Rede Othon confirma fechamento do hotel em Salvador

Além da capital baiana, unidade de Belo Horizonte também vai fechar

Publicado em 16 de outubro de 2018 às 15:17

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Arisson Marinho/CoRREIO

A Rede Othon confirmou oficialmente, nesta terça-feira (16), através de um comunicado, o fechamento do Bahia Othon Palace, localizado em Ondina. O local só funcionará até 18 de novembro e já informou o fim das atividades aos parceiros comerciais da rede, segundo a nota. 

Com 284 apartamentos, o Othon é o maior hotel em atividade de Salvador. Seu fechamento acontece quase três anos após o encerramento do Hotel Pestana -  primeiro cinco estrelas de Salvador, inaugurado como Le Méridien, em 1974. Cerca de 240 funcionários, que trabalham no Bahia Othon, ficarão desempregados. 

Uma outra unidade, a Belo Horizonte Othon Palace, também encerrará as atividades na mesma data que o hotel de Salvador. A rede hoteleira segue com hotéis no Rio de Janeiro, Macaé, São Paulo, Fortaleza, Natal, Recife e em três cidades do interior paulista: São Carlos, Araraquara e Matão.

“Conscientes da atual situação do País, continuamos acreditando na recuperação da economia e, certamente, a bandeira Othon continuará apostando no turismo nacional”, diz  Jorge Chaves, novo gerente geral da empresa.

O grupo está em processo de reformulação. O gerente geral corporativo de vendas e marketing, Bruno Heleno, deixou o cargo e foi substituído por Anna Christina de Andrade, que até então era gerente de vendas. Ela tem mais de 10 anos na empresa e atualmente faz um curso de marketing digital na Cornell University. Já Jorge Chaves está substituindo Paulo Michel. Formado em Administração, ela está há mais de 10 anos no grupo, onde começou sua carreira.

Fechamento De acordo com o presidente da Salvador Destination, Roberto Duran, a decisão de manter as portas até o dia 18 é do do conselho diretor do estabelecimento. Ainda segundo ele, a entidade tomou conhecimento do fechamento há aproximadamente uma semana. “Estávamos vendo se conseguíamos reverter. Os funcionários ainda vão ser comunicados na sexta-feira”, explicou Duran, por telefone, ao CORREIO.Ele atribui a decisão à falta de investimento no turismo brasileiro – principalmente, na divulgação dos principais destinos do país, a exemplo de Salvador. “Isso foi causado pela crise, pela falta de investimento do governo federal e do governo estadual, que não veem o turismo como prioridade. O pouco que foi feito por Salvador não conseguiu reverter por completo”. Foto: Evandro Veiga/Arquivo CORREIO Menos um centro de convenções Além do prejuízo com a perda de mais um hotel, o presidente da Federação Baiana de Hospedagem e Alimentação (Febha), Silvio Pessoa, destaca que a capital baiana deixa de ter mais um centro de convenções.

Agora, são considerados grandes centros de convenções apenas os dos hotéis Fiesta, no Itaigara, e Gran Hotel Stella Maris, em Stella Maris.“Ele (Othon) tinha um centro de convenções para até três mil pessoas. Isso vai fazer uma falta enorme para a cidade de Salvador. É uma péssima notícia”, afirma.Na avaliação de Pessoa, o fim das atividades do Othon também está relacionada ao grande incentivo para a construção de hotéis nos anos que antecederam a Copa do Mundo e as Olimpíadas. Para ele, não houve estudos de viabilidade econômica.

“Além disso, não tem promoção no exterior. A Embratur (Instituto Brasileiro de Turismo) tem apenas 17 milhões de dólares para promover o turismo brasileiro no exterior por ano, enquanto o México tem US$ 470 milhões e o Peru investe US$ 70 milhões. Ou seja, nós não investimos no turismo porque não é prioridade para a Bahia, para Salvador, para o Nordeste”, critica.

Todo mundo no vermelho Segundo Roberto Duran, dos 404 hotéis de Salvador, pelo menos 401 vêm operando no vermelho há quatro anos. O presidente da Salvador Destination preferiu não revelar quais são os estabelecimentos que não vêm tendo prejuízo.

“Ou seja, eles estão pagando para manter as portas abertas. Houve uma melhora no segundo semestre de 2017 e no início deste ano, mas ainda não foi suficiente. Por isso, esperamos não ter nenhuma outra surpresa”, conclui.