Rainha da perseverança

Linha Fina Lorem ipsum dolor sit amet consectetur adipisicing elit. Dolorum ipsa voluptatum enim voluptatem dignissimos.

  • Foto do(a) author(a) Flavia Azevedo
  • Flavia Azevedo

Publicado em 8 de março de 2019 às 06:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: .

Daniele Nobre Nascimento foi eleita, após oito tentativas, Deusa do Ébano do Ilê Aiyê (Foto: Divulgação) Desde janeiro do ano passado, toda sexta é Dia da Mulher, por aqui. Já foram (e ainda serão) muitas histórias em diferentes formatos de uma coluna que pretende ser inclusiva, múltipla, plural. Parabéns para todas nós, mas sigamos. Hoje, com Daniele Nobre Nascimento, a  secretária executiva que, depois de oito tentativas, foi eleita Deusa do Ébano, no concurso Beleza Negra, do Ilê Aiyê.

//////

Ela desfilou poderosa, durante o Carnaval. É a quadragésima rainha e ocupará o trono até 2020, nos lembrando sempre a palavra "perseverança".Criada numa família monoparental feminina, essa baiana decidiu que seria coroada rainha do maior e mais tradicional bloco afro da Bahia. E foi atrás. Um sonho que chegou quando, ainda adolescente, conheceu o Ilê. Na época, nem existia a sede e os ensaios eram nas ruas do Curuzu. Pois a paixão foi tanta que Daniele acabou ganhando a fantasia (e o direito de sair sozinha no bloco) como presente de 18 anos.

//////

Daí, a paixão virou amor. A relação com o Ilê trouxe o envolvimento com o movimento negro e cada vez maior consciência das questões raciais. Achava que jamais seria capaz de ocupar o trono da rainha mas, em 2008, tomou coragem e se candidatou pela primeira vez. Era o início de um longo caminho pelo qual, hoje, Daniele agradece: "minhas oito tentativas não foram fáceis, mas foi tudo no tempo dos Orixás. Nesse tempo, tive um histórico especial no bloco. Sou a única rainha que já foi princesa por três vezes, por exemplo".

//////

A cada ano, novos ajustes. A Deusa do Ébano passava horas assistindo vídeos com as próprias apresentações. No olhar, a busca pelas imperfeições que seriam corrigidas, aos poucos. 2019, no entanto, foi especial. "Neste ano, foi uma preparação diferente. Trabalhei da coreografia à espiritualidade, passando por maquiagem e tudo mais. Fui me autoanalisando profundamente e mudando tudo o que me pareceu necessário", diz a vencedora, que agora curte cada momento do reinado: "é muito bom ser o exemplo pra muitas pessoas. Eu via pessoas me parabenizando nas sacadas dos prédios, durante o desfile e quero me manter sendo referência. É uma experiência única, vai ficar na minha mente para sempre".

/////

E para quem pensa que a experiência fica apenas nos palcos, Daniele anuncia outras frentes: "além dos trabalhos com shows, quero contribuir nos projetos sociais do Ilê, nas ações de combate à violência contra a mulher, principalmente no caso das mulheres negras".