‘Reze pelo Líbano’: A tragédia em Beirute e a solidariedade seletiva das redes

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  • Andreia Santana

Publicado em 8 de agosto de 2020 às 06:00

- Atualizado há um ano

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O porto de Beirute, no Líbano, foi atingido por uma explosão de dimensões catastróficas na terça-feira, 04. O saldo, até a sexta-feira, 07, era de mais de 150 mortos e os feridos ultrapassavam a casa dos cinco mil. Segundo informações da TV Al Jazeera, na sexta ainda havia dezenas de pessoas desaparecidas. As explosões, que segundo as autoridades libanesas ocorreram após um incêndio em um depósito que armazenava toneladas de nitrato de amônio, deixaram, ainda, quase 300 mil desabrigados na capital do país.

Enquanto as causas da explosão eram investigadas, os mortos enterrados e os feridos acudidos, em todo o mundo, diversos países prestaram homenagens aos mortos e se solidarizaram com os feridos e familiares das vítimas ao longo da semana. Em Tel Aviv, capital de Israel, o prédio da prefeitura se iluminou com as cores e a insígnia da bandeira libanesa. Israel e o Líbano, vale lembrar, vivem tensas relações diplomáticas por conta do grupo muçulmano xiita Hezbollah. 

Em Paris, na França, a Torre Eiffel apagou todas as suas luzes em sinal de luto. O presidente francês, Emmanuel Macron, visitou Beirute. A comunidade libanesa na capital francesa se reuniu em vigília pelos mortos. No Vaticano, o Papa Francisco pediu aos católicos que rezassem pelas vítimas, independente de parte dos libaneses professarem outra fé.

Na capital iraniana, Teerã, a Torre da Liberdade foi iluminada com a cores da bandeira libanesa e com as hashtags #PrayersForBeiruth (orações por Beirute) e #PrayForLebanon (reze pelo Líbano). Explosão destruiu diversos bairros de Beirute (Foto: SRT/AFP) As duas hastags foram usadas no Instagram e no Twitter mundo afora. Mas, no ambiente muitas vezes incivilizado das redes sociais, houve quem relativizasse a tragédia e até tentasse estabelecer ranking no melhor estilo ‘olimpíada da tragédia’.

Comparar as mortes no Líbano com aquelas provocadas pela pandemia de covid-19 ou mesmo com aquelas provocadas pela violência urbana no Brasil é falta de solidariedade e de educação. Luto, independente de quem esteja sentindo, é para se respeitar e não para tripudiar.

Na maior parte das vezes, essas mesmas dezenas de pessoas que desdenharam os mortos e feridos no Líbano também reclamam da comoção em torno das vítimas da pandemia e tampouco se incomodam, de verdade, com as vidas ceifadas anualmente pelas muitas violências que andam à solta no planeta.

A necessidade desses insensatos da relativização da dor alheia de ‘serem do contra’ na internet é só um comportamento imaturo misturado com a incapacidade de sentir empatia por qualquer tragédia, aconteça ela no Líbano, em Moçambique ou na esquina de casa.

Outros destaques da semana: Poste de alta tensão caiu sobre o carro e motorista foi retirado das ferragens pelos bombeiros (Foto: Arisson Marinho/CORREIO) Poste cai sobre carro na Estrada de Pirajá

Um carro colidiu com um poste na Estrada de Pirajá, na terça-feira, 04, e o equipamento com fios de alta tensão acabou caindo sobre o veículo, que era conduzido por um funcionário da oficina Nilmaster. O condutor ficou preso às ferragens e teve de aguardar o resgate do Corpo de Bombeiros que, por sua vez, precisou esperar a Coelba desligar a energia do local do acidente. Segundo a concessionária, 13 imóveis do entorno ficaram sem luz durante a operação. Foto de: Arisson Marinho/Arq. CORREIO  Evento no Japão lembrou vítimas da bomba atômica em Hiroshima (Foto: Philip Fong/AFP) Hiroshima inesquecível

O Japão lembrou na quinta-feira, 06, os 75 anos do ataque dos Estados Unicos a Hiroshima com o lançamento da bomba atômica sobre a população civil da cidade, no final da II Guerra Mundial. As homenagens aos mortos foram modestas por conta da pandemia, mas sobreviventes à bomba e descendentes das vítimas participaram da cerimônia conduzida pelo primeiro-ministro japonês Shinzo Abe. O prefeito de Salvador, ACM Neto, entregou o CRT na quarta-feira (Foto: Valter Pontes/Secom PMS) Pacote para o turismo

A prefeitura de Salvador anunciou na quarta-feira, 05, um  plano de retomada para o turismo na cidade, com um investimento de R$ 20 milhões. No mesmo dia, foi inaugurado no Hub Salvador, no Comércio, o Centro de Recuperação do Turismo (CRT), que vai oferecer suporte aos empresários e profissionais do setor. Estão previstos diversos cursos de capacitação, em parceria com o Senai e Sebrae. Cláudia Raia tem 53 anos e muitos projetos novos (Foto: Divulgação) Frase:"Quando você chega nos 45 te jogam num buraco negro. Te falam ‘chega, acabou, acabou sua carreira, você não procria mais, seus filhos tão crescidos, chega, pra você já deu’. Eu estou no momento mais fértil da minha vida, mais criativo da minha vida, como é que acabou pra mim? Eu estou começando meu segundo ato", Cláudia RaiaEm entrevista ao programa ‘Cada Um no Seu Banheiro’, da apresentadora Sabrina Sato, a atriz e bailarina de 53 anos falou sobre seus relacionamentos afetivos, a carreira, a chegada da maturidade e o preconceito da sociedade com idade, principalmente em relação às mulheres mais velhas. Disse ainda que gostaria de ser mãe de novo. Jorge Portugal era poeta, compositor e professor querido pelos alunos (Foto: Arisson Marinho/CORREIO) Ex-alunos lembram o mestre Jorge Portugal

O professor e poeta Jorge Portugal morreu, aos 63 anos, na segunda-feira, 03, em Salvador,  de problemas cardíacos, após passar por hospitalização de emergência. Nas redes sociais do CORREIO, ex-alunos e seus pais lembraram dele com carinho: “Descanse em paz professor! Deus console o coração de todos que o amavam! É ainda um consolo saber que seus ensinamentos ficarão, através dos seus discípulos!” (Fatima Schmitt)“Descanse em paz professor. Um grande mito baiano que jamais será esquecido” (Sandra Santos)“Jeito único e descontraído de ensinar. Tornava tudo mais fácil” (Eveline Miranda)“Veio ao mundo, fez a parte dele e partiu, deixando boas lembranças. Isso é que é importante. Descanse em paz!” (Daniel Pit)“Que tristeza, vá em paz. Eu tive o privilégio de minha filha ter estudado com essa pessoa que sempre acreditou na educação e na cultura, ele foi um mestre inesquecível” (Luzia Afonso)“Meus sentimentos a toda família. Grande perda e para todos que o conheciam o que fica são lembranças, recordações e saudades. Que Deus te carregue nos braços grande mestre”, (Zélia Almeida)

*Depoimentos coletados na fanpage do CORREIO no Facebook. Jaime Sodré escreveu diversos livros sobre cultura afro e candomblé (Foto: Antônio Queiroz/Arquivo CORREIO) Leitores também homenageiam Jaime Sodré

O professor e pesquisador da cultura afro-baiana Jaime Sodré, uma das figuras mais importantes nos estudos de religiões de matriz africana, morreu na quinta-feira, 06, de infarto. Intelectual respeitado e admirado, ele recebeu homenagens dos leitores do CORREIO:“Lamentável, nossas mentes extraordinárias estão indo embora!” (José Sebastião)“A educação, a poesia e a cultura baiana perdem, com a morte do professor Jaime Sodré! Forças para a família” (Weimar Guimarães)“Nossa, estamos ficando pobres de educadores extraordinários”(Neide Oliveira)“Foi meu professor do ilê, muito bom, que Jesus te acolha nessa partida. Que triste”(Márcia Souza)“Muita tristeza. Uma grande personalidade, um grande ser humano. Perdemos todos com a sua ausência”(Carlos Willow)“Aff, que ano pesado! Que Oyá o conduza aos braços de Olorum” (Walter Cerqueira)“Nossa! Cada dia um pedaço da cultura indo embora! Tristeza” (Suzana Gama)“Nossa, quanta gente boa nos deixando”  (@isabelda)

*Depoimentos coletados na fanpage do  Facebook e no perfil do Instagram.