Rômulo fala sobre o retorno do futebol na Coreia durante pandemia

Ex-Bahia, jogador cita os desafios que o país enfrenta para combater a covid-19

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  • Gabriel Rodrigues

Publicado em 16 de maio de 2020 às 07:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Acervo pessoal

Revelado nas divisões de base do Bahia, Rômulo estreou como jogador profissional no Brasileirão da Série A de 2014. O primeiro gol saiu no dia 7 de dezembro daquele ano, quando o tricolor perdeu por 3x2 do Coritiba e amargou o rebaixamento para a Série B. Apesar disso, ele teve boas atuações e fez parte do elenco campeão baiano de 2015. Entre altos e baixos, foi emprestado ao Bragantino e depois acabou sendo vendido para o futebol coreano em 2017. 

Foi na Coreia do Sul, por sinal, que o pernambucano se encontrou no mundo do futebol. Aos 24 anos, o meia está há quatro anos no Busan I Park, time que disputa a K-League 1, a primeira divisão do país que nos últimos dias chamou a atenção por ser a primeira liga a ser retomada durante a pandemia do novo coronavírus.

Em entrevista exclusiva ao CORREIO, Rômulo fala sobre a rotina durante a pandemia e como o país asiático agiu para conter a doença. Além disso, comenta também do retorno do futebol sob protocolos de segurança e dá dicas do que o Brasil pode aprender com os sul-coreanos no combate à covid-19. Confira o bate-papo:  

Como a Coreia do Sul encarou o surto de coronavírus e como está a sua rotina durante a pandemia? A Coreia do Sul realizou grandes campanhas para combater o vírus. Todo o seu sistema de saúde pareceu estar preparado para isso. Grandes volumes de testes, sistema de monitoramento online. A população conseguia monitorar onde os infectados passaram durante os últimos nove dias em todo o país. E assim, quem passou por esses lugares, era obrigado a procurar um posto de saúde para realizar o teste. Em todo momento recebemos alertas de emergência. Minha rotina sempre foi de casa para o clube, e quando preciso ir ao supermercado. Mas, com todos os cuidados e precauções.

Existe um temor de que os casos da doença voltem a subir. Como vocês estão lidando com isso? As coisas seguiam tranquilas até semana passada. Agora estamos bem, porém bastante cautelosos e atentos por causa dos últimos casos que surgiram lá em Seul (capital da Coreia do Sul; Rômulo mora na cidade de Busan), onde um rapaz passou em três boates diferentes e muitas pessoas que passaram por esses locais acabaram contraindo o vírus.

Mas a Coreia do Sul já liberou a circulação de pessoas e a retomada dos serviços? Comércio e serviços de rua seguem normalmente. As escolas continuam com aulas online, à distância. A previsão de retorno é para a primeira semana de junho.

Como o futebol se preparou para o retorno e como tem sido a rotina de treinamento nos clubes? Era um momento muito difícil para o país. Todos estavam muito preocupados, mas nunca paramos de treinar, pois não sabíamos quando o campeonato iria começar. Os treinamentos continuaram normais desde o início da pandemia. Tomando alguns cuidados como evitar se abraçar dentro do campo, se cumprimentar de mãos abertas e cada um tinha sua garrafa de água.

Nesse primeiro momento, o retorno do futebol acontece sem a presença dos torcedores no estádio. Como é jogar com a arquibancada vazia? Jogar sem o calor da torcida é diferente. É um sentimento que o futebol está incompleto, pois são eles que estão conosco em todos os momentos.

Como a liga da Coreia do Sul é uma das poucas que retomaram as atividades, houve uma busca muito grande pelos jogos. Você acha que isso vai fortalecer a competição? Na liga coreana existem grandes jogadores, e ela vem crescendo a cada ano. Como foi uma das únicas a retomar as atividades no mundo, acredito que o mundo todo estará olhando para o país nesse momento.

Em 2020 você completa a quarta temporada no futebol da Coreia do Sul. Como foi a sua adaptação? Hoje atuo mais como segundo volante, chegando de trás e ajudando na armação das jogadas. Também posso fazer o meia centralizado (posição de origem do jogador), mas nosso esquema de jogo não costuma ter essa posição específica.

Tem contrato com o Busan I Park até fevereiro de 2021. Pensa em um retorno ao Brasil ou prefere seguir na Coreia? Quando eu saí do Brasil tive uma evolução muito grande, tanto pessoal como profissionalmente. Aprendi muito e sigo em evolução. Estou muito bem e feliz na Coreia, pretendo ficar no exterior, mas nunca podemos descartar um retorno ao Brasil.

 ​E com o contrato perto do fim, imagino que você tenha que começar a pensar nisso. Mora sozinho ou com família?

Sigo tranquilo em relação a isso. Procuro pensar no dia a dia e fazer meu trabalho, sabendo que as coisas boas vão chegar naturalmente. Moro com minha esposa e com minha filha, de 1 ano e 5 meses.

Você tem acompanhado como o Brasil vem tratando o coronavírus? Acha que o país pode retomar o futebol ainda este ano? Têm sido tempos difíceis para o país. Tenho acompanhado e fico muito preocupado com as estatísticas. Mas o Brasil é um grande país e acredito que também irá vencer essa batalha contra o vírus. Acredito que o futebol possa ser retomado em breve, mas com todas as precauções e cuidados necessários.

O que nós brasileiros podemos aprender com a Coreia do Sul para atravessar essa crise da melhor maneira? Tudo isso passa pela população. Tomando seus cuidados necessários, suas precauções, ficando seguros, pensando no próximo e respeitando as regras de combate ao vírus. Isso foi o que aconteceu na Coreia.