Reforma é tema do momento e governo continuará tentando a aprovação, diz Temer

Presidente também defendeu as outras reformas e diz enfrentar oposição "feroz"

Publicado em 18 de dezembro de 2017 às 11:22

- Atualizado há um ano

. Crédito: Folhapress

Interrompido nesta segunda-feira, 18, pelo deputado Darcísio Perondi (PMD-RS) que o cobrou para falar sobre Previdência, o presidente da República, Michel Temer, voltou a defender a reforma e afirmou que seu governo vai continuar a trabalhar para tentar a sua aprovação. "A reforma da Previdência é o tema do momento, que estamos enfrentando e vamos levar adiante", disse, em discurso na Fundação Ulysses Guimarães, ressaltando que a reforma "faz com que os mais ricos possam compensar os mais pobres."

Em sua fala, Temer fez novamente a defesa das reformas, lembrou que a PEC do teto dos gastos foi chamada de PEC da morte, mas garantiu que a limitação de gastos públicos não impactará os investimentos em saúde e educação. O presidente citou ainda a reforma do ensino médio e modernização trabalhista. Segundo ele, a reforma trabalhista "vai ajudar a combater o desemprego". 

O presidente também lembrou algumas medidas de auxílio aos municípios, como a liberação de R$ 2 bilhões neste fim de ano. "Fizemos uma porção de coisas com vistas a melhorar a economia do Brasil", afirmou, destacando a queda da inflação e dos juros no seu governo. "São exemplos concretos do que estamos fazendo."

Base aliada

Assim como os demais integrantes da cúpula do PMDB, o ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, afirmou que o candidato à Presidência da base aliada em 2018 terá que defender o legado do governo. "Vamos ter sim candidato para defender o nosso legado. Seja com candidatura própria, seja através de alianças, mas teremos que ter sim a defesa do legado do governo do presidente Michel Temer", disse.

Esse foi o tom adotado pelos principais nomes do PMDB, incluindo Temer, no evento da Fundação Ulysses Guimarães realizado em Brasília. Também se manifestaram nesse sentido o presidente do PMDB, senador Romero Jucá (RR), e o ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Moreira Franco.

As declarações foram entendidas como uma resposta ao presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ). Em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo neste domingo, Maia afirmou que o candidato à Presidência da base aliada em 2018 não precisaria ter o nome de Temer tatuado na testa. Segundo ele, bastaria que o candidato defendesse uma agenda de reformas.

Desafio

Padilha também fez uma defesa da reforma da Previdência. Para ele, mudar as regras da aposentadoria e aprovar a reforma é o grande desafio do governo, pois ela é fundamental "não para esse governo", mas para o País. "A reforma da Previdência se faz necessária para garantir aos aposentados que possam continuar recebendo", disse. 

O ministro destacou ainda que as regras terão transição, que não vão tirar direitos já adquiridos e ponderou que não se deve ter "ilusão", pois o problema da Previdência Social não se resolverá "num passe de mágica". Ele citou a situação da Grécia e disse que, se as contas brasileiras não forem colocadas em ordem agora, o Brasil "pode ser forçado" a tomar medidas mais duras no futuro.

Oposição Feroz

Em evento hoje (18), do PMDB, o presidente Michel Temer, disse que enfrentou “oposições ferozes” ao longo de seu governo e que tem levado à frente uma agenda de reformas para fazer uma “revolução” na política administrativa e economia do país.

“Estamos falando de um governo que tem pouco mais de um ano e meio com todas as oposições, digamos assim, ferozes, que foram realizadas ao longo desse período. A primeira delas, me recordo, foi dizer que teve um golpe”. E completou: “Se nos Estados Unidos se dissesse que quando o vice assume a Presidência face a um eventual impedimento do presidente, isto é um golpe, qualquer americano ficaria corado. Mas aqui não, havia uma certa desfaçatez”.

Temer voltou a defendeu a reforma da Previdência, que teve a votação adiada para 2018, e disse que já está na agenda do governo a simplificação tributária.

O presidente citou as próximas eleições, em outubro de 2018, e disse que quem for candidato à Presidência da República e se propuser a fazer um governo de reformas, terá marcado na sua campanha a tese do PMDB.

O presidente citou o documento Ponte para o Futuro, construído pelo partido, apresentado após as últimas eleições, e disse que ao chegar o poder, o PMDB implementou as mudanças propostas. “Foi a primeira vez que o PMDB chegou ao poder com um programa determinado. Claro que não se esperava chegar ao poder, foi uma questão político-institucional que trouxe o PMDB à Presidência da República. Pela primeira vez você leva um programa de governo que está sendo seguido à risca”, disse.

O ministro da Secretaria-geral da Presidência, Moreira Franco, abriu o evento do PMDB e defendeu que o legado do governo do presidente Temer seja mantido para completar o ciclo de desenvolvimento o país. “As medidas tomadas são aquela que estão nos levando e nos levarão inevitavelmente ao século 21, garantindo direitos, liberdades e sobretudo emprego e renda”, disse.

“Precisamos mobilizar todo esse capital que temos para garantir que as conquistas que obtivemos agora, e que vamos obter ao longo deste ano, possam se projetar no futuro, completando o ciclo de transformação econômica, social e política que nosso partido iniciou há mais de 50 anos”, disse Moreira.

A exemplo do presidente Temer, o ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha, voltou a defender a reforma previdenciária. “Nós superamos a crise e estamos dando condições de crescimento e de geração de emprego. Mas temos ainda um grande desafio, a reforma da Previdência”, disse.

“Sobre isso, vou apresentar alguns números. O déficit da Previdência no ano passado foi de R$ 227 bilhões. Já o déficit projetado para esse ano é de R$ 270 bilhões. Com isso teremos R$ 43 bilhões a mais apenas na variação 2016-2017”, explicou.

Em sua fala, o presidente do PMDB, senador Romero Jucá (RR), disse que, entre as deliberações a serem feitas na convenção do partido está a de alterar o nome do partido para MDB, desfazendo algo que, segundo ele, foi feito a partir de determinações da ditadura militar. Segundo Jucá, a mudança de nome é também motivada pelo fato de, atualmente, os partidos políticos estarem estigmatizados e pela dinâmica que é associada à palavra movimento.

“Amanhã (19), na convenção, vamos tomar duas decisões. A primeira é a de trazer de volta o nome MDB”, disse o presidente da legenda. “[Essa mudança tinha sido feita] porque o governo militar quis descaracterizar os partidos. Foi aí que viramos PMDB”, lembrou Jucá.

“Mas, no momento atual, onde existe ação estigmatizada de partidos políticos, discutimos com os estados e viu-se a concordância de voltarmos para [o nome] MDB, porque movimento é uma palavra dinâmica. Voltando à palavra movimento, venderemos uma imagem de força política maior ainda”, defendeu o presidente do PMDB.