Reserve um tempinho para celebrar o absurdo extremo

Estrelado por Michelle Yeoh, o bom Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo explora o multiverso em comédia muito louca

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  • Doris Miranda

Publicado em 23 de junho de 2022 às 12:30

- Atualizado há um ano

. Crédito: divulgação

Tem uma hora que a gente não acredita no que está vendo, tamanha loucura da história contada na comédia Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo.  Até porque os diretores Daniel Kwan e Daniel Scheinert, dupla que prefere ser apresentada como Os Daniels, não têm nenhum pudor do absurdo extremo para experimentar as infinitas possibilidades do multiverso num roteiro tão mirabolante quanto criativo.

O filme, que vem sendo apontado pela crítica como um dos melhores de 2022, mistura humor nonsense, artes marciais, efeitos especiais e conceitos da física para apresentar a trajetória de Evelyn Wang (Michelle Yeoh, maravilhosa). Imigrante chinesa, ela é a dona de uma lavanderia que vive o cansaço de um casamento falido. Além disso, entre a busca pela aprovação do pai e a relação problemática com a filha lésbica, ela questiona mesmo as próprias escolhas. 

Quando tudo parece sem jeito, Evelyn descobre que existe em infinitas dimensões e que pode viajar entre elas, absorvendo as habilidades de seus ‘pares’ – o público da Marvel sabe bem do que se trata, mas a embalagem aqui é outra. Como se fosse pouco, há ainda um complô interdimensional, liderado por uma agenda da Receita Federal (Jamie Lee Curtis, nitidamente curtindo o papel), para matá-la.

Já vimos Michelle Yeoh em diversas sequências de luta marcial (de O Tigre e o Dragão a Chang Chi e a Lenda dos 10 Anéis), mas Jamie Lee...  Pois, as duas arrasam juntas. Some aí a performance muito competente de Ke Huy Quan (ator mirim de Indiana Jones e o Templo da Perdição e Os Goonies), que interpreta o marido de Evelyn em várias realidades e dá um contorno diferente ao personagem em cada uma delas.

Yeoh é uma grande atriz e por isso consegue reverberar todas as nuances de sua personagem, uma mulher massacrada pela falta de perspectiva que, de repente, se vê numa aventura a la Matrix que circula no mesmo quadrante sem se tornar repetitiva. Muito pelo contrário, as loucuras do roteiro deixam a gente ‘de cara’ mas fazem todo sentido e conduzem a narrativa para além da pirotecnia. No final das contas, Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo aborda questões familiares e os nós cegos que damos nessas relações.

Veja o trailer de Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo: