Rede elétrica exige manutenção e redimensionamento para evitar incêndios

Fiação e tomadas exigem manutenção depois dos primeiros dez anos e revisão a cada cinco anos

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  • Carmen Vasconcelos

Publicado em 6 de março de 2019 às 17:09

- Atualizado há um ano

. Crédito: Divulgação

Uma tomada T com um notebook ligado e um ventilador, uma rede elétrica antiga e sem a devida manutenção. A junção desses aspectos foi o suficiente para quase colocar em risco a vida da estudante de direito Brisa Lima, 28 anos, e a filha, que no último dia 23 precisaram enfrentar um incêndio provocado por um curto circuito nessa instalação elétrica do apartamento onde moram, no bairro de Fazenda Grande, em Salvador.

Os problemas ocasionados pela falta de manutenção e ajuste adequado nas redes elétricas são mais comuns do que deveriam, especialmente em residências. No último dia 08 de fevereiro, inclusive, um curto circuito no aparelho de ar condicionado matou dez jovens atletas no dormitório do Centro de Treinamento do Flamengo, no Rio de Janeiro.

De acordo com a professora de engenharia elétrica da UNIFACs, Antônia Cruz, na parte civil, as pessoas se preocupam com rachaduras e danos no teto e paredes, esquecendo a importância da parte elétrica. “As construções precisam ter sua rede elétrica revista após os primeiros dez anos de uso e, depois desse período, a cada cinco anos”, esclarece.

Antônia faz questão de enfatizar que as instalações elétricas possuem tempo de vida útil e estão dimensionadas para suportar uma determinada carga elétrica. “Geralmente, quando se instala uma tomada T ou Benjamin, o consumidor se preocupa em obter a energia, mas esquece que nem sempre a tomada que fornece a eletricidade está preparada para suportar a demanda. Nessas situações há uma sobrecarga no sistema, causando o curto”, explica.

Segundo ela, o ideal é que sempre que haja compra de novos equipamentos elétricos, novas tomadas sejam instaladas, evitando a necessidade e o uso dos Ts. “Em situações de extrema necessidade, ao invés dos Ts, é possível usar uma régua com filtro de linha, onde outros equipamentos podem ser ligados e que, em caso de sobrecarga, há a proteção de um fusível que desmonta a ligação elétrica, mas reforço que novas tomadas são a solução ideal”, afirma.

Outra dica importante é manter os equipamentos elétricos e eletrônicos fora das tomadas quando não estiverem sendo usados, especialmente quando houver situações nas quais os moradores estejam ausentes, em viagens, por exemplo.

“As pessoas costumam deixar carregadores de celulares nas tomadas e isso é um equívoco. Os equipamentos devem ser retirados da rede elétrica para evitar qualquer problema gerado por quedas bruscas no sistema”, orienta a professora, que faz questão de que as revisões e instalações elétricas sejam feitas por profissionais capacitados. “Quando o assunto é a rede elétrica não vale a pena fazer economia de palito, pois o barato da contratação de um amador pode se reverter num prejuízo futuro”, completa. Qualquer serviço na rede elétrica deve ser realizado por profissionais capacitados e com os equipamentos adequados (Foto: Divulgação) No caso de Brisa, a pane causou prejuízos significativos no quarto onde a moça estudava e fez com que perdesse roupas, o próprio notebook, livros e cadernos nos quais estudava para o exame da Ordem dos Advogados do Brasil, mas o restante da casa não foi atingido pelas chamas e ninguém ficou ferido.

“Foi tudo muito rápido e o curto aconteceu no intervalo de tempo em que minha filha acordou e a levei na casa de minha mãe, que é no mesmo prédio”, conta. A estudante ressalta que a atuação do padrasto e dos vizinhos foram importantes para conter as chamas.

Aliado a isso, a agilidade dos bombeiros, que chegaram dez minutos após serem contactados, possibilitou conter o que poderia ter sido um desastre de grandes proporções. “Não gosto nem de pensar o que teria sido se não houvesse toda essa mobilização”, diz a estudante.

A situação de Brisa conseguiu mobilizar as redes sociais e uma amiga de infância vem solicitando apoio para que a jovem possa reformar a casa e recuperar o que foi consumido pelo fogo.   Os interessados podem depositar na conta corrente 33448-0, na agência 3551, do Bradesco.

Brisa salienta que a rede elétrica do prédio é antiga e que todos os vizinhos já viveram situações de terem equipamentos queimados por conta de picos na rede elétrica. “Meu carregador ficava muito aquecido e já havia perdido uma TV e uma geladeira, mas não imaginava que a situação poderia ficar mais grave”, conta.

A professora Antônia Cruz enfatiza que o superaquecimento de superfícies de equipamento é o primeiro sinal de que a rede elétrica está sobrecarregada. Aliado a isso, ela lembra que o terceiro pino das tomadas de três pinos não devem ser removidos, pois eles garantem uma segurança extra, especialmente para equipamentos com partes metálicas que possuem contato com água, como é o caso de máquinas de lavar, geladeiras e freezers.