Recompensar acertos do cão pode dar mais resultados que punir erros

Adestramento positivo estimula a gratificação quando seu bichinho age corretamente

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  • Giuliana Mancini

Publicado em 13 de novembro de 2018 às 14:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Shutterstock/Reprodução

Digamos que você tem um tapete lindíssimo em sua casa. Um belo dia, seu cãozinho resolve se ‘aliviar’ ali. O que você faria? Grande parte das pessoas iria brigar com o bichinho, deixá-lo de castigo, dar um tapinha... Siga o Bazar nas redes sociais e saiba das novidades de gastronomia, turismo, moda, beleza, decoração, tecnologia, pets, bem-estar e as melhores coisas de Salvador e da Bahia: Essa, inclusive, era uma das linhas seguidas por muitos adestradores antigamente - a que prega que os cachorros só aprendem ‘na marra’. Porém, um outro pensamento, muito mais brando para o animal, está ganhando adeptos em Salvador: a do reforço positivo. Adestramento positivo é mais leve para os animais (Foto: Shutterstock/Reprodução) “Imagine duas crianças em escolinhas de futebol diferentes. Em uma delas, o professor fala que seus alunos têm que jogar e ganhar - caso contrário, irão dar muitas voltas no campo, como punição", fala Rafael Ramos, proprietário da Cão de Ouro (@caodeouro), empresa voltada para melhoria da relação entre tutores e seus cães. 

"Já na outra, quem vencer vai receber chocolate - estimulando, assim, a vontade do acerto e não o medo do erro. De qual professor você acha que as crianças iriam gostar mais?”, pergunta. Neste reforço, estimula-se a vontade do acerto e não o medo do erro (Foto: Shutterstock/Reprodução) Sem dor Sua resposta, com certeza, seria a do doce, correto? Pois é isso que o adestramento positivo propõe. 

“É um treinamento que usa métodos não-confrontacionais para trabalhar o cérebro de um cachorro, recompensando o comportamento positivo. E estabelecendo rituais e ações que permitam com que cães e pessoas consigam se compreender de uma forma mais harmoniosa”, diz Milena Matias, da Dog Feel (@dogfeel_).

Para isso, o adestramento usa como recopensas coisas que o animal gosta: um brinquedo favorito, um carinho ou mesmo um petisco. Segundo Rafael, a ideia, ao fazer isso, é respeitar a felicidade do seu bicho.  Dá para recompensar com petiscos, carinhos ou brinquedos (Foto: Shutterstock/Reprodução) “No antigo treinamento, os cães eram forçados a fazer o que era pedido. Não se considerava os sentimentos deles, apenas os resultados. Isso permitia ao treinador usar a força bruta para conseguir o que queria, afinal de contas ‘o cão tem que obedecer’", fala o especialista.

"Já no positivo, mais justo, leva-se em conta como o cachorro está se sentindo no momento da aprendizagem. Se está feliz, incomodado ou desconfortável”.

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O sentimento do cachorro é levado em conta neste adestramento (Foto: Shutterstock/Reprodução) Aprendizado mútuo “Antes de qualquer coisa, temos que entender que um cão não chega em sua casa sabendo o que você quer que ele faça. Ele precisa ser informado", diz Luciana Kruschewsky, da DogFeel. 

"Por exemplo, não entendemos que um cão faz xixi ‘no lugar errado’, ele apenas precisa ser informado, de forma consistente e adequada, sobre o  espaço reservado pra sua higiene”.

Assim, quando isso acontecer, em vez de brigar com aquele cão - como seria no adestramento tradicional -, você deveria apenas limpar o xixi. E, quando ele o fizer no local certo, recompensá-lo de alguma forma. “Com algo de bom, aumenta a probabilidade do comportamento voltar a se repetir”, garante Rafael. O cão precisa ser 'informado' das regras da casa (Foto: Shutterstock/Reprodução) Entre os benefícios, o adestrador afirma que há a rapidez nos resultados, além da  consistência.

“As pessoas aprendem a se vincular com seus cães e a lidar com os problemas de maneira humana. Isso fortalece o relacionamento, promovendo a confiança mútua, fornecendo afeição e incentivando a cooperação”, completa Milena.

“Na base da força, se consegue apenas cães estressados, que andam sempre com medo de serem punidos. Ela, na maioria das vezes, não ensina, apenas mascara determinado comportamento, fazendo surgirem vários outros”, diz Rafael. Nesse tipo de treinamento, brigar com o cachorro não é o indicado (Foto: Shutterstock/Reprodução) E dá certo mesmo? A tradutora Mariana Cordiviola já teve seus dois border collies passando por esse tipo de treinamento. E aprovou. 

“Eu nunca tinha deixado um adestrador entrar na minha casa. Essa é uma raça sensível, que traumatiza fácil e que tem reatividade - pode tanto fugir quanto se tornar agressiva. Foi então que conheci o reforço positivo e me apaixonei".

Ela segue: "Oliva, minha cadela, era muito ansiosa. Quando ela saía, queria voar nas pessoas, nas motos e em basicamente tudo o que se movia. Hoje, não mais. Conseguimos ensinar o autocontrole”. Quem tem um cãozinho que passou pelo treinamento afirma que ele funciona (Foto: Shutterstock/Reprodução) O mesmo aconteceu com Belleti, da psicóloga Fabiana Torres. “Eu já tinha pesquisado sobre aprendizagem canina, mas, infelizmente, ainda é comum adestramento com punição: seja enforcador, bronca ou os temidos choques", fala.

"Procurei o método positivo exatamente por isso: por não querer causar nenhum tipo de sofrimento no meu cachorro, seja físico ou emocional”, lembra.  Os resultados também podem chegar mais rapidamente (Foto: Shutterstock/Reprodução) “Aprendi o quanto é importante e prazerosa a presença efetiva do tutor no processo de aprendizagem do cão. Com o adestramento positivo, tenho percebido nitidamente meu cachorro mais saudável emocionalmente, mais equilibrado em sua rotina e, com certeza, mais feliz”.

Para a empresária Thais Pinheiro, mãe de Tyrion,  também funcionou. “Com o treinamento que a gente tem feito, percebemos, a cada passeio, a evolução dele. É muito impressionante e, principalmente, rápido”.