Rotativo é a pior forma de financiamento pessoal, aponta economista Paulo Dantas

Membro do Conselho Regional de Economistas da Bahia, Paulo tirou dúvida dos leitores na página do CORREIO no Facebook

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  • Gabriel Rodrigues

Publicado em 3 de abril de 2017 às 06:32

- Atualizado há um ano

Membro do Conselho Regional de Economistas da Bahia (Corecon), o economista Paulo Dantas participou de uma entrevista, na redação do CORREIO, na última sexta-feira (31), transmitida ao vivo na página do Facebook do jornal. Ele falou sobre as novas regras do rotativo do cartão de crédito. Paulo Dantas respondeu dúvida dos leitores e falou sobre as  regras anunciadas pelo Banco Central. Confira:  O que é o rotativo do cartão de crédito, como funciona atualmente o pagamento?  Essa expressão ‘rotativo’  foi um termo que encontraram para designar o saldo remanescente que as pessoas deixam nos seus respectivos cartões de crédito. Se uma pessoa tem uma fatura com valor total de R$ 1 mil e paga o mínimo que o cartão de crédito permite, que é de 15%, os R$ 850 remanescentes representam o crédito rotativo. Essa é a pior forma de financiamento pessoal que os consumidores podem ter à disposição. É a mais cara. No Brasil chega-se a cobrar os juros sobre esse valor remanescente de mais de 450% ao ano. Eu costumo dizer que isso não tem nenhuma civilidade. Um país como o Brasil, que já atingiu um nível de desempenho econômico, não poderia permitir algo dessa natureza.O que muda no pagamento com as novas regras?  As administradoras, de forma geral, vão adotar possibilidades diversas para que as pessoas quitem o remanescente. É uma coisa nova, mas a expectativa é de que as administradoras vão adotar procedimentos flexíveis para a possibilitar a capacidade de pagamento. Isso é uma necessidade por conta do alto número de inadimplência das famílias brasileiras. O leitor Ricardo Henrique pergunta se as novas regras valem para qualquer valor, entre o mínimo e o total, ou apenas para quem paga o mínimo?   O entendimento é de que aquilo que você tem como remanescente, chamado de rotativo, estaria sujeito ao financiamento. Se o cliente pagou só 20% ou 30%, o remanescente também estaria dentro do financiamento (pelas novas regras). Mas é importante comparar o financiamento que você pode ter além do que o banco está te oferecendo. Você pode ter um financiamento mais barato na linha do que chamamos de (empréstimo) consignado.Já a Selma diz que deve  a um cartão de um banco que faliu e agora o valor está absurdo. Como ela pode sair dessa situação?  Quando você se dispõem a ir na casa do credor, chega com moral. É importante dizer que está disposto a pagar, mas negociando. Um exemplo é pedir a retirada de multas para que o valor fique menor.  Uma linha tentadora é o cheque especial, que tem taxas muito altas. Vale a pena usar o cheque especial para pagar o total do cartão de crédito?  Qualquer modalidade de financiamento que você encontra para quitar o que está sendo mais alto, em tese é melhor. Mas o melhor mesmo é procurar outras modalidades de financiamento que estão muito abaixo, como o empréstimo consignado, que tem um custo mais baixo, e que poderia ser ainda menor. É melhor usar o cartão de débito do que o de crédito? Pergunta  Marcello Fontes. Uma das orientações é chagar ao final do mês e quitar a parcela integralmente. Quando você usa o cartão de débito está pagando à vista ou entrando no cheque especial. É importante perguntar, no momento da compra, se tem alguma vantagem de desconto. O fundamental é se planejar, saber o quanto está gastando no cartão de crédito. Se você tem uma boa relação com a operadora, quando ela te cobrar a taxa de administração (anuidade), você tem  a possibilidade de não pagar. A operadora tem o interesse em manter o cliente e uma pressão sempre funciona.