Salvador: a economia do entretenimento

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  • Armando Avena

Publicado em 8 de setembro de 2017 às 06:00

- Atualizado há um ano

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A cidade de Salvador tem o 8o maior PIB de serviços do Brasil e o maior do Nordeste. Não é de estranhar, afinal o setor serviços representa 78,2% da economia de Salvador e responde por mais de 85% da geração de emprego.  Uma parte expressiva do PIB de serviços em Salvador tem origem no turismo e no entretenimento, que estão intimamente interligados, e esses segmentos impulsionam outros como o comércio, transporte, restaurantes, etc. No mundo moderno, o turismo deixou de ser sinônimo de belas praias e patrimônio histórico, é tudo isso, mas é também e, principalmente, a capacidade de gerar shows, eventos, cultura e festa. Por isso é preciso aplaudir quando o setor público ou o setor privado investem na geração de eventos, que muitas vezes parecem só festa, mas que, na verdade, representam oportunidades de negócios e  geração de empregos.  Eventos como o Réveillon de Salvador, anunciado esta semana pela Prefeitura, o show de Paul MacCartney o Carnaval, o São João e muitos outros são exemplos de atividades com impacto expressivo nesta que podemos definir como sendo a economia do entretenimento. O Réveillon de Salvador, por exemplo, vai mobilizar mais de 2 milhões de pessoas, viabilizar uma taxa de ocupação hoteleira superior a 95%, impactar vários setores da economia, gerar emprego temporário e negócios informais, estabelecendo uma cadeia produtiva que por cinco dias mobilizará a economia da cidade. Vai se fazer em Salvador, o que se faz no Rio de Janeiro e causa espanto que essa festa que, além do impacto econômico, divulga a cidade no mundo inteiro não tenha sido desde sempre, e juntamente com o Carnaval, um dos carros chefes do turismo na Bahia. O show de Paul MacCartney, por outro lado, é um evento de grande porte que vai mobilizar 60 mil pessoas, trazendo turistas de todo o Nordeste já que a apresentação será única na região e vai gerar oportunidades de negócios e geração de empregos temporários. Aliás, a Arena Fonte Nova, que recentemente sediou a Campus Party, vem se constituindo um verdadeiro hub de eventos atraindo público e distribuindo turistas pela cidade, constituindo-se um polo no mercado de entretenimento. Foram apenas dois exemplos, mas mostram que a Bahia pode se tornar um player na área de esportes, shows nacionais e internacionais, cultura e eventos de todo tipo. Além do estímulo direto ao turismo, esse tipo de atividade resulta em uma grande promoção do destino Salvador, muito mais efetiva do que as famigeradas participações de funcionários públicos em feiras ao redor do mundo. Em poucas palavras: o setor serviços é uma janela de oportunidades da economia baiana e ela está escancarada para quem quiser investir no mercado de entretenimento.

Bahia e Vitória vão bem de grana                           O Vitória ganhou muito dinheiro em 2016. O crescimento da receita do clube foi o segundo maior do país e mais que dobrou em relação a 2015.  O Vitória registrou um faturamento de R$ 112 milhões de reais, um incremento de 114% em relação a 2015, e o 15o maior do país. E isso em ano de crise. De onde vem esse dinheiro todo? Do direito de transmissão de jogos, venda de atletas, patrocínio, bilheteria e do sócio torcedor. Para onde vai esse dinheiro todo? Aí só o próprio clube explicando. O Esporte Clube Bahia, por outro lado, obteve em 2016 um faturamento de R$ 70,9 milhões, um crescimento de quase 50% em relação a 2015, com os mesmos itens de receita e a mesma incógnita com relação as despesas. E fica uma dúvida: por que o Bahia, que tem uma torcida maior que a do Vitória e uma média de público muito maior, tem uma receita cerca de 35% menor?  Para se ter uma ideia do tamanho do faturamento dos clubes baianos, basta ver que se eles fossem empresas, estariam entre as 100 maiores da Bahia. E isso num ano de crise. Os números são de reportagem do jornal Valor Econômico e foram retirados dos balanços das empresas.

A Vinci e o Aeroporto Em sua palestra esta semana em Salvador, no Sheraton da Bahia Hotel, José Luís Menghini, CEO da Vinci Airports do Brasil, empresa francesa que vai administrar o Aeroporto Internacional de Salvador, deixou a plateia entusiasmada com o anúncio de que serão implantadas 8 novas pontes de embarque e que o terminal de passageiros será expandido em 15 mil m². E também com a informação de que, em no máximo 24 meses, as pendências básicas de funcionamento serão resolvidas. Menghini afirmou, no entanto, que a construção de uma segunda pista para o terminal não é prioritária já que o aeroporto só teria 30 mil pousos e decolagens por ano, e que esse número precisaria ser multiplicado por quatro para viabilizar a segunda pista. Os números do CEO da Vinci estão defasados. Só no 1o semestre de 2017, o número de pousos e decolagens no Aeroporto de Salvador chegou a 37 mil, segundo a Infraero, devendo fechar o ano em torno de 60 mil aeronaves. E vai crescer muito mais com a retomada do crescimento econômico.  Além disso, na maioria dos aeroportos do mundo, com cerca de 100 mil pousos e decolagens/ano já se investe em uma segunda pista. Ou seja, a construção da segunda pista do aeroporto de Salvador deverá ser construída muito antes do que estima o grupo francês.  

A Vinci e a Bahia Norte E por falar na Vinci, o grupo francês está em negociação para compor o bloco acionário da Invepar, que controla a concessionária Bahia Norte, responsável pelo Sistema BA-093, o mais importante corredor de circulação e distribuição de produtos e serviços da Bahia, interligando o Centro Industrial de Aratu (CIA), o Polo Industrial de Camaçari, o Terminal Portuário de Aratu e o Aeroporto Internacional de Salvador. Aproximadamente de 25% do controle da Invepar, que ainda estão em mãos da OAS, também está à venda.

PIB da Bahia vai crescer 1,5% O PIB – Produto Interno Bruto da Bahia cresceu 1,9% no segundo trimestre de 2017, em comparação com o primeiro trimestre do ano. A economia baiana saiu da recessão, pois registra dois trimestres consecutivos de crescimento. Comparando com o segundo trimestre de 2016, o crescimento foi maior, de 2,4%. Mais uma vez o setor agropecuário puxou o barco, crescendo 33,0%. A agropecuária há anos sustenta a economia baiana, embora tenha um dos menores orçamentos entre as secretarias estaduais. O setor Serviços, que representa quase 70% da economia baiana, cresceu 0,5%, com o subsetor de Comércio crescendo 1,2%, as atividades imobiliárias avançando 1,3% e o setor de transporte crescendo 1%. A atividade imobiliária avançou, pois a venda de imóveis voltou a crescer, mas as construtoras ainda estão reticentes a novos lançamentos, por isso, o PIB do setor caiu. E a indústria baiana cresce um mês e cai no outro, pois tem um problema estrutural e é muito dependente do mercado de commodities industriais. Apesar disso, o crescimento da economia baiana é sustentável e, se não é possível dizer “o campeão voltou” e esperar um “boom econômico” este ano, é possível dizer: o crescimento voltou e o PIB da Bahia vai crescer mais de 1,5% este ano. 

Provérbio para Joesley Qual o provérbio mais adequado para Joesley Batista, o poderoso dono da JBS? “O criminoso sempre volta ao local do crime?”, e ainda entrega a fita.  Ou “a esperteza quando é demais vira bicho e come o homem? “. O leitor escolhe.