R$ 1 bilhão gastos e o gramado do Maracanã é uma vergonha

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Quarta-feira, dia de futebol na TV, semifinal da Copa do Brasil, Flamengo e Corinthians em campo. Maracanã lotado, as duas maiores torcidas do país, as duas maiores cotas de TV (com ampla distância para os demais), elencos estrelados – a bem da verdade, as estrelas, no momento, estão mais do lado carioca. Pois bem, juntando tudo isso, o que se viu? Um jogo de merda.

Para quem cuida da venda de anúncios da Globo, deve ter sido o êxtase quando se definiu que rubro-negros cariocas e alvinegros paulistas cruzariam na semifinal do torneio. Audiência nas alturas. Mas, quem resolveu assistir só porque gosta de bola, foi obrigado a ver um time atacando sem mostrar lá grandes coisas e outro se defendendo sem saída para o ataque. E nem um golzinho chorado pra contar a história. 

Para além de questões técnicas, é preciso reconhecer, entretanto, que um fator contribuiu muito para o tenebroso espetáculo: que negócio lamentável é o gramado do Maracanã. Nem parece que se trata do principal estádio do país. 

Do jeito que está, parece mais uma arena de beach soccer ou futevôlei. Aliás, pensando bem, num bom jogo de futevôlei talvez voe menos areia do que nas divididas no campo do Maraca. Uma lástima.

É claro que a grama precisa de cuidado e manutenção contínua, mas nunca é demais lembrar que, há poucos anos, torraram mais de R$ 1 bilhão do meu e do seu dinheiro para deixar o estádio num padrão de Copa do Mundo, incluindo aí serviços no relvado. Logo depois, outra obra, porque o que serve para o Mundial de futebol não serve para a Olimpíada. Mais dinheiro nosso que virou cal.

Supostamente com o mesmo tipo de grama das principais arenas internacionais e com um sistema de drenagem que não deveria nada a dever a qualquer estádio do mundo, deixaram o gramado do Maracanã chegar no nível em que se encontra. E agora, após a partida da quarta-feira passada, graças a essas situações surreais que só devem ocorrer por estas bandas, o estádio está fechado para tratamento da grama em pleno Campeonato Brasileiro. Brilhante.

Diego, meia do Flamengo, saiu de campo soltando os cachorros. “Não quero ser repetitivo, mas também não preciso me omitir. O gramado do Maracanã é hoje uma vergonha, um desrespeito não só com Flamengo e Fluminense, como com vocês que assistem aos jogos, com os torcedores e com o futebol brasileiro”, disse ele após a semifinal. “Nós esperamos realmente uma atitude urgente para que possam ser respeitados o Maracanã como estádio e o futebol brasileiro porque as condições são terríveis”, emendou. Jadson, jogador do Corinthians, também saiu indignado com a situação, no que está coberto de razão.

Como as piadas prontas se acumulam, além deste fechamento atual, o estádio também ficará interditado entre janeiro e maio do ano que vem, para mais uma leva de reformas – não ria, se possível.

O motivo oficial é que o estádio precisa ser preparado (?) para a Copa América 2019, que será disputada no Brasil, mas não tem problema nenhum se você interpretar que tudo não passa de mais um serviço mandrake para escoar dinheiro. Há grande chance de que você esteja com a razão.

*Victor Uchôa é jornalista e escreve aos sábados