Rafaela Silva alega que contato com bebê causou flagra no doping

Campeã olímpica deu positivo em exame feito durante os Jogos Pan-Americanos de Lima

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  • Da Redação

Publicado em 20 de setembro de 2019 às 16:50

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Wander Roberto/COB

Uma brincadeira com uma criança no colo. Foi essa a justificativa dada pela campeã olímpica Rafaela Silva, de 27 anos, por ter sido flagrada em um exame antidoping realizado durante os Jogos Pan-Americanos de Lima, em agosto. Nesta sexta-feira (20), a judoca deu uma entrevista coletiva e explicou a situação.

"Nunca imaginaria que pegaria uma criança de seis meses no colo que faz uso dessa substância. Numa brincadeira, eu sempre dou meu nariz para as crianças brincarem chupando como se fosse uma mamadeira. E uma dessas crianças que eu brinquei fez uso dessa substância e pode ser como entrou no meu corpo".

Rafaela testou positivo para fenoterol, sustância proibida que tem efeito broncodilatador e costuma ser usado em tratamento de doenças respiratórias, como a asma. O teste antidoping foi realizado no dia em que a atleta competiu, 9 de agosto. Segundo a campeã olímpica, mundial e pan-americana, o contato com a criança - que utiliza medicação contra asma - aconteceu no dia 4 de agosto.

"Eu não faço uso dessa substância, não tenho asma, não tenho nada. Quando fiquei sabendo dessa notícia, fiquei pensando todos os dias o que eu tinha feito, o que podia ter acontecido. A única pessoa que fez uso dessa substância foi a Lara, que treina no Instituto Reação. Como Cameron [bioquímico] me explicou um pouco, conforme ela vai chupando meu nariz, eu inalo o que ela manda para meu corpo. Pode ter sido uma das maneiras".

Rafaela ainda fez questão de dizer que não toma remédio nem bebida alcoólica. "Estou na mira, no alvo da Wada [a Agência Mundial Antidoping] desde que cheguei à seleção de judô, em 2010. Justamente por não fazer esse tipo de coisa".

Após o exame do dia 9 de agosto, a judoca afirma que fez um exame no dia 29 de agosto, durante o Mundial de Tóquio, e que deu negativo. Ela não está suspensa preventivamente. De acordo com o advogado que representa a atleta, Bichara Neto, a punição poderia ser de até dois anos. Mas a defesa alegará que ela não usou a substância para obter vantagem indevida - e espera que Rafaela não seja suspensa. O processo não foi iniciado - o que pode acontecer ainda em 2019 ou somente em 2020. "Nenhum atleta se prepara para um momento como esse. Estou aqui para dar a minha cara a tapa. Fiz os testes, estou limpa. É continuar treinando, competindo e provar minha inocência", afirmou Rafaela.A decisão sobre a manutenção da medalha de ouro do Pan-Americanos de Lima deve acontecer na semana que vem.

"No meu planejamento, tenho o Grand Slam de Brasília, o Mundial Militar, depois o Grand Slam do Japão, e por fim o World Masters. A princípio, são essas minhas competições. Valem a classificação, que só fecha em maio do ano que vem. Todas são muito importantes. Como não estou suspensa, vou manter a cabeça nos treinos e nas competições. Com certeza (fico mais tranquila). O World Masters vale bastante ponto para o ranking mundial. Poder competir e treinar não vai me atrapalhar. Mas também não adianta treinar, competir e não comprovar minha inocência lá na frente. O mais importante é isso".