Representante comercial morre após ser baleado em parada LGBTQ

Evento ocorria no Caminho de Areia; amigo também foi baleado

  • Foto do(a) author(a) Nilson Marinho
  • Nilson Marinho

Publicado em 1 de outubro de 2018 às 13:38

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Nilson Marinho/CORREIO

O representante comercial Jerry Adriani dos Santos, 51 anos, foi baleado no final da tarde desse domingo (30) durante a realização da Parada LGBTQ da Cidade Baixa. A vítima assistia ao evento na companhia da esposa e de um amigo quando foi baleada após um assalto. O amigo também ficou ferido. 

De acordo com informações do boletim de ocorrência do Posto da Polícia Civil do Hospital Geral do Estado (HGE), dois homens deram entrada na unidade de saúde por volta das 17h depois de terem sido baleados na Avenida Caminho de Areia, nas proximidades da Lanchonete Joia.

O representante comercial chegou ao HGE, socorrido por moradores, em um veículo de passeio escoltado por uma viatura da Polícia Militar. Na unidade, ele foi identificado apenas como "um homem de aparentemente 35 anos com ferimentos na região do abdômen". 

Minutos depois, deu entrada no HGE o amigo de Jerry, Ronaldo da Silva Coutinho, 50, também atingido no abdômen. Enquanto era socorrido pela polícia, a vítima disse que estava na companhia de Jerry, caminhando em direção à parada, quando três homens armados os abordaram nas proximidades da Lanchonete Joia.

Os criminosos anunciaram o assalto, levando apenas seu documento de identificação. Um deles, no entanto, antes de fugir do local, atirou contra os dois. Não há informações sobre o estado de saúde de Ronaldo.

Segundo a Polícia Civil, os dois foram abordados por três homens, ainda não identificados, que levaram "alguns pertences dos homens" e depois efetuaram os disparos. O crime será investigado pela 3ª Delegacia de Homicídios (DH/BTS).

Bairro Jerry morava na Rua Nações Unidas, na Vila Rui Barbosa, a cerca de 500 metros do local onde foi morto. No bairro, ele era conhecido por ser um homem reservado e tranquilo, além de ter poucos amigos. Uma vizinha da vítima, que preferiu não se identificar, conta que o via com pouca frequência caminhando pelas ruas do bairro.

"Ele era de casa para o trabalho, por isso, mesmo sendo vizinho, eu não tinha contato. Eu sempre o via saindo em um carro plotado com a logomarca de uma empresa de energéticos. Também já vi algumas vezes na companhia de uma criança pequena, acredito que seja o filho", conta o vizinho. 

Uma outra vizinha, que também não quis se identificar, diz que Jerry estava na companhia da esposa e do amigo depois dos dois insistirem para ele sair de casa. Ela conta que, no final da tarde, escutou o barulho de cerca de seis tiros.

"Da minha casa consegui escutar o barulho, foram muitos tiros durante a parada. Primeiro escutei seis, horas depois mais três tiros. Todos falam que ele era um homem do bem. Estava morando há pouco tempo no bairro", comenta. 

A filha do representante comercial estava na manhã desta segunda-feira (1°) no Instituto Médico Legal Nina Rodrigues (IMLNR) para fazer a liberação do corpo do pai. Ela preferiu não conceder entrevista, se limitando apenas a dizer que não entendia o que teria acontecido com ele. 

Lanchonete Segundo a representante da Lanchonete Joia, um dos poucos estabelecimentos que estava aberto durante a realização do evento, o crime aconteceu nas proximidades, mas no meio da via. Ela recebeu, por volta das 17h, a ligação dos funcionários avisando que havia acabado de acontecer um crime no local."Eles estavam bem assustados e me ligaram para saber o que iríamos fazer. Decidimos então abaixar as portas da lanchonete por alguns minutos. Ainda não tive mais informações de como aconteceu", conta a representante. As duas câmeras de segurança do comércio não conseguiram, de acordo com a representante, filmar o crime. Os aparelhos captam apenas a entrada do comércio e parte da calçada.

Outro crime  Duas horas depois, por volta das 19h, um jovem de 19 anos também foi baleado na mesma avenida, durante a festa. Ele também foi socorrido e encaminhado para o HGE.

A vítima foi identificada como Ian Gabriel do Santos. Para a polícia, ele disse que estava na Parada LGBTQ quando percebeu que tinha sido baleado na perna direita. Não há informações sobre o seu estado de saúde.

*Com supervisão da chefe de reportagem Perla Ribeiro.