiu até casar. O administrador de empresas Bernardo Mello, 41, costumava bater ponto ali com o irmão mais novo, Ângelo, e o amigo Sérgio. Se divertia com os tequileiros e tequileiras que animavam a noite distribuindo bebida. Até que, no dia do casório, saiu da Igreja da Vitória direto para o bar.“Entrei de fraque e tudo. Por algum motivo, o casamento não deu certo”, brinca Bernardo. 8.    Lagoa Mar

A casa de shows ficava no bairro de Patamares. Para alguns, ficou eternizada pelos ensaios da banda Harmonia do Samba – bem antes da Melhor Segunda-Feira do Mundo ser batizada assim, a coordenadora de operações Ana Paula Pereira, 40, garante que ela já existia. “Toda segunda-feira, eu estava lá. Depois, alugava um quarto no Lagoa Praia para descansar as pestanas e ir trabalhar no dia seguinte”, diz, referindo-se a um hotel que ficava em frente ao espaço de festas. O Lagoa Mar foi a primeira casa de shows de uma geração – como o funcionário público Jorge, 44, que se encantou com o lugar quando chegou do interior. Na época, ele tinha vindo para servir ao Exército. “Lembro do Gera Samba tocando lá. O palco era bem baixo e dava para ter um contato maior com os músicos. Era o lugar certo para azaração”, conta ele, que chegou a ir três vezes por mês lá.

9.    Língua de Prata Interditada em 2014 e, posteriormente, demolida em 2015, a casa de shows Língua de Prata embalou muitos casais e muitas famílias na noite de Itapuã. Ao lado do vizinho Jangada, o local virou um dos redutos da seresta e do arrocha na capital.

Até hoje, quando passa pela frente do antigo espaço, a bibliotecária Roberta Fonseca, 26, sente saudades. Saudades do tempo em que, aos domingos, saía de Pau Miúdo com a mãe, a avó e as amigas das duas para se divertir.“Minha mãe já é falecida e, toda vez que passo por lá, lembro dos nossos domingos de arrochadeiras. A vida é breve e merece ser vivida”, diz. Foi em 2006 que mais frequentaram o local – na época, um ano antes de sua mãe, Ângela, se mudar para a Inglaterra. Dois anos depois, Ângela morreu devido a um infarto fulminante aos 38 anos de idade. “Ela era a pessoa mais feliz do mundo. Eu, com 14, 15 anos, sempre ia para lá. Ia uma turma toda, ela e as amigas dela. Até hoje gosto de seresta e arrocha por causa dela e de minha avó”. 

10.    Casas Sloper 

A Sloper foi uma das primeiras lojas de departamento que aportou em Salvador, nos tempos áureos da Rua Chile. Lá, era possível encontrar desde perfumes e joias a roupas, bolsas e chapéus. 

"Quando eu e meus irmãos éramos pequenos, em meados de 1990, minha mãe nos levava muito a essas lojas para comprar nossas roupas e outros pertences. Tenho uma boa lembrança desse tempo", diz a professora Jaqueline Libório, 38. Naquela época, ela, que tinha entre 10 e 11 anos, se divertia com os irmãos - um mais velho e outro caçula. 

Menção Honrosa - Circo Troca de Segredos 

Em plena década de 1980, o Circo Troca de Segredos chegou a Salvador. Localizado em frente à praia de Ondina, logo se transformou no palco de artistas que iam de Caetano Veloso – responsável pelo show de inauguração – a Margareth Menezes. O jornalista e colunista do CORREIO Osmar Martins, o Marrom, foi um dos que viveu aquela efervescência cultural toda.  Gilberto Gil se apresenta no Circo Troca de Segredos (Foto: Reprodução/Arquivo CORREIO) Ele produziu, lá, o primeiro show do Legião Urbana em Salvador – na época do hit Será, de 1985. “Me lembro como hoje, numa segunda-feira, o porteiro toca e era o porteiro do circo, procurando saber do show da banda na sexta-feira. Ele disse: 'é melhor o senhor vir aqui'”, conta Marrom. 

Na segunda-feira, já tinha fila de gente esperando pelo show. Na sexta, os 3,5 mil ingressos tinham sido vendidos e outras cinco mil pessoas aguardavam do lado de fora, querendo entrar. “Foram shows memoráveis no circo”.  O Circo Troca de Segredos ficava na Orla de Ondina (Foto: Reprodução/Arquivo CORREIO) Margareth Menezes, por sua vez, chegou ao circo na época em que era estudante do Centro Integrado Luiz Tarquínio e fazia teatro no grupo Sânçula, dirigido por Reinaldo Nunes e Tereza Oliveira. “Ela me viu e gostou do meu potencial e me trouxe para participar do Grupo Troca de Segredos Em Geral. Passamos mais de um ano apresentando a peça Inspetor Geral, de Nikolai Gogol. Depois disso conseguimos o apoio para comprar a lona do circo e mais um dinheiro”, lembra ela, que atuava e ainda trabalhava no bar do circo. Maga conta que, depois de muitos pedidos para cantar, ensaiou a música O Bêbado Equilibrista, que apresentou na noite das Sabatinas Dançantes. “Foi um momento inesquecível, pois o circo estava lotado e fui muita aplaudida que tive de dar o bis com a única música que havia ensaiado. Foi muito emocionante, um marco na minha carreira, pois uma pessoa que estava começando a carreira ser ovacionada daquele jeito por milhares de pessoas. Uma noite maravilhosa”.