Ricardo David é ruim, mas nada justifica impeachment no Vitória

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Publicado em 24 de novembro de 2018 às 05:00

- Atualizado há um ano

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De antemão, reconheço que não me dei ao trabalho de abrir texto por texto, logo, existe na afirmação a seguir alguma margem de erro, o que não invalida que seja feita: desde que Ricardo David assumiu a presidência do Vitória, todas as colunas em que sua gestão e/ou ele foram citados tiveram o objetivo de criticá-lo.

Este cenário se desenhou graças a um motivo muito simples: nada (ou quase nada) do que foi realizado pela equipe do mandatário rubro-negro merece qualquer tipo de elogio. Ainda assim, deixo logo explícito que não defendo essa história de impeachment que começa a ser ensaiada nos bastidores do clube.

Se David não for embora por vontade própria, que se respeite a maturação do sistema democrático implantado no Vitória depois de anos de luta da sua torcida. Democracia não se ergue e se consolida de um dia pro outro, mas o inverso é verdadeiro: num lapso, ela pode desmoronar.

Ricardo David é certamente um dos piores presidentes que já passaram pela Toca do Leão (alguém dirá que é o pior), mas, sem ilícito, deve cumprir seu mandato até o último dia, esteja o clube na situação em que estiver. Não há indicativo de que estará bem, mas vale lembrar que rebaixamentos e vexames não são exclusividade de presidentes eleitos democraticamente, muito pelo contrário.

O ano de 2018 foi trágico para o Vitória em todos os sentidos: decisões equivocadas, elenco péssimo, planejamento (?) ridículo, dinheiro jogado fora, jogadores mandando e desmandando no clube, gestores de braços cruzados, comunicação pífia, marketing idem. Mas Ricardo David deve ficar no cargo.

Pelo que se vislumbra, 2019 tem tudo pra ser pior, a começar pela queda brutal de recursos da TV vinda com a segunda divisão que já bate na porta. Mas Ricardo David deve ficar no cargo e, democraticamente, passar o bastão para quem a torcida escolher no ano que vem, seja lá quem for.

Cair na conversa dos grupos que sempre mandaram no Vitória e estão doidos para voltar ao poder – sem o debate com a torcida – é apenas e exclusivamente isso aí mesmo: cair na conversa.  

Contando com Ricardo David, o Vitória teve nada menos que seis presidentes em quatro anos. Seis. A briga de foice nos bastidores jamais poderá servir para justificar a incompetência, mas a verdade é que a incompetência só deixará de ter morada fixa no Barradão quando o clube alcançar sua estabilidade institucional. E isso passa pela permanência de David.

Entre todas as características do presidente que se fazem notar, uma das mais marcantes é a tibieza. Em campanha, exibiu-se como um gestor tarimbado e cheio de ideias inovadoras. Empossado, revelou-se omisso e incapaz de tomar para si as rédeas de um clube que marcha desnorteado.

Acuado, Ricardo David faria um grande favor aos rubro-negros se tivesse coragem de abrir efetivamente o clube. Insiste em culpar os antecessores pelo seu fracasso? Que mostre as contas e os documentos. Além disso, com pouco dinheiro em 2019, que o presidente realmente valorize a divisão de base, promessa jamais cumprida.

Essas duas ações já dariam alguma dignidade à sua passagem pelo Vitória, já que esperar qualidade é um pouco demais. Ainda assim, Ricardo David deve ficar.

Victor Uchôa é jornalista e escreve aos sábados.