Relato: Funcionário de cemitério conta como lida com o preconceito

"Quando comento com os meus amigos ainda fica aquele receio", revela Roberval Berlink

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  • Maryanna Nascimento

Publicado em 30 de outubro de 2017 às 06:05

- Atualizado há um ano

. Crédito: Arquivo CORREIO

Roberval Berlink, auxiiliar de serviços diversos no Cemitério Campo Santo Tenho 37 anos e trabalho há seis no cemitério Campo Santo.

"Sou o ‘Severino’, o faz tudo: desde limpeza até manutenção. O que precisar, estou sempre à disposição para ajudar. A história de trabalhar nesse ambiente de cemitério começa com o meu avô, que fazia o mesmo. A minha família foi seguindo o mesmo caminho. Meus pais, tios. Eu comecei como segurança. Meu pai se aposentou, abriu uma vaga e eu assumi o lugar dele. Praticamente nascido no Alto das Pombas, eu sempre vinha ao cemitério ver o meu avô e meu pai, sempre foi comum pra mim. Então, como foi a primeira porta de emprego que abriu, me joguei. Quando comento com os meus amigos ainda fica aquele receio. Digo, ‘Vá lá me encontrar’ e eles respondem ‘Cê é doido, agora não. Ainda tô muito jovem’. (risos) Sempre tem aquele medo porque para eles não faz parte do dia a dia, é uma coisa do outro mundo. Essa profissão nem todo mundo quer encarar, porque é em cemitério e para muitos essa é uma palavra pesada. Realmente, às vezes a gente adere àquela dor dos familiares, mas precisamos sempre ser maleáveis e ter atenção e paciência."