Rejeitos e Ruídos

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  • Cesar Romero

Publicado em 23 de abril de 2018 às 07:44

- Atualizado há um ano

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Overlook é a exposição de Andrea May na Acbeu – Corredor da Vitória - até o dia 19 de maio. A curadoria é de Raoni Gondim, artista-pesquisador em linguagens visuais contemporâneas. Overlook, que em português, significa “olhar por cima” revela a pesquisa da artista para o aprofundamento do tema Ruídos no Percurso: Uma Tradução Intersemiótica em Processos Artísticos na Estética do Ruído. 

O ruído serve de inspiração para uma grande instalação embasada no “conceito refuse” – reutilização de descartados – a partir da coleta e tratamento de diversos materiais, reorganizados por questões estéticas, quando se leva em consideração o consumo ideológico.

O trabalho parte do fluxo e refluxo dos resíduos pegos por acaso, das práticas acumulativas, também outros paradigmas, tais como a efemeridade das coisas. A brasileira-espanhola Andrea May é uma artista multimídia, curadora independente e ativista cultural, que vem desenvolvendo conceitos de múltiplas expressões e conexões, na sua maioria fundamentada na colaboração coletiva e na investigação dos processos criativos da arte.   Graduou-se em 1988, no curso de Artes Plásticas, pela Universidade Federal da Bahia, seguindo para a Alemanha onde estudou como bolsista multiplicador do Goethe-Institut.

Em resumo, Overlook é uma instalação mutante, a partir de resíduos industriais, compondo um grande jardim de rejeitos, que sugerem florais e corre pelas paredes do espaço expositivo. Na raiz da mostra, está o efêmero, o acúmulo e transmutações. Na arte contemporânea, uma das correntes mais instigantes é a aceitação do efêmero e do transitório, num conceito que “nada é permanente”, mesmo quando se retira o espaço do tempo.

Ainda “nada se perde, tudo se transforma”, subvertendo a ordem dominante, valendo-se das ideias de materialidade e transitoriedade. A fragilidade da matéria, a percepção da impermanência, abre espaço para infinitas leituras. Cada expectador forma seu ideário a partir de lembranças e do seu sistema de pensamento.

Sobre o acúmulo Andrea May, aborda um traço da sociedade moderna, com a tendência acumulativa. Independente de classes sociais. Diferente do colecionismo proposital, cuja finalidade é clara e tem um sentido lógico, como bibliotecas, pinacotecas, cinematecas, discos, etc.

Se fala acúmulo sem propósito, algo que se apodera do sujeito, subjugado a imperativos transtornos obsessivos – compulsivos, carências ou passa tempo. Nas transmutações a artista faz alquimias, nas conversões de objetos, fiapos de coisas, lixo, descartes, tudo se torna núcleos instáveis. Uma exposição instigante e plural.