Rainha do soul, Aretha Franklin morre aos 76 anos

Gigante da música americana, ela começou no gospel antes de brilhar no soul e no R&B; lutava contra um câncer no pâncreas desde 2010

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  • Da Redação

Publicado em 16 de agosto de 2018 às 11:02

- Atualizado há um ano

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Rainha do soul. Foi assim que Aretha Franklin, dona de uma das maiores vozes do século XX, ficou mundialmente conhecida. Mas foi no gospel que a cantora deu os primeiros passos no mundo da música. A cantora americana morreu nesta quinta-feira (16), aos 76 anos, em Detroit, onde morava. A informação foi confirmada por um representante da cantora à agência de notícias Associated Press. No início da semana, um amigo havia avisado à imprensa internacional que a diva estava "gravemente doente" e que a família pedia "orações e privacidade".

Aretha Louise Franklin nasceu em Memphis no dia 25 de março de 1942 e começou a cantar ainda criança, na igreja fundada pelo seu pai, Clarence LaVaughn Franklin, um pregador itinerante, fundador da congregação New Bethel Baptist Church. 

O dom musical também veio da mãe, Barbara Franklin, que era cantora gospel e abandonou a família quando Aretha ainda era pequena. Aretha também engravidou cedo. Aos 15 teve o primeiro filho e, aos 17, o segundo. (Foto: Reprodução) Com o apoio do pai, Aretha gravou seu primeiro disco 1956, quando tinha apenas 14 anos. Mais tarde, decidida a ingressar na música profissionalmente, ela se mudou para Nova York onde gravou uma demo com duas canções, que foi redistribuída para diversas gravadoras. Assim, em 1961, Aretha fecha contrato com a gravadora Columbia Record. Na época, ela foi lançada como "a voz mais bonita desde Billie Holliday".  Aretha Franklin começou a cantar aos 10 anos, na igreja do pai, e gravou seu primeiro disco gospel aos 14 (Foto: Divulgação) Anos mais tarde, a cantora passou a ser produzida pelo mesmo produtor de Billie Holiday e enveredou para o blues e jazz, mas não alcançou tanto sucesso com os ritmos como quando apostou no soul Foi aí que  estourou nas paradas de sucesso. Aos 30 anos, voltou às origens e gravou o álbum de gospel mais bem-sucedido da história, que continua sendo vendido até hoje.  Cantora foi a primeira mulher negra a estampar capa da revista Time, em 1968 (Foto: Divulgação) Uma das grandes vozes do século XX, Aretha também foi uma ativista dos direitos civis e do feminismo, que tiveram na regravação do clássico Respect, de Otis Redding. A cantora praticamente tomou para si a propriedade da canção, tamanho o brilhantismo que acrescentou à versão original, como o próprio autor reconheceu.

Em seis décadas de carreira, Aretha Franklin ultrapassou a marca de 75 milhões de discos vendidos e faturou 18 vezes o Grammy (8 somente na categoria R&B), que lhe renderam o apelido de Rainha do Soul. O álbum Amazing Grace, de 1972, vendeu 2 milhões de cópias e bateu o recorde de disco gospel mais vendido da história.

Apesar de todo o sucesso, Franklin possui apenas dois singles que foram para o primeiro lugar na lista dos mais vendidos dos Estados Unidos segundo a revista Billboard: Respect, na década de 1960 (sua canção mais conhecida) e I Knew You Were Waiting (For Me), um dueto com George Michael. Aliás, esse é até hoje um dos doetos de maior sucesso do pop.

Aretha é considerada a maior cantora de todos os tempos pela revista Rolling Stone e, pela mesma revista, a nona maior artista da música de todos os tempos. Aretha tornou-se a primeira mulher a fazer parte do Rock & Roll Hall of Fame em 3 de janeiro de 1987. Além disso, é a a segunda cantora a possuir mais prêmios Grammy na história, atrás apenas de Alison Krauss. Aretha possui dezoito prêmios competitivos e três honorários. Aretha canta Respect na cerimônia de posse de Barack Obama como presidente dos EUA, em 2009 (Foto: Divulgação) Em 2005, Aretha Franklin recebeu a Medalha Presidencial da Liberdade - a maior condecoração para um civil americano - das mãos do então presidente George W. Bush. Franklin também cantou em janeiro de 2009 na posse do presidente Barack Obama.

A cantora, diagnosticada com câncer no pâncreas em 2010, se apresentou em novembro de 2017 em um evento da Fundação Elton John contra a Aids em Nova York. Sua última performance pública aconteceu na Filadélfia, em agosto de 2017.  Aretha Franklin ao lado de Whitney Houston (Foto: Divulgação) O anúncio da aposentadoria é foi "amargo e doce ao mesmo tempo", reconheceu Franklin, porque a música "é o que fiz toda minha vida", destacou ela à época. "Me sinto muito enriquecida e satisfeita por onde começou minha carreira e onde está agora (...) Continuarei muito satisfeita, mas não vou a lugar algum para me sentar e não fazer nada. Isso também não seria bom", explicou.

Biografia não autorizada Parte da vida da rainha do soul é contada na biografia não autorizada Respect, escrita por David Ritz. Ritz, que tinha sido o responsável por escrever a biografia autorizada da veterana cantora em 1999, teve na época divergências com ela sobre a inclusão de determinadas passagens, e em 2014 escreveu o livro que sempre quis escrever. Na época, a publicação do livro irritou a diva, que classificou o texto como "lixo". "Como muitos de vocês sabem, há um livro que é um autêntico lixo nas lojas, cheio de mentiras sobre mim. As ações do autor são claramente uma revanche, porque há 15 anos tirei algumas afirmações que ele queria incluir no livro anterior", afirmou Aretha no comunicado. 

Nas páginas, ele justificou esta nova publicação porque trata "de questões sensíveis, como a mãe de Aretha abandonando a família, Aretha tendo dois filhos quando ainda era adolescente e Aretha sendo maltratada por seu primeiro marido, que foram vetadas" no livro anterior, intitulado From These Roots.

No período em que a polêmica se instaurou, o disco Aretha Franklin Sings the Great Diva Classics, havia acabado de devolver Aretha às listas de sucessos. 

Confira alguns clipes e apresentações emblemáticas de Aretha Franklin: