Saída da Ford da Bahia gera maior tombo na indústria desde maio de 2020, diz IBGE

“Sem contar nos milhares de empregos diretos e indiretos que desapareceram", lembra especialista

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  • Daniel Aloísio

Publicado em 8 de abril de 2021 às 17:59

- Atualizado há um ano

. Crédito: Shutterstock

Os impactos do fechamento da fábrica da Ford na cidade de Camaçari. Região Metropolitana de Salvador (RMS), já começam a ser sentidos na economia baiana. Segundo dados da Pesquisa Industrial Mensal (PIM-PF) Regional do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a produção industrial do estado teve o seu pior desempenho desde maio de 2020.  

Trata-se da terceira queda seguida frente ao mês anterior. Se comparado a janeiro de 2021, a queda é de 5,8%. O resultado é bem abaixo da média nacional de -0,7%. Já comparado com a produção da indústria antes da pandemia de covid-19, o setor registrou queda de 17,6% entre março de 2020 e fevereiro de 2021. Em relação a fevereiro de 2020, a redução é de 20,9%.  

Para o gerente de estudos Técnicos da Federação das Indústrias do Estado da Bahia (Fieb), Ricardo Kawabe, o resultado já era esperado. “A Ford era a 5ª maior empresa da Bahia em termos de PIB industrial e ela não reduziu a sua produção, simplesmente parou. Nos números, é como se ela tivesse sumido de uma hora para outra e isso afeta o cálculo do agregado industrial. O setor automobilístico foi excluído da nossa matriz”, diz o especialista, que aposta em um ano de resultados negatívos na industria baiana por esse motivo.   “Sem contar nos milhares de empregos diretos e indiretos que desapareceram. São pessoas que deixaram de ter renda garantida, carteira assinada e plano de saúde. Isso traduz em menos consumo e impacto nas cidades, principalmente a de Camaçari. Reduz a demanda por serviços mais qualificados e a quantidade de impostos pagos para o governo”, explica.  Sobre isso, o vice-governador João Leão, que também é secretário de Desenvolvimento Econômico do Estado da Bahia (SDE), disse que a própria região de Camaçari tem condições de absorver os profissionais qualificados demitidos. “Principalmente em vista dos diversos projetos químicos/petroquímicos que estão sendo negociados pelo estado para implantação no Polo Industrial de Camaçari”, disse.  

A Superintendência De Estudos Econômicos E Sociais (SEI) também foi questionada sobre o assunto, mas não respondeu até o fechamento desse texto.  

* Com orientação da chefe de reportagem Perla Ribeiro.