Saiba quem foi Marighella, guerrilheiro baiano retratado em filme de Wagner Moura

Militante lutou contra a ditadura militar

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Publicado em 27 de outubro de 2021 às 12:53

- Atualizado há um ano

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O político, poeta e guerrilheiro Carlos Marighella (1911 - 1969) marcou a história brasileira ao se tornar um dos principais organizadores da luta armada contra a ditadura militar (1964 - 1985). Ele, que fundou a Ação Libertadora Nacional (ALN), tornou-se o "inimigo número 1” do regime e foi assassinado por agentes do Departamento de Ordem Política e Social (Dops) durante uma emboscada. Os últimos anos de sua vida serão contados no filme “Marighella”, primeiro trabalho como diretor de Wagner Moura.

A obra, que terá Seu Jorge, Adriana Esteves e Bruno Gagliasso como protagonistas, é alvo de tentativas de difamação desde sua primeira exibição em 2019. Além de atrasos causados pela Agência Nacional de Cinema (Ancine) e pela pandemia do coronavírus, recentemente recebeu milhares de avaliações negativas no Internet Movie Database (IMDb) antes mesmo de seu lançamento.

Em entrevista para o portal Uol, Moura comentou: “A repetição desse ataque desesperado ao filme é significativa do que tenho dito: ela diz mais sobre o estado das coisas no Brasil, do que sobre o filme que fizemos”.

“Gosto do fato de o filme incomodá-los ao ponto deles organizarem suas milícias digitais para dar notas baixas a uma produção que ainda não estreou. Mas, claro, sobretudo lamento termos que passar por isso”, explicou.

Quem foi Marighella? Carlos Marighella nasceu em Salvador e foi um dos sete filhos de uma família pobre. Seu pai era um imigrante italiano que trabalhava como metalúrgico e sua mãe era uma empregada doméstica. Os dois incentivaram a educação dele, ao influenciar que lesse vários livros.

Adepto às letras, escrevia poemas, mas nunca seguiu carreira. Tornou-se estudante de Engenharia Civil, mas abandonou o curso para se filiar ao Partido Comunista Brasileiro (PCB) em 1934, durante a Era Vargas.

No período de Getúlio Vargas, foi preso e torturado pela polícia durante um ano. Ao sair da prisão, entrou na clandestinidade e permaneceu dessa maneira por vários anos, enquanto era perseguido por agentes do governo. Entre 1939 e 1945, foi preso novamente até ser anistiado durante a redemocratização.

Continuou a atuar na política pelas duas décadas seguintes. Quando o Brasil enfrentou o golpe militar, foi baleado e preso pelo Departamento de Ordem Política e Social (Dops) até ser solto em decisão judicial.

Tornou-se um dos cofundadores da Ação Libertadora Nacional (ALN), organização de esquerda que defendia a luta armada contra o regime. O grupo ficou conhecido na época por assaltar bancos para financiar guerrilhas e sequestrar pessoas públicas em troca de militantes que estavam presos.

Uma das ações mais proeminentes foi quando a ALN se juntou ao Movimento Revolucionário Oito de Outubro (MR-8) para realizar o sequestro do embaixador estadunidense Charles Elbrick, em 1969. Com isso, as duas organizações liberaram 15 presos políticos, além de conquistarem espaço na mídia.

Com esses embates, Marighella foi considerado o “inimigo número 1” da ditadura militar. Agentes do Dops conseguiram a localização do guerrilheiro após torturar pessoas próximas. Ele foi assassinado no dia 4 de novembro de 1969, aos 57 anos, dentro de um carro.

Décadas depois, em 1996, o Ministério da Justiça reconheceu a responsabilidade do Estado na morte do político. Em 2012, a Comissão da Verdade concedeu a anistia de Carlos Marighella.

O Povo para a Rede Nordeste