Relato: Tapeceiro de autos fala da importância da profissão ser regularizada

Profissão foi reconhecida pela Comissão Brasileira de Ocupações do Ministério do Trabalho

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  • Jordan Bezerra

Publicado em 24 de julho de 2017 às 05:00

- Atualizado há um ano

Antônio José de Abreu, tapeceiro de autos há mais de 30 anos:

Comecei a trabalhar como tapeceiro de autos em 1978. Aprendi tudo com o meu pai, que foi um dos tapeceiros mais conhecidos e elogiados de São Paulo. Na época, não tinha curso, não tinha nada que nos desse um certificado, que testasse nossa capacidade de fabricar e reformar o estofamento interno de carros. Tudo era passado de geração em geração. E a gente ia ganhando dinheiro como podia. Apesar das novas tecnologias que surgiram, com ferramentas de cortes mais precisas, ainda é um ofício que necessita muito da mão de obra humana porque se trata de um trabalho artesanal e que precisa o tempo inteiro de várias adaptações. Eu tinha receio de que essa profissão morresse, porque, se não tinha formação, era difícil que muitas pessoas se interessassem e tentassem se profissionalizar nisso. Sempre tive medo de não conseguir passar as técnicas para outras pessoas. Até tivemos algumas tentativas, com formações de clubes para ensinar aos jovens, mas quase nenhum tinha interesse nesse segmento, consideravam chato e trabalhoso. Com a regulamentação, muita coisa mudou, surgiram alguns cursos. No Senai, já teve durante um tempo. E percebi que mais pessoas passaram a ficar sabendo que essa profissão existia e a procurar pelo serviço e também pelo trabalho. Acho que fez toda diferença, principalmente pra mim, que já tenho 57 anos, vai me ajudar na hora que eu for me aposentar. Me sinto mais valorizado e enxergado pelas autoridades do país.

Leia Mais: Brasil tem 35 novas profissões oficializadasAntônio José de Abreu, tapeceiro de autos há mais de 30 anos (Foto: Acervo Pessoal)