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Espaço, que pertence ao grupo Saladearte, será apresentado hoje a convidados
Roberto Midlej
Publicado em 11 de julho de 2019 às 06:30
- Atualizado há um ano
Os cinéfilos de Salvador podem comemorar: depois de sete anos inativa, a Saladearte do MAM (Museu de Arte Moderna da Bahia) será reaberta hoje, junto com outros espaços que compõem o equipamento. Nesta noite, o evento é para convidados, mas no sábado o cinema passa a funcionar para todos.
A sala, segundo Marcelo Sá, sócio da Saladearte, vai oferecer as melhores condições para o desfrute da sétima arte: “São os mesmos 103 lugares, mas com tudo novo: cadeiras, projetor, iluminação, fiação... Nós sempre gostamos muito deste espaço, mas ele funcionava com certa precariedade porque não havia sido projetado para ser um cinema”, diz.
Com o novo espaço, são cinco cinemas do grupo Saladearte funcionando: além do MAM, há duas salas no shopping Paseo, uma na Ufba (Canela) e uma no Museu de Geológico, na Vitória. Em breve, o MAM terá sessões especiais, em que serão exibidos filmes ligados a determinados temas. Nas próximas semanas, o novo espaço vai abrigar eventos que já funcionam em outras unidades, como o Cinematografinho, dedicado às crianças; o Cine Geek e o Cine Papo, em que a exibição do filme é seguida de um debate. Ludmilla Cavalcante e Marcelo Sá, sócios do Saladearte Muitos frequentadores da Saladearte afirmam ter uma relação afetiva com o espaço, inaugurado há 19 anos, com uma sala no Bahiano de Tênis. A jornalista Enoe Lopes Pontes, 28, cinéfila, tem lembranças marcantes do Cinema do Museu, onde, aos 13, assistiu a Brilho Eterno de Uma Mente sem Lembranças, com Jim Carrey e Kate Winslet.
“Foi o filme que mais me marcou dos que vi ali, porque tem uma narrativa bem diferente da tradicional. Foi importante também porque tive meu primeiro contato com Michel Gondry”, diz, referindo-se ao diretor e roteirista que virou referência para muitos cinéfilos.
Para Enoe, ir a um cinema do circuito alternativo é uma experiência diferente de frequentar o circuito comercial: “Nos dois ambientes, há relaçãoes diferentes com o cinema. Nas salas de arte, a sessão tem outro clima, as pessoas buscam outras coisas”.
“Família”
Marcelo Sá confirma que uma grande parte dos frequentadores é de clientes fieis, o que favorece uma relação íntima, quase “familiar” com o ambiente. Tanto que é comum Marcelo sentar para tomar um cafezinho e bater um papo com frequentadores habituais.
O professor universitário Glauber Lacerda, 33, frequenta a Saladearte desde a adolescência, quando morava em Vitória da Conquista, mas vinha à capital. “Ia por causa dos filmes e também por causa do espaço. Fiz vestibular em Salvador, então vi alguns filmes da Ufba nas Salasdearte. Um deles foi Diários de Motocicleta [sobre Che Guevara]. O espaço é um lugar de encontro com os pares”, observa.
Glauber cita o crítico de cinema André Setaro (1951- 2014) para diferenciar o circuito de arte do comercial: “Setaro dizia que o cinema virou parte do ‘shoppear’ [referindo-se aos shoppings]: você não sai mais de casa para ver um filme, mas sai para ir ao shopping, aí passa na frente do cinema, compra uma pipoca e entra na sala. A pipoca e o barulho atrapalham o ritual que eu busco”.
Enoe até gosta da pipoca, mas nas salas de arte, onde esse salgado não entra, ela não sente falta: “Nas salas comerciais, sempre compro pipoca gigante, mas lá não sinto falta. Compro uma balinha ou às vezes um pão de queijo”.