Rio Vermelho instrumental: jazz dá o tom no bairro da boemia

Contrabaixos, trombones, trompetes e guitarras deram o tom do 3° Festival de Jazz, realizado na noite deste sábado

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  • Luan Santos

Publicado em 4 de agosto de 2018 às 20:15

- Atualizado há um ano

. Crédito: Fotos: Arisson Marinho

A noite boêmia do Rio Vermelho foi invadida por sons de contrabaixos, trombones, trompetes e guitarras durante o 3° Festival de Jazz, realizado na noite deste sábado. O evento contou com a participação de atrações locais que se destacam no ritmo que imortalizou Louis Armstrong e Billie Hollyday, como Pirombeira e Saravá Jazz Bahia, além da banda paulista Bixiga 70.

A diversidade do público foi a principal marca do evento, que reuniu crianças, adultos e idosos no Largo da Mariquita, que ficou lotado para assistir às apresentações. Fãs do estilo, curiosos e ‘amantes da boa música’ foram ao local para acompanhar as atrações do festival, que ganhou uma pitada do swing baiano no ritmo criado pelos norte-americanos.

“Se disser que sou fã de jazz estou mentindo. Mas sou uma amante da boa música, e é o que estamos ouvindo aqui”, disse a estudante Jessica Andrade, 23. Músicos da Saravá Jazz Bahia foram os primeiros a se apresentar O casal Vitor Amorim, arquiteto de 26 anos, e Júlia Mendes, estudante de 21 anos, curtem o jazz de Salvador de maneira intensa. Eles contam que costumam participar com frequência do JAM no MAM e do Jazz na Avenida, realizado semanalmente na Boca do Rio. Esta é a primeira vez deles no festival, realizado pela Prefeitura de Salvador.

“O jazz tem essa característica da improvisação, do pluralidade de instrumentos, da harmonia entre eles. Acho que combina muito com Salvador”, diz Júlia. “Fora que tem essa questão do instrumental. Às vezes a gente acaba só prestando a atenção nas letras, mas com o instrumental conseguimos ouvir as composições, a harmonia entre os instrumentos”, complementa Vitor.

A aposentada Elisabeth Venceslau, 93 anos, foi ao festival levada pelo filho, o comerciante Kennedy Venceslau, 54. De cadeira de rodas, ela curtiu os dois primeiros shows e contou que virou fã do estilo por influência do filho roqueiro. “O jazz traz uma paz interior, ajuda a esquecer dos problemas, ainda que algumas músicas sejam mais agitadas", enfatiza ela.

“Sou roqueiro, mas curto muito jazz. Em casa, está sempre na minha playlist. Ela (a mãe) adora, curte muito”, afirma Kennedy. Elisabeth, de 93 anos, aprendeu a gostar de jazz com o filho Kennedy Fomento ao jazz A primeira atração da noite foi o grupo Saravá Jazz Bahia, que recentemente lançou seu primeiro álbum. Com canções instrumentais e autorais, a banda se apresentou pela primeira vez no festival e comemorou a participação no evento.

“A gente toca de janeiro a janeiro, mas em locais que não têm tanta visibilidade. Um evento como este, gratuito, é um incentivo para os grupos e fomenta a cena”, avalia o instrumentista e compositor Marcio Pereira, integrante do grupo.

Ele conta que o público do jazz, embora pequeno, costuma ser fiel. “Festivais como esse são uma forma de levar o som a todos e fazer com que os grupos cresçam. Inclusive, tem o incentivo econômico para já estar na cena e para novos grupos”, complementou o músico, que concebeu o grupo.

Em seguida, a atração foi a banda baiana Pirombeira, uma das indicadas  à 18ª edição do Grammy Latino na categoria Melhor Projeto Gráfico de Álbum no disco de mesmo nome do grupo. Foi exatamente este álbum o destaque da banda ao longo da apresentação, que contou com a participação intensa do público.

A terceira atração da noite foram os jovens de 15 a 25 anos do coletivo Rumpilezzinho, regido pelo maestro Letieres Leite. Nos intervalos das apresentações, o destaque ficou com a SSA - Som Soteropolitano Ambulante, que levava clássicos da world music para o meio do público e circulava pelo Largo da Mariquita. Por fim, a última atração, Bixiga 70, teve a participação da cantora Tulipa Ruiz, considerada a principal atração do festival.