Sala de exposição: como incorporar obras de arte a sua decoração

Para especialistas, uso da fotografia é uma boa pedida porque além de ser mais em conta está em alta no momento

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  • Kalven Figueiredo

Publicado em 29 de março de 2018 às 06:15

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Xico Diniz / Divulgação

Utilizar peças de arte na decoração é mais do que uma tendência, é um curinga que nunca sai de moda. Isso porque a curadoria dos itens considera todas as preferências, os traços de personalidade e as histórias da vida do proprietário. Os objetos expostos no ambiente são, portanto, um retrato de quem ali vive. Ao entrar na sala do advogado e colecionador de arte Ernesto Bitencourt, 49 anos, seus gostos e artistas favoritos são descobertos após uma rápida olhada nos 11 objetos ali expostos.  Parte da coleção exposta na sala do advogado Ernesto Bitencourt (Foto: Acervo pessoal) Ao lado do sofá, a escultura O Malabarista, do artista plástico Resendio José da Silva, representa para Ernesto “o humor, a coisa jocosa”, uma característica frequente nas peças do artista e que ele encara como um ensinamento para enfrentar as mudanças da vida com bom humor. Um pouco atrás está a escultura Forma Zoomórfica, de Cícero Alves dos Santos (o Véio), vencedor do Prêmio Itaú de melhor artista em 2017. A escultura é, para o colecionador, legado do artista, seu exemplo de perseverança. Ao longo da vida, Véio produzia e vendia suas obras sempre acreditando no seu trabalho. 

No fundo da sala, em um rack, está a escultura Três Torres, de Zé do Chalé, um artista que certamente está em seu coração.“Além da beleza plástica de todas as peças, Zé do Chalé nos traz um exemplo de vida de que nunca é tarde para começar. Iniciou com 89 anos e esculpiu até a morte, aos 105 anos. Isso me impressiona”, declara o advogado. Um dos ambientes criados pelo Arquiteto Wesley Lemos na Casacor Bahia 2017 (Foto: Lucas Silva / Divulgação) O responsável pela combinação das obras e das histórias na sala de Ernesto é o arquiteto Wesley Lemos. Ele é conhecido por juntar, de forma harmônica, arte erudita e popular.“O barro e a cerâmica são muito presentes na vida dos nordestinos, por isso, são tão presentes nos ambientes que produzo”, diz.Os anos de atuação em Salvador fizeram Wesley perceber que as fotografias são as queridinhas dos baianos, seguida de esculturas e pinturas. Antenados no mundo da decoração ou não, e mesmo com a concorrência com outros tipos de arte, a fotografia é o que está em alta no momento, de acordo com ele.   

 Custa mais caro?

Todos os especialistas consultados pelo CORREIO concordaram que decorar com obras de arte não sai mais caro. Uma das defensoras do uso de peças artísticas na decoração é a arquiteta Ana Paula Magalhães. “Quando se opta por uma decoração com objetos de arte, provavelmente, a pessoa tem um laço afetivo com a peça. E por ser um artefato que está em seu coração é algo que ela carregará consigo quando se mudar”, defende. Um dos ambientes criados pela arquiteta Ana Paula Magalhães no projeto citado. (Foto: Acervo Pessoal) Sua crença está presente em seus trabalhos. Ana Paula conta que foi contratada por um cliente que possuía muitas obras de arte acumuladas ao longo do tempo em que morou em vários países.“Cada peça tem uma história e eu fiz questão de manter as histórias vivas”, afirma.  A arquiteta Fernanda Gabriela Leal também confirma que não é preciso desembolsar muito dinheiro para ter um ambiente com a sua cara. Para ela, uma boa peça de artesanato ou uma tapeçaria, podem sim ser uma obra de arte, já que expressam a cultura local. “Arte é emoção e deve ser definida junto com o cliente. Seja aproveitando um quadro de família, um vaso de porcelana da avó ou um presente de casamento. Algo que tenha significado muito mais que valor”, afirma.  Corredor de obras de arte criado por Fernanda Gabriela Leal na Casacor Bahia 2017 (Foto: Xico Diniz / Divulgação) A fotografia não se destaca só pelo preço e preferência. Segundo Fernanda, as fotografias permitem mais versatilidade e podem ser aplicadas em todos os ambientes, incluindo lavabos sociais. Para escolher uma boa foto, a primeira dica da arquiteta é se emocionar com a imagem e pesquisar sobre o fotógrafo. Entrada do ambiente criado pela arquiteta. (Foto: Xico Diniz / Divulgação) A dica mais preciosa deixada pelos especialistas, contudo, é contar com ajuda profissional. Decoradores e arquitetos podem ajudar com informações mais técnicas, como a incidência de luz solar, o tipo de iluminação artificial utilizada, a necessidade de moldura ou de vidro de proteção, e a forma de fixação para manter a integridade do objeto e evitar possíveis acidentes.

Se o plano for fixar objetos em paredes de gesso, a atenção deve ser dobrada.  “É importante se certificar dos reforços para fixação. Em caso de dúvida, consultar galerias e contratar  pessoas especializadas para sua instalação”, aconselha Fernanda.