Rainha do Axé compartilha poder com mulheres, gays e negros

Daniela Mercury celebra diversidade e o empoderamento das minorias

  • Foto do(a) author(a) Hilza Cordeiro
  • Hilza Cordeiro

Publicado em 1 de março de 2017 às 05:00

- Atualizado há um ano

O Grito dos Excluídos é uma manifestação tradicional do 7 de setembro em diversas cidades do país para denunciar situações sociais. Em Salvador, graças a Daniela Mercury, o Grito ganhou uma primeira edição neste Carnaval. A cantora celebrou a diversidade e o empoderamento das minorias: mulheres, pessoas LGBT, negros, artistas e tantos outros. Ontem, ela se coloriu para celebrar a arte. E dividiu o palco com as cantoras Márcia Short, Luiza Brito e Márcia Castro, que foi retirada do trio Respeita as Minas após uma polêmica nas redes sociais em que internautas pediam sua saída do bloco por, supostamente, defender um músico acusado de assédio.  Rainha desfilou acompanhada de outras cantoras (Foto: Evandro Veiga/CORREIO)Ao lado de Daniela também se apresentaram pintores, dançarinos e malabaristas. Pintada pelo artista Iuri Sarmento e fantasiada de “bailadora” – personagem que mistura bailarina e cantora – ela chamou atenção ainda para a situação dos refugiados. “Chega de cordas e muros. A gente está aqui para juntar e as artes nos aproximam. Quebraremos fronteiras”, disse.Contemplando diversos temas, Daniela cantou para celebrar os 30 anos da música Faraó, os 70 anos de Moraes Moreira e o movimento da Tropicália. Canções de protesto e hinos do Carnaval como Tributo ao Olodum, Baianidade Nagô, O Mais Belo dos Belos, Chão da Praça e outras. No chão, foliona celebra as cores da diversidade (Foto: Evandro Veiga/CORREIO)Na passagem pelo Teatro Castro Alves, templo das artes, ela entoou O Canto da Cidade e os seus súditos-fãs fizeram uma explosão colorida na Avenida, utilizando pó colorido na hora de "a cor dessa cidade sou eu". Do trio para as emissoras de televisão, ela pausou para dizer que Salvador é arte por todos os lados e que fica ainda mais especial durante o Carnaval. Em seguida, emendou a canção Cidade da Música, uma composição em tributo à capital, tema da festa deste ano.Na divulgação dos preparativos para este Carnaval, Malu Verçosa, jornalista e esposa da cantora, fez uma crônica, apresentando Daniela como a Rainha Empoderada e relembrando as temáticas centrais da carreira da cantora na luta em defesa dos direitos humanos. Família curtiu a mensagem e a festa (Foto: Evandro Veiga/CORREIO) Para Genilson Coutinho, do blog Dois Terços, voltado ao público LGBT, “o discurso dela fortalece o movimento na busca por direitos. Ela difunde um grito de visibilidade dentro do Carnaval”. Acolhido por esses discursos, o cordeiro Márcio Souza, 28, se inscreveu para trabalhar no trio da cantora. “Ela é diva do Carnaval da Bahia, rainha da diversidade, a primeira de todas. Adoro a humildade dela e como ela nos entende. Aqui, meu trabalho é minha diversão”, disse, afirmando ser gay.Diante de racismo, homofobia, sexismo e demais  formas de preconceito e opressão, Daniela usa o Carnaval para exigir respeito e fazer da música realidade, na esperança de quem sabe, um dia, a paz vença a guerra.