Reino Unido diz ser 'muito provável' que Rússia tenha envenenado ex-espião

Premiê disse que a "tentativa de homicídio" dos Kripals foi "um ato irresponsável e desprezível"

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  • Da Redação

Publicado em 12 de março de 2018 às 15:26

- Atualizado há um ano

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A primeira-ministra do Reino Unido, Theresa May, afirmou há pouco que o seu governo concluiu ser "muito provável" que a Rússia seja responsável pelo envenenamento do agente duplo russo a serviço da inteligência britânica Sergei Skripal e de sua filha Yulia. Em 4 de março, ambos foram encontrados inconscientes perto de um shopping na cidade de Salisbury, no Sudoeste da Inglaterra - dias depois, constatou-se que haviam sido intoxicados com um agente nervoso.

Em discurso a parlamentares da Câmara dos Comuns, a premiê britânica disse que a "tentativa de homicídio" dos Kripals foi "um ato irresponsável e desprezível" não apenas contra os dois russos mas, também, contra o Reino Unido.

May anunciou ainda que o embaixador russo no Reino Unido foi convocado para dar explicações sobre o envenenamento e terá até o fim do dia de amanhã, 13 de março, para entregar a resposta oficial do governo de seu país. Se as explicações não forem "críveis", avisou a primeira-ministra, o governo britânico considerará que este é um caso de "uso ilegal de força" pelo Estado da Rússia.

Vida cheia de tragédias O ex-espião já tinha perdido a esposa, que morreu de câncer em 2012, e o filho mais velho, de 43 anos, que morreu com um problema no fígado em julho do ano passado. Nascido em 1951 em Kaliningrad, Skripal fazia parte da tropa aérea de elite da Rússia, a Desantniki. Ele lutou no Afeganistão em 1979. Depois, começou sua vida como oficial da inteligência soviética. 

A suspeita é que na década de 1990 ele acabou se aliando à inteligência britânica, passando a atuar como agente duplo. Isso culminou com o espião revelando a identidade de vários agentes russos que agiam na Europa. Ele deixou a inteligência russa no começo dos anos 2000. Ele então morava na Rússia com a esposa e os dois filhos, nascidos em 1974 e 1984.

Em 2004, o ex-espião foi preso acusado de trair o país com suas colaborações com o Reino Unido. Foi condenado rapidamente a 13 anos de prisão e enviado a um campo de trabalho forçado em Mordovia, de onde saiu em 2010, depois de ser liberado em uma troca de espiões entre Rússia e Reino Unido. 

Skripal resolveu então se mudar com a esposa para Salisbury, na Inglaterra. Lá, aparentemente se dedicou a uma vida simples, sem contato com o mundo da espionagem. Visitava museus, assistia documentários e lia muito. Em 2011, a esposa do ex-espião recebeu diagnóstico de câncer e morreu da doença em outubro do ano seguinte. Em julho de 2017, seu filho mais velho morreu em São Petersburgo após sofrer uma falência repentina do fígado.

A filha mais nova, Yulia, vivia em Moscou, mas tinha contato frequente com o pai. Ela estava na Inglaterra na semana do atentado para visitá-lo. Poucos dias depois, os dois foram atacados com o agente químico no restaurante.